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sexta-feira, abril 15, 2005

A paranóia dos exames

A suspensão dos exames do 9º ano é uma das medidas de urgência para inverter a lógica com que o governo das direitas foi desesperando o país.
Em primeiro lugar, os exames têm de ser suspensos porque não existem verdadeiramente condições para eles se realizarem. Mas além disso, a rejeição destes exames permite pensar a escola pública de uma outra forma.
A escola que existe sufoca-nos a vida e é injusta sob todos os pontos de vista. A imposição de exames nacionais, agora também no 9º ano, deve ser completamente rejeitada: é asfixiante quanto ao cumprimento dos programas, não permitindo adaptar as matérias aos interesses das turmas e aos ritmos de cada aluno; é injusta socialmente, porque avalia o produto, através de uma nota final, e não o processo de aprendizagem, o que quer dizer que aqueles que já partem com condições culturais e sociais mais favoráveis terão vantagem sobre os outros; reforça a componente selectiva da avaliação; não tem em conta os diferentes ritmos e tempos de aprendizagem de cada aluno nem as diferenças culturais.
A paranóia dos exames, de acordo com a qual parece ser mais importante avaliar do que aprender, do que descobrir e ter prazer em conhecer, é incompatível com a concepção duma verdadeira escola.
O que sabemos do novo Governo do PS não augura nada de bom. Apenas a continuidade tem sido anunciada.
A luta é por uma avaliação realmente contínua e formativa, por infra-estruturas decentes, contra medidas moralistas e repressivas impostas aos estudantes, contra um ensino transmissivo e uma educação para a passividade, pela educação sexual, contra o lóbi das editoras e o preço dos manuais, pela defesa intransigente da escola inclusiva, pela redução do número de alunos por turma, pela gestão democrática e participada, por uma escola sem tabus, por uma escola de igualdade.

1 comentário:

Anónimo disse...

“Mas além disso, a rejeição destes exames permite pensar a escola pública de uma outra forma.”

A escola não começou a ser pensada pelo governo socialista. A escola já anda a ser pensada há pelo menos 20 anos. Embora o longo labor intelectual, todos os estudos afundam Portugal nos últimos lugares em matéria de educação. E apontam aquilo que todos sabem: temos um sistema educacional pouco exigente