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sexta-feira, novembro 18, 2005

QUE SE DANE O CRESCIMENTO ECONÓMICO

Há anos e anos que ouço sempre o mesmo: os salários devem crescer moderadamente, para que as nossas empresas sejam competitivas. A nossa economia é diferente das suas concorrentes europeias, não depende da inovação tecnológica, nem da qualificação dos trabalhadores, nem sequer do consumo interno, depende em exclusivo da mão-de-obra barata. E não só vive da mão-de-obra barata como também só é capaz de gerar mão-de-obra barata; quando cresce, emprega mão-de-obra barata, e quando sofre crises torna a mão-de-obra ainda mais barata, isto é, a sina dos trabalhadores portugueses é serem baratos.
Com baixos salários, estudar não é estimulante, e muitas famílias precisam de empregar os seus filhos logo que tenham idade para trabalhar, dando lugar a mais uma geração de trabalhadores não qualificados. Baixos salários são um estímulo à preguiça da inovação e da busca de melhores soluções de gestão, acaba por ser um obstáculo à competitividade externa, o grande argumento para a sua manutenção.
Os baixos salários, mais do que progresso, significam a garantia de sobrevivência de empresários incompetentes, que vivem de expedientes e da falta de respeito pela condição humana dos seus trabalhadores, sendo um obstáculo à criação de empresas mais competitivas e ao sucesso dos mais ambiciosos. Os baixos salários estrangulam o desenvolvimento empresarial.
A manutenção de baixos salários significa a rigidez da procura interna, já que o aumento da riqueza dos mais ricos traduz-se essencialmente no aumento da procura externa, agravando o desequilíbrio externo, que por sua vez é resolvido à custa dos que ganham menos, força a economia a depender em exclusivo das exportações, as quais, como vivem das indústrias de mão-de-obra intensiva, têm o sucesso condicionada à manutenção de salários baixos.
Salários baixos significam rendimentos baixos e estes traduzem-se numa fraca receita fiscal, tanto mais que em Portugal são os impostos pagos pelos pobres que o Estado tem como certos; os dos mais ricos dependem da eficácia fiscal e esta depende das asneiras que os governantes vão fazendo no Fisco. Baixa receita fiscal significa défice orçamental, e o reequilíbrio das contas públicas é feito sempre da mesma forma, aumentando os impostos aos que pagam, isto é, aos menos ricos.
E parece que ninguém percebe que um país de pobres é um país pobre, e, se o crescimento económico não serve para que os pobres não sejam tão pobres, então que se dane a economia, e um destes dias vamos todos para a rua queimar caixotes do lixo. Porque, para o caso de não terem reparado, uma boa parte dos portugueses são mais pobres do que os jovens que se manifestam em Paris.

Posted at 11/15/2005 8:59:59 am by Jerico

4 comentários:

Anónimo disse...

Quem fala assim, não é gago.
E traduz o meu pensamento.
Infelizmente os gatunos que mandam e comandam neste País, servem-se dos nossos brandos costumes e das atordoadas que divulgam na comunicação social para nos manterem adormecidos e até convencem os mais desfavorecidos que são eles os culpados desta situação. Ao que chegámos!!!!
Até um dia...

Anónimo disse...

teoria da conspiração é do que você sofre.

Anónimo disse...

Este Anónimo para reagir assim, até parece que é um dos gatunos que o Bloquita acima refere!
Qual teoria da conspiração. É a pura das realidades que o fascismo continua apesar de vivermos em democracia!
As moscas mudaram, mas a merda é a mesma igual hà do tempo do salazar!
A cegueira e ignorância do povo é que tem mantido estes pilantras!
Qualquer dia vai uma verdadeira revolução, não com cravos mas com balas verdadeiras e estes anónimos verão o que lhes acontece!

Anónimo disse...

Periquito. Abstenho-me de comentar a "merdice" que sai de cabeças anónimas.