Pesquisar neste blogue

sábado, abril 23, 2005

Guerra colonial - Memória IV


25 de Abril - Queda do fascismo e do Colonialismo
A Revolução dos Cravos de Portugal de 1974 é um acontecimento político considerado de extrema importância, não só porque determinou o fim do regime fascista implantado por Salazar desde 1928, mas também porque contribuiu para acelerar as mudanças políticas na estrutura geo-estratégica do mundo dividido pela Guerra fria.
Para muitos o 25 de Abril foi um golpe de estado de esquerda, que marcou o fim da fase do capitalismo colonial. Para outros foi uma espécie de insurreição moderna — fortemente inspirada na táctica insurreccional leninista — onde a verdadeira força dos insurrectos do MFA (Movimento das Forças Armadas) era o “apoio social” que os soldados receberiam do povo por ter finalmente libertado o país do fascismo. E não foi por acaso que no assalto aos centros do poder salazarista houve apenas quatro mortos!
O grande acto político do 25 de Abril foi acelerar o processo de descolonização e de promover a afirmação revolucionária dos movimentos de libertação de Angola (MPLA), Moçambique (Frelimo), Guine Bissau e Cabo Verde (PAIGC), São Tome e Príncipe (MLSTP) e Timor Leste (Fretilin). Para acabar com a guerra só derrubando o regime e para derrubar o regime houve que desagregar as Forças Armadas que eram o seu sustentáculo e o seu instrumento numa guerra perdida desde o seu primeiro dia.
O significado ideológico da Revolução dos Cravos teve muitas interpretações. Uma delas indica que aquela Revolução foi uma resposta, clara e contundente que desarmou o golpismo imperialista de Kissinger, enquanto obrigava a nomenclatura da URSS pós-estalinista e a social-democracia europeia a apoiar um processo revolucionário que eles nunca desejaram que tivesse acontecido.

É necessário dizer que o 25 de Abril nunca teria existido sem oficiais destemidos e decididos a acabar com o fascismo como Otelo Saraiva de Carvalho, Rosa Coutinho, Vasco Gonçalves, Fabião, Vasco Lourenço e todos aqueles que constituiram a organização clandestina do MFA e depois a realização da insurreição contra o regime de Marcelo Caetano.
É necessário dizer que o estrategista disso tudo, aquele que enganou com elegância e competência a mais temível polícia política europeia da época — a PIDE/DGS — foi o então capitão Otelo Saraiva de Carvalho.
O que decorria, obviamente, da revolta dos capitães, era o fim da guerra. E o fim da guerra significava a independência das colónias. E a independência das colónias exigia negociar com quem fazia a guerra (independentemente de proximidades ou distâncias ideológicas, como reconheceu na altura o próprio Mário Soares).

E com o 25 de Abril deu-se o encontro dos povos mutuamente libertados, o encontro entre os falsos inimigos inventados pelo fascismo e pelo colonialismo, agora unidos pela liberdade, foi a aura resplandecente desse acto primordial de criação que envolveu as FA's, o Povo português e o Povo das colónias.

Sem comentários: