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quarta-feira, abril 06, 2005

Nem tudo são rosas I

Na sua visita à Terra Santa em celebração pela passagem do segundo Milénio do Cristianismo, o papa João Paulo II pediu perdão aos judeus e muçulmanos pela Igreja Católica ter, há 900 anos atrás, instigado a Cruzada que terminou por produzir um terrível massacre da população civil judaica e árabe de Jerusalém, por parte dos cavaleiros cristãos. Saiba como se deu esse assalto à Cidade Santa.

O Santo Massacre

O assalto final a Jerusalém deu-se no dia 15 de Julho de 1099.
Os pacíficos habitantes da cidade, judeus e muçulmanos, representavam para os cruzados o demónio, a impureza, a profanação dos lugares santos. Não os perdoaram. Os árabes que encontraram no pátio da Grande Mesquita foram exterminados à espadada e às lançadas. Aos judeus coube um destino pior. Encerrados no Templo de Salomão, queimaram-nos vivos.
Até hoje os historiadores embaraçam-se com o número das vítimas que os cristãos fizeram em Jerusalém. Oscilam entre 6 mil a 40 mil mortos!
Fanatizado, o cristão comum, considerando-se um vingador celestial, virara um animal feroz a quem um estripamento, uma carótida esguichando, ou a degola dos gentios, parecia a justa revanche dos tormentos de Cristo. Quem respirasse era morto. Mataram inclusive os animais domésticos.
Uns anos antes da catástrofe, o poeta árabe al-Maari, que morrera em 1057, separara os homens em dois grupos: "os que têm cérebro mas não têm religião/ E aqueles que têm religião mas não têm cérebro". O Grande Massacre, ocorrido há 900 passados, além de ter azedado para sempre a relação entre os cristãos e os muçulmanos, permaneceu como um desses estúpidos altares sacrificiais erguidos pelos homens que têm religião mas não têm cérebro.

Foi a 1ª Cruzada, fizeram-se mais 7, de 1096 a 1270.

5 comentários:

Anónimo disse...

Espero que se siga uma lista de todos os massacres realizados por todas as religiões e regimes políticos. E já agora, uma dos que pediram desculpa...

Esta estúpida mania políticamente correcta de avaliar 20 s´culos de história com conceitos do século 21, só é superada pela falta de honestidade com que se fazem essas análises.

Anónimo disse...

A 200 anos de cruzadas, seguiram-se 600 de inquisição e persiguição religiosa. São 800 anos que envergonham e descredibilizam quem se quer arrogar de representante de Deus na Terra. Essa violência gerou mais violência, que se mantém até hoje. Havendo sempre interesses económicos e hegemónicos, a maioria das guerras são por questões religiosas.

Anónimo disse...

Caro anónimo

Existe algum estado,alguma religião, algum regime político que não tenha sangue nas mãos?.. A questão não têm a ver com ser crente ou não. A mesma revolução francesa, elemento fundador da história moderna, da cidadania e do tudo mais que quiser, também têm os massacres da Vendeia,a lei dos suspeitos o terror revolucionário e muito mais. É por isso deve ser avaliada?..
Não me parece que contar os mortos seja um bom método de análise. É mais grave o terror Estalinista, ocorridas em ditadura ou as perseguições do McCarthismo que acontecem numa democracia?..

A história não deve ser uma recolecção asséptica de factos, não pode é ser interpretada a luz dos preconceitos de cada um, nem analisada sem ter em conta os contextos de cada época. Quanto à maioria das guerras serem por razões religiosas, tenho as maiores dúvidas. Sem dúvida que existiram muitas, mas, para além de ser uma visão eurocêntrica, quantas vezes a verdadeira razão não vai além disso?..
Mais uma vez, é preciso estudar a História...

Anónimo disse...

Numa História de 2000 anos, 800 anos são muito tempo e muito sangue, não há estudo que justique tanta violência quando se leva a cruz como estandarte. Concordo consigo que não foi só a Igreja de Roma responsável pelo sangue derramado nestes 2000 anos, mas também tem as mãos bem sujas.

RD disse...

Concordo com o João, e trago além da História a contextualização filosófica, das ideias. É muito perigoso falarmos e reforçarmos discursos analisados à luz da contemporaneidade só porque queremos dar opinião.
Não faz, a meu ver, sentido nenhum.