Impõe-se perguntar:
– será que os interesses da direita estão sob ameaça séria?
– as principais teses da direita, a fundamentação das injustiças em que se baseia o seu poder, estão realmente em regressão?
Infelizmente, a resposta a tais perguntas é negativa.
Nenhum partido de esquerda perspectiva atacar os interesses materiais das classes dominantes. Todos eles concentram as suas propostas no plano das prestações sociais sem beliscar a organização social da produção e sem questionar a propriedade ou as relações de produção próprias do capitalismo. Os “empreendedores capitalistas” são unanimemente considerados os únicos capazes de promover o desenvolvimento económico, autênticos “salvadores da pátria”.
A direita diz que é preciso controlar as despesas da “máquina do Estado” mas só para evitar que os impostos dos trabalhadores, que têm sido os principais pagadores do sistema, deixem de ser suficientes e que alguém tenha a “peregrina ideia” de fazer pagar também os poderosos. Daí resultam alguns acessos de gritaria liberal e as consequentes pressões e chantagens que, como é costume, levarão o PS a moderar os ímpetos da campanha eleitoral logo que estejam ultrapassadas as eleições autárquicas.
Por outro lado, as classes dominantes temem os perigos que o girar do mundo continuamente desenvolve; quer se trate da ameaça dos baixos preços chineses, dos galopantes preços do “crude” ou do impetuoso desenvolvimento da tecnologia, essas classes não acreditam que o governo socialista, por incompetência, esteja em condições de salvaguardar os seus interesses. O “choque tecnológico” é uma graçola que ninguém leva a sério.
Por isso as grandes discussões que se avizinham, em que os partidos de direita se preparam para lançar todas as forças do campo “académico” e da “consultoria internacional”, são apenas as do papel e dimensão do Estado na sociedade e também do peso relativo dos sectores produtivos (têxteis ou turismo?) e das “opções estratégicas” nos transportes e na energia.
Triturados pelos imperativos da dependência económica, os partidos de esquerda lá irão a reboque das “decisões inevitáveis” e não poderão ter outra estratégia que não seja a de proteger os “empreendedores nacionais” sob pena de ver desaparecer os empregos e minguar as receitas fiscais.
Sem equacionar este falso dilema e sem romper este “círculo vicioso” no plano ideológico será impossível transformar o mundo em que vivemos. É necessário demonstrar a viabilidade de novas relações de produção, esse é o tipo de inovação de que mais precisamos. Em vez de funcionários precisamos de cidadãos empenhados em construir um novo universo produtivo, um novo modo de produção.
Trata-se de um caminho difícil mas sem alternativa. Por isso em vez da refundação da direita precisamos, isso sim, é de refundar a esquerda.
– será que os interesses da direita estão sob ameaça séria?
– as principais teses da direita, a fundamentação das injustiças em que se baseia o seu poder, estão realmente em regressão?
Infelizmente, a resposta a tais perguntas é negativa.
Nenhum partido de esquerda perspectiva atacar os interesses materiais das classes dominantes. Todos eles concentram as suas propostas no plano das prestações sociais sem beliscar a organização social da produção e sem questionar a propriedade ou as relações de produção próprias do capitalismo. Os “empreendedores capitalistas” são unanimemente considerados os únicos capazes de promover o desenvolvimento económico, autênticos “salvadores da pátria”.
A direita diz que é preciso controlar as despesas da “máquina do Estado” mas só para evitar que os impostos dos trabalhadores, que têm sido os principais pagadores do sistema, deixem de ser suficientes e que alguém tenha a “peregrina ideia” de fazer pagar também os poderosos. Daí resultam alguns acessos de gritaria liberal e as consequentes pressões e chantagens que, como é costume, levarão o PS a moderar os ímpetos da campanha eleitoral logo que estejam ultrapassadas as eleições autárquicas.
Por outro lado, as classes dominantes temem os perigos que o girar do mundo continuamente desenvolve; quer se trate da ameaça dos baixos preços chineses, dos galopantes preços do “crude” ou do impetuoso desenvolvimento da tecnologia, essas classes não acreditam que o governo socialista, por incompetência, esteja em condições de salvaguardar os seus interesses. O “choque tecnológico” é uma graçola que ninguém leva a sério.
Por isso as grandes discussões que se avizinham, em que os partidos de direita se preparam para lançar todas as forças do campo “académico” e da “consultoria internacional”, são apenas as do papel e dimensão do Estado na sociedade e também do peso relativo dos sectores produtivos (têxteis ou turismo?) e das “opções estratégicas” nos transportes e na energia.
Triturados pelos imperativos da dependência económica, os partidos de esquerda lá irão a reboque das “decisões inevitáveis” e não poderão ter outra estratégia que não seja a de proteger os “empreendedores nacionais” sob pena de ver desaparecer os empregos e minguar as receitas fiscais.
Sem equacionar este falso dilema e sem romper este “círculo vicioso” no plano ideológico será impossível transformar o mundo em que vivemos. É necessário demonstrar a viabilidade de novas relações de produção, esse é o tipo de inovação de que mais precisamos. Em vez de funcionários precisamos de cidadãos empenhados em construir um novo universo produtivo, um novo modo de produção.
Trata-se de um caminho difícil mas sem alternativa. Por isso em vez da refundação da direita precisamos, isso sim, é de refundar a esquerda.
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