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sexta-feira, dezembro 30, 2005

2005, um ano para esquecer


O Ano de 2005 começou mal, mas também não acaba nada bem.
Paira sobre a cabeça dos portugueses a possibilidade duma viragem ainda mais à direita com a eleição de Cavaco para a presidência da república, somos confrontados com aumentos generalizados de todos os bens e serviços muito acima da actualização dos salários. A tão falada crise ameaça agudizar-se, provocando falências, desemprego, aumento de inflação e perca nos salários reais.
A crise financeira transformou-se em económica e ameaça evoluir para politica e social.

- Começamos mal com Santana Lopes, mas a maioria de Sócrates, apesar de algumas ténues reformas, deixou-nos pior do que estávamos. O tão falado “choque tecnológico” não passa de uma expressão vazia.
- O referendo do aborto foi outra bandeira deixada cair, deixando claro que não há nenhuma maioria de esquerda no Parlamento.
- O processo “Casa Pia” continua a arrastar-se, livrando poderosos e prometendo transformar vítimas em culpados.
- A “Justiça”, descredibilizada e pelas ruas da amargura entra em greve e põe em causa o regular funcionamento das instituições.
- No mês de Junho morrem Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade, três vultos da política e cultura respectivamente.
- Com o 1º ministro no Quénia, Portugal transforma-se numa imensa fogueira e a sua floresta é praticamente toda consumida pelo fogo.
- Enquanto isto assistimos ao triste espectáculo da agonia e morte do Papa João Paulo II, transformada num “circo mediático”.
- Quando em África morrem aos milhares vítimas de fome, malária e sida no mundo ocidental instala-se o “pânico” com receio duma hipotética pandemia da gripe aviaria.
- Realizam-se as eleições autárquicas e assistimos a outro espectáculo, com as candidaturas dos candidatos “bandidos” e o “regresso preparado” de Fátima Felgueiras, elevada aos altares.
- No Faial o PS perde a maioria na Câmara da Horta e pela 1ª vez, nos Açores a CDU participa na gestão dum município, neste caso à custa da figura de José Decq Mota.
- Em Carcavelos inventa-se o “arrastão” e no Brasil é denunciado o “mensalão”.
- Na França, a revolta de grupos de jovens socio-etnicamente marginalizados, puseram os arrabaldes das grandes cidades francesas, nomeadamente Paris, a arder durante 15 noites.
-Em Londres, os terroristas atacam de novo, provocando a morte e o pânico. A polícia, responde atirando a matar sem critério.
- O projecto de “Constituição Europeia” é rejeitado por franceses e holandeses, fazendo com que o projecto seja abandonado.
- New Orleans é arrasada pelo furacão Katrina, pondo a nu as fragilidades norte-americanas e a pobreza extrema que também existe nos EUA.
- o Paquistão é devastado por um terrível terramoto.
- George Bush, 30 000 mortos depois, vem aceitar que a justificação dada para a guerra do Iraque era falsa.
- Conhecem-se os candidatos presidenciais, assistindo-se a uma divisão nas hostes PS, sendo lançada a candidatura de Mário Soares, que promete uma humilhante derrota eleitoral.
- O “CP Valour” encalha na Praia do Norte, Faial e os responsáveis desperdiçam o bom tempo e deixam perder a barco, ameaçando uma catástrofe ecológica e ambiental.

Faço votos que 2006 seja um ano muito melhor, apesar dos maus prenúncios. A nossa capacidade de escolher e lutar são as nossas armas, se não as soubermos utilizar não nos podemos queixar.
Não há almoços grátis, ninguém dá nada a ninguém!

terça-feira, dezembro 27, 2005

Estão à espera de quê?

A Praia do Norte, o Faial e os Açores em geral estão a ser bafejados pela sorte. O "Verãozinho" que está instalado por estas bandas, tem permitido que o barco encalhado não seja completamente arrasado, provocando uma enorme catástrofe ambiental nas nossas costas e mares.
Já são passados 15 dias de bom tempo e apenas temos assistido a uma rudimentar limpeza da praia e infrutíferas tentativas de desencalhe.
Apesar de pairar o perigo de catástrofe, o governo regional congratula-se com o sucesso das operações. Devia congratular-se sim com o facto dos elementos da Natureza terem estado calmos, porque as operações e os meios tem falhado completamente. A conclusão que se tira, ao fim de 15 dias de bom tempo, é que tem reinado a calma, a improvisação, a falta de estratégia e alguma negligência.
Era bom que se fossem mexendo e obtendo resultados, pois estamos no Inverno.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Natal utópico


Imaginei um Natal humanitário, sui generis: sem poluição, sem violência, sem racismo, nem guerras, sem exploradores, sem explorados! Um Natal em que os homens e mulheres independentemente do sexo, da cor, do país de nascimento, da religião que professam, do tamanho, da força física, da inteligência, de credos políticos e ideológicos se dêem a mão como amigos, como irmãos, como iguais.

Um Natal em que os homens resolvam eliminar as armas químicas, bacteriológicas, atómicas, de hidrogénio; abandonar as pesquisas bélicas, desmilitarizar generais e soldados, derreter os tanques, as espingardas, as pistolas e metralhadoras, enfim, todas as armas e com essa matéria-prima fabricar ferramentas, máquinas agrícolas e industriais.

Um Natal com mágicos poderes para apagar todas as leis dos alfarrábios e dos cérebros, transformar os quartéis, seminários, igrejas e prisões em museus e escolas novas destinadas a educar, instruir e despertar a Humanidade só para praticar o bem. Abolir as cercas convencionais, conhecidas por fronteiras, acabar com as nacionalidades, os idiomas que separam, dividem e tornam os homens adversários, inimigos, gerando guerras. Um Natal que eleja o Esperanto como elo de ligação e entendimento entre os seres humanos. Um Universo sem policiais, juízes, advogados, funcionários burocráticos, comerciantes, banqueiros; livre de hierarquias, de homens e mulheres ligados só pelo Amor, associados em comunidades de afinidade, autogestionárias, de grandes famílias capazes de produzir (cada um fazendo o que sabe ou pode e recebendo o que precisa), até alcançar a igualdade de acesso a alimentos, vestuário, transporte, moradia e demais bens materiais, educação, ensino e lazer de forma a proporcionar a felicidade de todos.

Nesse Natal por mim imaginado um homem só valia um homem e como tal todos teriam iguais direitos e deveres. Não haveria lugar para o ódio, rancor, inveja, a ambição, a ganância, ninguém se escravizaria para acumular fortuna, porque o dinheiro e a propriedade privada não existiriam mais, haviam sido abolidos. Seria um Natal sem negociatas, sem ninguém para comprar e vender produtos, indulgências, armas para matar gente e comprar consciências, a boa vontade de funcionários, da assistência médica, dos servidores públicos, enfim, não haveria corruptores, corruptos, nem ladrões...

No meu Natal não existiria gente dormindo nas calçadas, debaixo dos viadutos, nos bancos dos jardins, pocilgas sem luz, sem ar, nem gente estragando alimentos que faltam a milhões de crianças e adultos, num mundo que teimam em proclamar de civilizado e cristão. Cheio de gente se enganando, envenenando e matando mutuamente, robotizadas e alienadas, vivendo em permanente conflito com o Ser e o Parecer, cada um disputando o seu espaço vital, sempre aperfeiçoando estratégias, cada vez mais sofisticadas, para suplantar os menos audaciosos e os mais dependentes.

Seria um Natal sem leis, expressão da vontade dos conquistadores, enunciando como querem eles governar seus súbditos e que os outros lhes obedeçam.

Um Natal onde a felicidade de um fosse a felicidade de todos!

Em suma, imaginei um Natal impossível enquanto os seres humanos teimarem em viver às custas dos seus semelhantes, implantando, para isso, sistemas políticos e religiosos capazes de convencer (por meios "divinos", jurídicos ou na pancada) os menos inteligentes e os acomodados que desde que o mundo é mundo sempre existiram pobres e ricos...

Eu discordo!

A natureza tudo deu de graça aos homens, por isso ninguém pode negar a esse mesmo homem o direito à sua parcela neste mundo que também é seu, que é de todos nós!

Será um Natal utópico, dirão! Mas é o que pode imaginar hoje um ateu: Um Natal de Todos. Humanista, por isso belo.

UM NATAL IMAGINÁRIO - 2ªparte
de Edgar Rodrigues

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Do "solstício de Inverno" ao Natal


Estamos diante de mais um dia de grandes contrastes, uma data que teve a sua origem na imperfeição do velho calendário, saído, como se sabe, dos solstícios, ou seja, das duas épocas do ano em que se registram alternadamente a mais longa noite e o maior dia.

A época da noite mais comprida é o solstício de Inverno. E como, nos dois hemisférios, as estações são inversas, o que é o solstício de Inverno para o hemisfério norte é o solstício de verão para o hemisfério sul, e vice-versa.

Os antigos ignoravam que existisse uma parte da Terra onde houvesse o verão enquanto os europeus e asiáticos viviam o Inverno. Julgavam que o solstício de Inverno marcava a época da mais longa noite para a Terra inteira.

Em seus mitos solares, faziam nascer o deus Sol no solstício de Inverno, no momento em que os dias começavam a crescer. A sua juventude era no equinócio da primavera. No solstício de verão raiava em todo o esplendor da sua força, e depois do equinócio de Outono, na regressão da sua idade, envolvia-se num escuro invasor.

Entre os povos do Oriente, o sol nascente era representado por um menino no colo de uma Virgem celeste, sua mãe. Os egípcios, em especial, celebravam todos os anos, no solstício de Inverno, o nascimento do pequeno Horus, filho da virgem Isis, e sua imagem era exposta, num presépio à adoração do povo.

A grande imperfeição do velho calendário romano, chamado de Numa, apesar das intercalações periódicas, feitas pelos padres, de um mês completo de tamanho variável, no tempo de Júlio César o ano estava atraso mais de 60 dias da época em que devia ter início. O ditador chamou o astrónomo alexandrino Sosígenes para refazer a diferença.

Para este a duração do giro da Terra em volta do Sol era de 365 dias e 6 horas, dando então origem ao ano de 365 dias com a reserva de 6 horas excedentes para formar um tricentésimo sexagésimo sexto dia a juntar cada 4 anos. Propunha ainda o começo do ano no solstício de Inverno. Mas César, para não chocar os demais habitantes romanos, preferiu que o 1 de Janeiro do ano da reforma Juliana fosse colocado não no solstício mesmo mas no dia da Lua nova imediata. Ora, nesse ano, a Lua recaía 8 dias depois do solstício de Inverno. Isso deu resultado a que, no calendário Juliano, o solstício correspondesse não ao 1 de Janeiro, mas a 25 de Dezembro.

O dia 25 de Dezembro tornou-se, então, no novo calendário imposto ao império romano, como data oficial da festa que celebrava por toda a parte o nascimento do Sol, de Horus egípcio, do Mirtha persa, do Phebo grego e romano, etc.

A Igreja ao sentar-se no trono imperial com Constantino, cerca de um século após a época de Júlio César, aproveitou a festa do solstício de Inverno, do menino Horus nos braços da Virgem Isis para transformá-lo em festa do Natal, que se comemora até aos nossos dias das formas mais extravagantes, possíveis e imagináveis.


Natal é também Província da República da África do Sul, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte e significa nascimento, reunião, festa da família, época de grandes negócios...

UM NATAL IMAGINÁRIO - 1ªparte
de Edgar Rodrigues

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O "espírito de Natal"

À medida que nos vamos aproximando do Natal, vejo-me dividido, como sempre, entre o prazer que retiro dos rituais familiares típicos da quadra e a minha profunda convicção de que, enquanto religião institucionalizada, o cristianismo tem sido um terrível desastre. Sou um ateu assumido.

Está chegando o Natal!
O Pai Natal encarrega-se dos presentes, aquele saco enorme!
As crianças ganham muitos brinquedos... Elas acreditam no Pai Natal.
Criaram a ilusão de que as coisas são fáceis... Basta que "sejam boazinhas" para receber o que desejam. E quando crescem o terrível choque de saber que o Pai Natal não existe! Tudo é MENTIRA?
É a festa mundial da mentira. Do Mundo Capitalista. Hipocrisia existe e se fosse doença letal, a maior parte da humanidade estaria morta, a maioria na noite de Natal, ao som de "Jingle Bells".
As pessoas esmeram-se para estar melhor que o outro... Roupas, Jóias, Carros... sorridentes não porque estão felizes...Fofocas... Uma felicidade representada por um novo brinquedo, uma nova roupa, um novo liquidificador, um imenso leitão assado, litros e litros de bebidas. Uma felicidade hipócrita, frágil e falsa... Aquele que está de carro novo, graninha no banco e pode me oferecer algo lucrativo (INTERESSE).
Um clima de melancolia, depois de passar 365 dias de brigas no dia de natal fingem que estão numa família normal, a mais harmoniosa do mundo...Parentes que passam o ano inteiro às turras, chefes explorando seus funcionários, maridos que traem as mulheres e vice-versa, pais com atitudes carrascas com relação aos filhos e também vice-versa, políticos roubando a população, todos eles, carrascos e vítimas confraternizando porque é Natal. Depois, no dia seguinte e no resto do ano, a sacanagem continua...até o próximo Natal. AMAI AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO!
Empresas, poderosos, políticos, doam dinheiro e cabazes a instituições de caridade - que depois descontam nos impostos, as pessoas riem e choram de alegria, emocionam-se com o par de meias recebido, afinal o "Espírito de Natal" está ali presente.
Mas tudo bem é dia de Natal, nesta data festiva tão importante não existe pecado, vamos comemorar....
Comer até passar mal – GULA
Beber demais – ALCOOLISMO
Presentear por interesse – FALSIDADE
Dentro de casa aquele monte de gesso santificado – IDOLATRIA

É, estamos em época de Natal, lá está a árvore, com as luzinhas acendendo e apagando… e eu quero desejar a todos um Feliz Natal.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

A direita não pode lavar as mãos do terror!

O líder do CDS, animado pelas sondagens que dão a vitória a Cavaco à 1ª volta, põe as garras de fora e dando voz ao núcleo duro da comissão de apoio do candidato presidencial da direita, dispara em direcção à esquerda, qual fundamentalista direitista, responsabilizando-a pelos grandes males do mundo.
A direita que apoia Cavaco, mete no mesmo saco: a esquerda, o terrorismo, o capitalismo de estado, a constituição, o código do trabalho e o direito a tudo o que é universal e gratuito.
A eleição de Cavaco, pelo que conhecemos do seu passado e pelos apoios que tem, não nos pode deixar dormir descansados.


domingo, dezembro 18, 2005

Adeus, ó vai-te embora!

Parece que é desta que a Manuela Moura Guedes deixa a pantalha da TVI.
A notícia está em vários jornais, quase sempre com o cuidado de citar a própria, quando diz que “não estou agarrada ao ecran”. É óbvio que é mentira. Está agarrada sim senhor. A Manelinha não precisa de dinheiro, nem de um bom emprego, o que ela precisa mesmo é de palco para extravasar aquele sorriso devastador que a caracteriza. Sem esse palco, ela não é ninguém . Ou melhor, passa a ser a mulher do Moniz, o que deve saber a pouco… A verdade é outra. Sabemos que os espanhóis da Prisa costumam imprimir uma característica informativa nas suas empresas que não cola com o tabloidismo da TVI… e é sabido que Paes do Amaral está farto da Manela. Aliás, o desamor é recíproco e a Manelinha nem se coíbe de insultar publicamente o patrão. Trata-o por “o paneleiro” , em plena redacção… Percebem agora porque é que a senhora vai desaparecer? Pois…
A questão é se o marido irá atrás. Quero dizer, se o Moniz sempre se irá embora. Moniz continua a dizer que o Joaquim Oliveira tem um lugar para ele na administração do grupo de media… e o Balsemão talvez não desdenhasse ter o Moniz na Impresa, quer dizer, na SIC. Uuau! Que dois!
Seria a realização de um sonho antigo… e, mesmo involuntariamente, seria um favor que fariam a muito boa gente.

de navio negreiro

Precaridade - a "prenda" dos trabalhadores

A insegurança de uma vida precária é o que este governo e o mercado têm para nos oferecer. A independência a que tantos de nós aspiramos torna-se cada vez mais um sonho, porque ela depende da habitação própria.
Acabaram com o crédito jovem para a habitação restando apenas a hipótese de hipotecarmos as nossas vidas aos bancos, com empréstimos que atingem os 40 ou 50 anos de duração.
Os poucos privilégios que os trabalhadores-estudantes tinham foram retirados da lei. O trabalho precário é cada vez mais o único cenário possível, especialmente para os estudantes universitários. Na maior parte dos casos não existe um vínculo contratual e quando existe não é permanente. Os salários são baixos e os horários imprevisíveis. Tudo isto num país onde menos de 10% da população tem uma licenciatura, e o desinvestimento na educação é cada vez maior: as bolsas de estudos escasseiam e são miseráveis, as propinas aumentam brutalmente. Os livros de estudo são caríssimos e o material escolar e fotocópias são por nossa conta. Acabado o curso (quando se consegue acabar) as perspectivas de emprego pouco ou nada melhoram.
É preciso, e possível inverter esta situação. O melhor mesmo é actuarmos pelas nossas mãos, DEMOCRACIA DIRECTA é precisa e urgente.
Nada fazem para acabar com a fuga das grandes fortunas ao fisco nem com os off-shores e passam uma factura demasiado alta aos trabalhadores da função pública, aos estudantes, aos jovens trabalhadores, aos imigrantes e às mulheres que sofrem amplamente, não só com a precariedade mas também com a discriminação no acesso ao emprego e aos direitos conquistados.
Negam-nos os direitos ao trabalho permanente mas também ao ensino público, a uma habitação própria e à construção de uma vida independente.
Para os jovens de Portugal este problema é central. É tempo de crise, mas por todo o mundo, trabalhadores precários, de forma unida, conseguem inverter esta situação.
È preciso organizar a luta pelos nossos direitos. Pelas 35 horas/semanais, pela efectivação de todos os contratados a prazo, pelo controle do trabalho temporário.
Nas Empresas de Trabalho Temporário podemos ganhar até 40% menos. São raríssimos os trabalhos que duram mais do que seis meses e muitos duram dois ou três dias.
O despedimento sem justa causa é totalmente livre, bastando uma ordem do patrão.
O trabalho em part-time aumentou na última década, as horas extraordinárias não são pagas e os empregados não beneficiam das prestações sociais.
Na última década o desemprego entre os jovens com menos de 25 anos aumentou, disparou em flecha.
Eu trabalho, tu trabalhas, ele trabalha, nós trabalhamos e Eles Lucram…

GOULART MEDEIROS

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Cada rico, para o ser, gera 300 pobres


A crise passa ao lado dos automóveis de luxo. A Maserati foi a marca que mais cresceu em Portugal: onze viaturas vendidas de Janeiro a Novembro deste ano, mais mil por cento do que no mesmo período de 2004. Seguiu-se a Bentley, com uma progressão de 140 por cento (12 veículos comercializados). Na terceira posição ficou a Ferrari, que duplicou as vendas, com 18 unidades. A Porsche posicionou-se em quarto lugar: 239 viaturas vendidas, mais 22,56 por cento do que no ano passado.
Vendem-se estes carros de dezenas de milhares de contos, porque quem os compra fá-lo com o dinheiro das empresas, empresas estas que dizem que não podem aumentar os seus trabalhadores porque não aguentam, outras que fecham e despedem os trabalhadores e também aqueles que não pagam impostos, ou vivem de negócios escuros.
Vivemos num país de “obras do regime”, de OTA`s e outras negociatas, uns poucos a encherem-se e a grande maioria com salários de miséria ou no desemprego.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Sério perigo de catástrofe ambiental

Estimativas apontam para uma libertação de 75 a 175 toneladas de IFO380, das quais cerca de 30 toneladas já foram recuperadas durante as limpezas da Praia do Norte.
Provavelmente devido à introdução de ar sob pressão nos porões, o navio recomeçou a largar IFO 380. Neste momento há duas linhas, uma pela popa e outra pela proa, de combustível a sair do "CP Valour". Esta mancha, com cerca de 40 x 20 metros ainda não chegou a terra.
Confirma-se a existência a bordo do "CP Valour" de um contentor com "oito toneladas de trifenil fosfito, um produto químico antioxidante, que entra na composição de herbicidas e pesticidas e que reage ao contacto com a água. Outro tem 6,3 toneladas de tintas e há ainda um terceiro contentor com 1,9 toneladas de outra substância química oxidante, que é o persulfato de sódio". Para além disso, a bordo há 500 contentores de carga geral e 2000 toneladas de combustível.
Estão a ser equacionadas várias hipóteses de desencalhe, nomeadamente a instalação dum pontão que permita o desembarque de contentores, aliviando o peso, dragagem de areia em redor do barco, introdução de ar nos tanques para aumentar a flutuabilidade…
Se estas manobras falharem e considerando a época de Inverno e a carga do barco, corre-se um sério perigo de catástrofe ambiental.
Não há tempo a perder nem meios a regatear.

fotos http://www.horta.uac.pt/-: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Tricas em debate

O debate de hoje, entre Alegre e Soares, não acrescentou nada, mas veio provar que Soares se acha o maior: dono da democracia, do regime e dos socialistas.
Critica que Alegre se candidate, põe em causa a consistência da candidatura, dá orientações de vínculo partidário e ainda desvaloriza as capacidades e propostas do seu camarada de partido. Finalmente tem o mau gosto de, fazendo de juiz em causa própria, considerar que ganhou o debate.
O único argumento de Soares, para se candidatar e apelar ao voto, é a sua experiência, mas é um argumento que não colhe, pois nessa ordem de ideias o cargo deveria ser vitalício e nunca haveria renovação de ideias e protagonistas.
Foram dois candidatos a disputar os 30% de votos que Sócrates está a perder para Cavaco.
Continuo a achar que foi um erro Soares se candidatar, primeiro por já ter dado o seu contributo por mais duma vez, segundo porque não apresenta nada de novo e acaba por vir contribuir para o passeio de Cavaco, e por último para nos poupar a um mandato caquéctico e agonizante.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Barco encalhdo ganha raízes

Desde 6ª feira que está encalhado, na Fajã da Praia do Norte, um porta contentores, que devido a avaria se aproximou da costa, ficando preso no areal.
Estão a revelar-se infrutíferas as tentativas de retirar o cargueiro para águas mais profundas. As condições adversas do mar, o peso bruto, o posicionamento do barco e o fraco poder de tracção dos três rebocadores convocados, tem impedido a remoção do cargueiro que viajava do Canadá para Espanha.
Como consequência deste acidente acabou por acontecer um derrame que manchou de negro as límpidas águas da Fajã, não se sabendo ainda se terá origem nalgum rombo nos tanques de combustível, que transportavam mais de 1 100 toneladas de fuel ou se trata de “ águas sujas” da lavagem dos tanques.
As autoridades marítimas e ambientais já estão em acção, controlando e organizando operações por forma minimizar os riscos e danos que a mancha de poluição possa provocar na orla costeira.
Cada dia que passa parece tornar-se mais difícil a remoção do barco, que cada vez se enterra mais na areia. Certamente haverá maneira de o tirar, ali é que não pode ficar.

Mãe solteira, provável presidente do Chile

O poder quase absoluto da Igreja Católica no Chile, um país onde o divórcio só é possível desde o ano passado, está prestes a conhecer o seu primeiro contratempo desde o assassinato em 1973 do presidente Salvador Allende durante o golpe de direita, chefiado pelo general Pinochet, um católico exemplar.

De facto, o resultado das eleições de domingo é quase o equivalente a uma revolução pacífica, inesperada neste país sob tão marcada influência da Igreja de Roma. Assim, os resultados preliminares indicam que Michelle Bachelet , mãe solteira, de 54 anos, que nas suas próprias palavras encarna «todos os pecados capitais - socialista, a filha do seu pai, divorciada e ateísta» será muito provavelmente a primeira presidente chilena.
A socialista Michelle Bachelet venceu a 1ª volta das eleições presidenciais realizadas no ontem no Chile, com 45,95% dos votos e deverá disputar a 2ª volta em 15 de Janeiro contra o direitista Sebastián Piñera, que obteve 25,41%. O também direitista Joaquín Lavín, da União Democrata Independente (UDI), conseguiu 23,22% e o esquerdista Tomás Hirsch 5,4%.

O pai que ela menciona como um dos seus pecados capitais foi um general progressista da Força Aérea chilena que fez parte do governo de Salvador Allende em 1972 e que morreu de ataque cardíaco quando torturado pelos algozes de Pinochet, um ano depois do golpe de estado.
Michelle e a mãe foram enviadas para o infame centro de tortura Villa Grimaldi mas as suas ligações com os militares evitaram que tivessem o destino de tantos milhares de chilenos desta época negra do país e partiram para o exílio.

Em 2000 o presidente Ricardo Lagos, nomeou Michelle ministra da Saúde, cargo que abandonou dois anos depois quando passou a ocupar a pasta da Defesa.

Tou lixado!

Depois dos 50 anos, a única coisa que o médico deixa um homem comer com gordura, é a sua própria mulher ...

sábado, dezembro 10, 2005

Calimero, será?

Quanto mais baterem em Manuel Alegre maior será o efeito aglutinador da sua candidatura. Não há dúvidas de que, apesar de não ter suporte partidário, já formalizou a sua candidatura, as sondagens continuam a ser-lhe favoráveis e parece ser capaz de defrontar Cavaco na 2ª volta.
Manuel Alegre nunca negou que era do PS, um partido social-democrata, portanto do centro/esquerda, uma área imprescindível para a eleição dum Presidente da República. Aliás, é utópico a esquerda pensar que vai eleger um candidato da sua área.
Manuel Alegre só pode ser acusado de ser do PS, mas acontece que está fazendo um percurso inverso ao de Soares, é verdade que obrigado pelas circunstâncias, mas ganhou liberdade e capacidade crítica em relação ao governo ao contrário de Soares que está irreconhecível, agora está com Sócrates a 100% e já nem fala dos americanos.

Não há dúvida que Mário Soares só avançou para esta corrida depois de ter garantido algum apoio dos partidos à esquerda do PS, basta ver a forma diferente como se lhe referem, as presenças no seu lançamento e comissão.
É correcto a esquerda aparecer nesta eleição defendendo projectos próprios, apresentar candidatos que cubram a maior área possível, com efeitos positivos no combate à abstenção e na subtracção de votos no candidato da direita.
Já não me parece tanto correcto esse pacto com Mário Soares, depois deste trair Alegre e se dispor a meter agora o republicanismo na gaveta, fazendo um 3º mandato papal, cujo termo espero não seja também transmitido em directo nas TVs.
Todas as críticas são legitimas, mas não caiamos na tentação de fazer o jogo de Sócrates que parece tudo fazer para levar Cavaco ao colo para Belém.

Manuel Alegre não é um candidato de esquerda, mas é o candidato que a esquerda pode eleger, com votos também do centro. Não ver esta evidência é contribuir para eleger Cavaco senão na 1ª é à 2ª de certeza.
Oxalá tenhamos de engolir um sapo, votando Alegre à 2ª volta.

Louçã abana Cavaco


Até que enfim! Desta vez foi um debate a sério. Ficou muito por discutir e aprofundar mas também pela primeira vez, Cavaco Silva foi obrigado a dizer mais do que pretendia, a sair do discurso redondo e a clarificar algumas posições.

Cavaco Silva foi confrontado com o período em que foi chefe de governo e o país recebia cinco milhões de euros de fundos comunitários por dia e o preço do barril do petróleo caíra significativamente e não soube fazer as apostas certas na formação, na educação, nas qualificações, ou nas tecnologias que agora tanto se reclama. Francisco Louçã também demonstrou que nesse período as injustiças e as desigualdades aumentaram, apresentando números que não foram questionados.

Cavaco Silva deixou implícito que defende a liberalização do desemprego e não tem propostas ou ideias sobre a sustentabilidade do sistema de Segurança Social a não ser o aumento da idade da reforma. Surpreendentemente, Cavaco Silva, mete o pé na poça onde menos se espera ao preconizar estudos sobre o estado da Segurança Social quando estes estão feitos e são credíveis. É extraordinário como um economista e candidato presidencial desconhece os problemas na sua extensão e alvitre soluções.

Também ficou demonstrada a insensatez de querer intervir na governação com sugestões de propostas de lei, como foi desmontado por Louçã, pois na primeira vez que isso acontecesse, duas coisa podiam acontecer ou o Parlamento era irremediavelmente condenado a um papel subalterno, com os perigos que isso acarretaria, se fossem por aí ou se recusassem, abria-se um conflito institucional.

Também sobre as escutas Cavaco Silva sugeriu propostas contra as escutas ilícitas quando elas já existem, não são é aplicadas.

Do mesmo modo ficou implícito o seu apoio à cimeira das Lages que lançou a guerra no Iraque e também o apoio à própria guerra, embora no quadro das Nações Unidas.

Mas ainda muita coisa ficou por dizer, mas Cavaco Silva já disse mais alguma coisa que ajuda a perceber o seu pensamento.

Francisco Louçã falou claro, as suas ideias não tem duas interpretações.

Sobre o aumento da idade da reforma, sobre a segurança social (o único candidato com propostas concretas no seu programa mas que não puderam ser aprofundadas), sobres as prioridade do País, (a defesa de politicas de criação de emprego e qualificações e o ataque ao desemprego), o não apoio à intervenção portuguesa no Afeganistão e no Iraque e não fugiu a questões, como o casamento de homossexuais ou a legalização dos imigrantes com base no direito de solo.

O debate mostrou duas personalidades e duas visões do mundo e nesse sentido foi esclarecedor.

Francisco Louçã soube ser acutilante, persuasivo, elevou a qualidade do debate, falou olhos nos olhos, cara a cara, com segurança e com conhecimento dos assuntos e obrigou Cavaco a abrir-se mais do que queria.

Cavaco Silva estava tenso, atemorizado, titubeante, surpreendido, nunca olhou para o adversário, (ao contrário de Louçã que procurou o debate mais solto) e cometeu alguns lapsos, sendo que em determinados momentos, de tão confundido, pareceu que ia encostar às boxes. Soube reagir na segunda parte do debate mas sem conseguir sair da mediania e fugindo, algumas vezes, às questões, refugiando-se no que estipula a Constituição.

Julgo que este debate conseguiu encostar Cavaco Silva à direita, retirando-lhe apoios ao centro político-partidário e nessa medida foi um grande contributo para derrotar Cavaco Silva.

Eu espero é que também a candidatura de Louçã tenha ganho alguma coisa!

a hora que há-de vir

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Debate para cumprir calendário

Considerando os candidatos e o modelo do debate, não se esperava nada de extraordinário nem emocionante.
Não há dúvida que apesar do objectivo comum, derrotar Cavaco, existe um pacto, sem o qual Soares não se tinha candidatado, de não agressão e de viabilização da candidatura da "velha rapoza". Espero que Manuel Alegre seja capaz de estragar este arranjinho.
O debate de hoje tem de ser diferente, Louçã (professor doutor de economia) tem de encostar Cavaco à parede e desmontar-lhe a pose de "salvador da pátria". Só o debate de hoje pode abrir caminho para a derrota de Cavaco.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Assim, não vamos lá!

Portugal é o país da União Europeia onde o nível de escolaridade da população é mais baixo (79,4% tem apenas o ensino básico ou menos; apenas 11,3% possui o secundário e somente 9,4% o ensino superior) e onde o abandono escolar prematuro é mais elevado (em 2004, atingia 39,4% em Portugal, quando a média em todos os países da União Europeia alcançava apenas 15,7%). No entanto, no Orçamento do Estado para 2006, o valor orçamentado para o “ensino básico e secundário” diminui em –0,5% e, para o ensino superior, desce em –2,5%. E isto em valores nominais, porque em valores reais a diminuição é muito mais elevada. Tudo isto sucede quando, devido ao atraso em que se encontra o País neste campo, era necessário investir muito mais, mas a obsessão do défice falou mais alto.

E tudo isto sucede quando uma das causas da baixa competitividade da Economia Portuguesa é precisamente o baixíssimo nível de escolaridade e de qualificação da população empregada, e quando os especialistas que têm visitado o nosso País têm afirmado que Portugal, para poder ultrapassar rapidamente o grave atraso em que se encontra neste campo, terá de investir mais neste campo, e nunca reduzir o esforço financeiro, como acontecerá em 2006 com o Orçamento do governo que foi aprovado.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Jogaram pró empate

A jogar à defesa não se marcam golos.
Num confronto onde Cavaco joga para não perder os votos que as sondagens lhe dão e Alegre joga para não hostilizar os votos do PS, pode dizer-se que o jogo terminou empatado.
É verdade que o figurino do debate também não ajudava muito, como dizia um comentador, foi um debate plano, sem altos nem baixos, mais uma entrevista cruzada.

A avaliação pode fazer-se mais pelo estilo, onde Alegre estava mais à vontade e com um discurso mais fácil e confiante. Quanto ao conteúdo, Cavaco não consegue enxergar para além da sua “profissão” de economista, vacila em temas como o Iraque, cooperação estratégica e não tem uma visão alargada dos poderes e da função presidencial.

O resultado da sondagem relâmpago da SIC Notícias, que dá a vitória a Cavaco, não é mais que o reflexo das sondagens já realizadas.
Para ganhar debates e votos vai ser preciso arriscar mais. Passar da defesa ao ataque.

domingo, dezembro 04, 2005

País velho e miserável

O governo acabou de anunciar os aumentos das pensões para o ano de 2006. De acordo com o comunicado que se encontra disponível no site do Ministério do Trabalho, os aumentos são os seguintes:

A pensão média de 796.725 reformados que recebem as pensões mínimas do Regime Geral aumentará apenas 10,21 euros, ou seja, 34 cêntimos por dia, pois passará de 236,05 euros para 246,26 euros.

A maioria dos reformados deste grupo receberão apenas 223,2 euros, já que os que recebem este valor representam 59,4% do total. O número de reformados que receberão pensões inferiores a 300 euros por mês soma 729.299, ou seja, 91,5% do total.

A pensão média englobando a Pensão Social e a dos Agrícolas aumenta apenas 7,05 euros, ou seja, 24 cêntimos por dia. Se considerarmos individualmente cada uma destas pensões, o aumento por mês varia entre 6,7 euros e 8,26 euros por mês, o que é um valor muito baixo.

Em 2006, menos de 60.000 reformados, com mais de 80 anos, receberão a chamada pensão extraordinária prometida pelo eng. Sócrates durante a campanha eleitoral para todos os pensionistas que estivessem abaixo do limiar da pobreza, ou seja, que tivessem um rendimento mensal inferior a 300 euros. No entanto, em 2006, mais de 1.100.000 reformados receberão pensões inferiores a 300 euros por mês.

De acordo com a mesma informação constante também do referido site, os restantes reformados que recebem pensões superiores às mínimas, que são mais de 1.700.000, verão as suas pensões aumentar apenas em 2,3%. Em 2006, a taxa de inflação aumentará, segundo o Banco de Portugal, em 3% e, segundo o FMI, em 2,5%. Como consequência, estes reformados verão o poder de compra das suas pensões diminuir.

A juntar a tudo isto, há que acrescentar os trabalhadores aposentados da Administração Pública, que ultrapassam os 500.000, e cujo aumento das pensões depende do aumento das remunerações dos trabalhadores do activo. Como nos últimos anos estas têm aumentado menos que a taxa de inflação, as pensões destes trabalhadores têm perdido poder de compra. E poderá suceder o mesmo em 2006.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Bom senso europeu

A União Europeia emitiu um comunicado onde desautorizou completamente toda a política americana de prevenção à SIDA. Pela primeira vez a Europa afirma com todas as letras que os programas de abstinência promovidos pela administração de Bush não são eficazes e que devem ser rejeitados pelas nações que desejam proteger os seus cidadãos.

Neste momento a União Europeia considera como prioridades o uso do preservativo (absolutamente fulcral), educação sexual e cuidados de saúde reprodutiva. Considera-se ainda como extremamente preocupante a ressurgência de mensagens enganadoras e sem validade empírica no que toca à prevenção do VIH. Uma óbvia referência aos programas americanos. Convém referir que dois terços da ajuda americana neste campo são usados exclusivamente para a promoção da abstinência. Trata-se acima de tudo da promoção de um modelo religioso sobre a capa de ajuda humanitária.

Vale a pena citar as palavras da secretária europeia para o desenvolvimento internacional, Hillary Benn : “... não acredito que as pessoas devam morrer porque têm sexo.”

E tudo vai bater nesse ponto, neste momento a política humanitária americana está a ser comandada por um dogma religioso (é a própria ONU a afirmá-lo) e está a causar estragos incríveis nas zonas mais afectadas pela doença ao cortar os fundos para os meios eficazes (leia-se - preservativo).

Felizmente que e União Europeia se dissociou claramente do programa de evangelização norte-americano, que haja pelo menos uma voz forte e sensata na comunidade internacional.

de Pedro Fontela

quinta-feira, dezembro 01, 2005

A pandemia dos "nossos pecados"

Em todo o mundo em 2005, 4,9 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus da SIDA, o maior salto desde que o primeiro caso dagnosticado, em 1981. Segundo o porta-voz do Programa das Nações Unidas sobre HIV/SIDA, actualmente há 40,3 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo—contra 37,5 milhões em 2003.
Os 4,9 milhões de novas infecções de HIV registados em 2005, ocorreram principalmente na África subsaariana, Rússia e países do Leste Europeu, segundo o relatório.
Só neste ano, mais de 3,1 milhões de pessoas morreram por causa da SIDA, incluindo 570 mil crianças, aproximadamente 13.500 pessoas foram infectadas por dia com o vírus HIV, a maioria delas, 95%, nos países mais pobre africanos, de acordo com o estudo.

O Papa Paulo VI baniu o uso de contraceptivos pelos católicos há 37 anos, e a hierarquia da igreja considera o assunto encerrado desde então.
João Paulo II reiterou que a Igreja Católica Romana deve ensinar que o uso do preservativo é proibido, mesmo para evitar a dispersão da SIDA, considera, que acima de tudo, é necessário combater a doença de uma forma responsável aumentando a prevenção, através da educação acerca do respeito pelo valor sagrado da vida e formação sobre uma sexualidade correcta, que pressupõem castidade, abstenção e fidelidade.
A ICAR está para o preservativo como o Islão para o toucinho. O bom senso não é o forte das religiões e a compaixão não consta dos seus valores. Bastaria o drama de África, onde a epidemia da SIDA grassa de forma devastadora, encaminhando o Continente para uma hecatombe, para abdicar de um dogmatismo estulto e criminoso.
Os beatos preconceitos continuam sendo um obstáculo às campanhas de saúde pública, um entrave à prevenção das epidemias e um estorvo ao bem-estar humano. Intérpretes encartados de um Deus cujo prazo de validade há muito se extinguiu, arautos de uma moral anacrónica, zeladores intransigentes da dor e do sofrimento, continuarão a ser cruéis, obsoletos e hipócritas.

Combater a SIDA é uma obrigação para salvar vidas humanas. Desacreditar as Igrejas é uma medida sanitária imprescindível à felicidade humana. Dentro de poucos anos um Papa qualquer pedirá perdão pelos crimes do actual, tal como o anterior pediu pelos dos seus antepassados, sempre sobre os escombros das sociedades a que levaram a angústia, a dor e a morte.