O patriarca Policarpo consagrou Lisboa à Virgem Santíssima como quem adjudica uma ilha tropical para oferecer à amante. Consagrando-lhe a cidade, oferece-lhe crentes e ateus, virgens e delambidas, polícias e ladrões, drogados e passadores, igrejas e lupanares, casinos e escolas, como se a cidade fosse uma coutada da ICAR e as pessoas os animais de um jardim zoológico de que a diocese fosse a proprietária.
Um destes dias o xeique Munir sai desembestado da mesquita para consagrar a cidade a Maomé e, se a moda pega, solta-se da sinagoga um rabino que consagra Lisboa a Yavé.
Por que é temos que assistir impávidos a este espectáculo de exploração das fraquezas humanas, esta traficância dos nossos medos e impotências, a padralhada toda na rua, em Portugal, república, canta-se "rainha de Portugal"
e "enquanto houver Portugal"... Esta padralhada é estrangeira?
Uma postura completamente diferente tem ateus e agnósticos que não se arrogam o direito e a legitimidade de consagrar uma cidade à fé (ou falta dela) de uns quantos. Nós não nos cremos legitimizados para impor um acto simbólico dos ateus e dos não crentes a uma cidade inteira!
Um destes dias o xeique Munir sai desembestado da mesquita para consagrar a cidade a Maomé e, se a moda pega, solta-se da sinagoga um rabino que consagra Lisboa a Yavé.
Por que é temos que assistir impávidos a este espectáculo de exploração das fraquezas humanas, esta traficância dos nossos medos e impotências, a padralhada toda na rua, em Portugal, república, canta-se "rainha de Portugal"
e "enquanto houver Portugal"... Esta padralhada é estrangeira?
Uma postura completamente diferente tem ateus e agnósticos que não se arrogam o direito e a legitimidade de consagrar uma cidade à fé (ou falta dela) de uns quantos. Nós não nos cremos legitimizados para impor um acto simbólico dos ateus e dos não crentes a uma cidade inteira!
9 comentários:
Estrelito:
"Uma postura completamente diferente tem ateus e agnósticos que não se arrogam o direito e a legitimidade de consagrar uma cidade à fé (ou falta dela) de uns quantos. Nós não nos cremos legitimizados para impor um acto simbólico dos ateus e dos não crentes a uma cidade inteira!"
Então não perca a (sua) razão fazendo igual à blogosfera inteira.
Vai lá quem quer e quem gosta, que eu saiba o Policarpo não obrigou ninguém.
Com que legitimidade se pode criticar tanta gente (!) e apelidar de "espectáculo de exploração das fraquezas humanas" o referido acto?
Acha que toda aquela gente sabe menos do que nós?
Onde está o respeito pela igualdade de expressão nas suas palavras?
É preciso muita tolerância.
Sempre, e em tudo.
Não somos juízes nem sabemos mais do que alguém.
Tenho-me por uma pessoa tolerante e respeitadora dos direitos e ideias diferentes das minhas. Defendo o direito de liberdade religiosa e também o direito a não ter religião nenhuma, mas também acho que tenho o direito de me defender da agressão ideológica que as religiões fazem ao invadir e apropriarem-se de pessoas e lugares como se de uma coutada se tratasse.
Portugal é uma república laica e as religiões tem o seu lugar de culto, tem que saber respeitar isso.
Neste espaço, que sendo público, não penso que invada a propriedade de ninguém, sinto que tenho o direito de defender o meu pensamento e criticar atitudes que acho estarem em contradição com a lei e os direitos cívicos.
Reconheço para mim, para si e para o patriarca os mesmos direitos. Eu não vou difundir a minha falta de fé a nenhum lugar de culto, por isso deixem-me quieto no meu canto.
Que as religiões exploram medos e impotências para ganharem terreno e crentes é um facto que a história documenta, cada um é livre de seguir o seu caminho, mas eu também sou livre para dizer que não vou por aí.
Mais uma vez pensamos diferentemente, eu não me sinto pressionada de todo, nem acho que haja agressão ideológica por parte da Igreja. Só lá vai quem a procura, não é ela que vem às pessoas.
Curioso é que «incomode» tanto quem não acredite.
Mas é a si que incomoda e não a mim, por isso está no seu direito, contando que saiba explicar o que diz entender por «factos históricos» e contextualizados, de preferência.
Não acredito que pense que só se crê por medos e impotências...! Isso é tão... tão... minimalista, tão chavão, tão irreflectido, tão ofensivo, tão redutor!
Como se eu como crente, por exemplo, necessitasse de fundamento pela minha acção ou de justificação por «salvação divina»!
Bom, mas à frente.
Diga-me, essa sua «inquietação» é apenas pela matriz judaico-cristã ou pelas religiões em geral?
“Só lá vai quem a procura, não é ela que vem às pessoas”. No caso em apreço é falso. Com a agravante do patriarca ter dito textualmente que se as pessoas não íam à igreja esta ía ao encontro das pessoas e que consagrava todos: crentes, não crentes, governantes e governados, etc. Diga-me lá se não é um abuso.
Não discuto a fé de ninguém, por ser isso mesmo e eu não tenho fé. Fé tem-se ou não, não tem discussão.
Posso ser redutor, mas na minha opinião toda a história da igreija assenta numa cultura de medo e castigo e dispenso-me de promenores. O espantalho do inferno condiciona a vida das pessoas e cria um terreno fértil para a expanção da doutrina.
A ”minha inquietação”, para seu descanço, é com as religiões em geral, elas todas detentoras da verdade absoluta e os seus pregadores (representantes de Deus na Terra) convencidos que são donos de tudo e todos, inclusivé das consciências.
Isto da religião, para mim, é mesmo minimalista, ou se tem fé e se acredita ou nada feito, depois é saber respeitar os direitos duns e doutros. Devia ser como diz: “Só lá vai quem a procura, não é ela que vem às pessoas”. Esse foi o tempo das Cruzadas e da Evangelização.
Ok, de facto há quem diga isso, mas acho que só quem tem verdadeiramente fé é que procura a igreja (se achar que deve), os outros todos são arrastados por tudo além religião.
Também é verdade que a religião Católica - Igreja, está ligada a essas ideias de castigo/culpa/perdão e sofrimento, daí tb n ter muita simpatia pela Católica, mas sim pela Cristã. São coisas diferentes a discutir.
Uma coisa são instituições, outra as ideias.
Mas tem razão, religião não pode ser discutida em posts. Melhores alturas virão.
Boa noite! :)
As religiões (plural) ou a não crença nestas são sempre um assunto muito delicado, porque o ser humano assenta na fé (qualquer que ela seja, mesmo que essa fé nada tenha de religioso) boa parte do que promove a sua energia vital. Claro que a fé é independente do clericalismo, e pode estar até associada a um anticlericalismo.
Podemos considerar que é um abuso das fés maioritárias de um país consagrarem uma cidade à sua crença, tendo em conta que há minorias religiosas no seio dessa mesma cidade ou mesmo ateus e agnósticos. Mas não me toca assim tanto (nem às outras minorias que conheço). E quanto aos ateus... Se são ateus, que lhes interessa? O meu irmão, ateu convicto, nem olha nem se rala... Deixa andariiii! ;)
Ok, assunto encerrado, mas penso que há aí uma confusão já que actualmente, existem três grandes ramos do cristianismo: o Catolicismo, que agrega o maior número de seguidores, surgido na época do Império Romano, por confronto com a Ortodoxia, da qual se demarcou no início do século XI; e o Protestantismo, que também rompeu com o catolicismo no movimento conhecido por Reforma, no século XVI, e que engloba grande número de movimentos e igrejas distintos. O cristianismo está ramificado em diferentes igreijas, não está propriamente estruturado como religião.
Caro estrelito, espero que tenha lido o artigo da wikipédia até ao fim. :)
Efectivamente foi aí que fui confirmar que cristianismo não é propriamente uma religião. Parecendo-me que o seu post não estava correcto quis dar-lhe essa informação sem erro. Ainda bem que confirmou.
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