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sábado, dezembro 10, 2005

Louçã abana Cavaco


Até que enfim! Desta vez foi um debate a sério. Ficou muito por discutir e aprofundar mas também pela primeira vez, Cavaco Silva foi obrigado a dizer mais do que pretendia, a sair do discurso redondo e a clarificar algumas posições.

Cavaco Silva foi confrontado com o período em que foi chefe de governo e o país recebia cinco milhões de euros de fundos comunitários por dia e o preço do barril do petróleo caíra significativamente e não soube fazer as apostas certas na formação, na educação, nas qualificações, ou nas tecnologias que agora tanto se reclama. Francisco Louçã também demonstrou que nesse período as injustiças e as desigualdades aumentaram, apresentando números que não foram questionados.

Cavaco Silva deixou implícito que defende a liberalização do desemprego e não tem propostas ou ideias sobre a sustentabilidade do sistema de Segurança Social a não ser o aumento da idade da reforma. Surpreendentemente, Cavaco Silva, mete o pé na poça onde menos se espera ao preconizar estudos sobre o estado da Segurança Social quando estes estão feitos e são credíveis. É extraordinário como um economista e candidato presidencial desconhece os problemas na sua extensão e alvitre soluções.

Também ficou demonstrada a insensatez de querer intervir na governação com sugestões de propostas de lei, como foi desmontado por Louçã, pois na primeira vez que isso acontecesse, duas coisa podiam acontecer ou o Parlamento era irremediavelmente condenado a um papel subalterno, com os perigos que isso acarretaria, se fossem por aí ou se recusassem, abria-se um conflito institucional.

Também sobre as escutas Cavaco Silva sugeriu propostas contra as escutas ilícitas quando elas já existem, não são é aplicadas.

Do mesmo modo ficou implícito o seu apoio à cimeira das Lages que lançou a guerra no Iraque e também o apoio à própria guerra, embora no quadro das Nações Unidas.

Mas ainda muita coisa ficou por dizer, mas Cavaco Silva já disse mais alguma coisa que ajuda a perceber o seu pensamento.

Francisco Louçã falou claro, as suas ideias não tem duas interpretações.

Sobre o aumento da idade da reforma, sobre a segurança social (o único candidato com propostas concretas no seu programa mas que não puderam ser aprofundadas), sobres as prioridade do País, (a defesa de politicas de criação de emprego e qualificações e o ataque ao desemprego), o não apoio à intervenção portuguesa no Afeganistão e no Iraque e não fugiu a questões, como o casamento de homossexuais ou a legalização dos imigrantes com base no direito de solo.

O debate mostrou duas personalidades e duas visões do mundo e nesse sentido foi esclarecedor.

Francisco Louçã soube ser acutilante, persuasivo, elevou a qualidade do debate, falou olhos nos olhos, cara a cara, com segurança e com conhecimento dos assuntos e obrigou Cavaco a abrir-se mais do que queria.

Cavaco Silva estava tenso, atemorizado, titubeante, surpreendido, nunca olhou para o adversário, (ao contrário de Louçã que procurou o debate mais solto) e cometeu alguns lapsos, sendo que em determinados momentos, de tão confundido, pareceu que ia encostar às boxes. Soube reagir na segunda parte do debate mas sem conseguir sair da mediania e fugindo, algumas vezes, às questões, refugiando-se no que estipula a Constituição.

Julgo que este debate conseguiu encostar Cavaco Silva à direita, retirando-lhe apoios ao centro político-partidário e nessa medida foi um grande contributo para derrotar Cavaco Silva.

Eu espero é que também a candidatura de Louçã tenha ganho alguma coisa!

a hora que há-de vir

9 comentários:

Paulo Ribeiro disse...

É pena que os comentários desta esquerda irresponsável se fiquem pelo 'implícito'. Com esta grande capacidade que têm em adivinhar o que os outros estavam a pensar, mas não disseram, simplesmente porque não era o que estavam a pensar, não compreendo porque razão esta esquerda ainda não chegou ao poder nem, tão pouco, actua na sociedade exercendo cidadania e fortalecendo a democracia de quem, não raras vezes, apregoa ser dona. Mais do que comentários, Portugal precisa de nós, do nosso contributo. Só nós podemos fazer alguma coisa por Portugal.

Fernando disse...

Implícito não é o mesmo que acto de adivinhar. Implícito quer dizer que está contido, mas não expresso claramente por motivos tácticos. Mas se Cavaco não quisesse dar origem a equívocos era claro nas afirmações e já não suscitaria interpretações diversas, mas isso ele não está interessado. O Paulo Ribeiro (simpatizante ou militante do PSD) é muito novo e não sabe o período de terror que ocorria nas empresas durante o tempo em que o Cavaco governou. Terror está propositadamente sem aspas, porque era isso que acontecia na verdade e eu posso testemunhar isso com o que se passava na Portugal Telecom com a admnistração liderada pelo Engº Todo-Bom. Perseguições e afastamento das pessoas que não era da cor, não tenha a menor dúvida. Mas o Paulo Ribeiro deve ser novo e não conhece estas realidades de muitas empresas e no país, enfim. Também o facto de ser do partido, deve toldar-lhe o pensamento. É natural.

Anónimo disse...

sr fernando com a sua sapiencia formatada pela idade, não sabe concordar com nada de x em quando? já lhe ocorreu que se pode ter enganado em outras épocas e ter transportado a coisa consigo durante anos? seja tolerante e ouça o que os outros tenham a dizer.
nao elimine ou anule os outros apenas com o argumento "idade".

Anónimo disse...

Tenho frequentado assiduamente este blog porque considero um espaço excelente para a troca de ideias.
Não me tenho pronunciado, embora, por vezes, me venha cá umas "ganas" para comentar certos "posts"...
Como a paciência tem os seus limites e varia na razão inversa do estado frenético, resolvi "entrar em cena".
Caro Paulo Ribeiro; esta esquerda irresponsável, como lhe pretende chamar, é, felizmente, o garante do que resta de democracia neste País. Se ser irresponsável é dizer a verdade, apontar o que está mal e indicar quais são as soluções, o Paulo conseguiu uma evolução semântica no léxico.
Esta esquerda não chegou ao poder porque a máquina da intoxicação é muito poderosa e a meia dúzia de gananciosos que dominam este País, em proveito próprio, não está com meias medidas para atingir os seus fins.
A esquerda não é dona da democracia. É sim a sua defensora.
Quanto à cidadania. Quer maior maior exercício que o que tem sido feito? Também eu. Mas se alguém o tenta fazer é essa esquerda, porque para a direita... cidadania(!?) é fugir dela.
Oh Fernando. Não te queiras tornar velho antes do tempo porque podes ficar "rabuja". O problema do Paulo não é a idade, é a intoxicação político-partidária.
Felizmente a esquerda moderniza-se enquanto a direita liberal enquista e regride. O problema é que ao enquistar tende a criar um tumor maligno que impede o País de se modernizar.

Anónimo disse...

Vermelho!!! Eu bem te disse que o Louçã é a pedra fulcral para a derrota do Cavaco. É o único que consegue jogar no campo do adversário como em sua casa.
Em currículo está avançado anos-luz. Argumenta com factos reais. Aponta a resolução dos problemas.
Utiliza os próprios dados da direita para explicar como é possível ultrapassá-los pela esquerda. Assume a posição de Estado dum P.R. Desmonta os verdadeiros desígnios da candidatura sinistra do aprendiz de Salazar. Alerta para o perigo dos incidentes institucionais entre P.R. A.R. e Governo que resultarão da eventual eleição daquela figura que de perfil de P.R. não tem ponta por onde se pegue.
Mas, à candidatura de Louçã não será feita justiça embora seja o único que se apresenta com perfil, frontalidade, capacidade técnica, capacidade intectual, sentido de Estado e determinação. Nenhum outro candidato reúne todos estes predicados de forma tão evidente.
Mas não tenhas ilusões. A candidatura do Louçã vai impedir que Cavaco ganhe à 1ª.volta, mas a comunicação social já tem o seu esquema montado para que seja Soares a passar à 2ª.
Já percebi que pensas votar (in)útil. Só espero que depois da lição, seja pela última vez.

Fernando disse...

Ó anônimo, mas claro!.. Quem não se engana ou ramente tem dúvidas é Cavaco Silva. Não posso é concordar onde discordo, só para lhe fazer a vontade. A questão da idade só veio a lume, porque não quiz fazer juízos de intensão ao Paulo Ribeiro e apenas atribuir às suas opiniões, o desconhecimento do que foi o período de governação de Cavaco, exactamente por não ter vivido esse tempo e uma, presumo experiência profissional. Não mais do que isso. E naõ tenho que tolerar as outras opiniões, tenho que as aceitar, tão-só, apesar de dela discordar, Sr. Anônimo. Aliás a provocaçãozita vem desse lado ao chamar a esta esquerda de "irresponsável" ou que não "actua na sociedade exercendo cidadania", isto sim um insulto a que recusei responder, mas que o Mário agora e muito bem trouxe à liça.

Paulo Ribeiro disse...

Caro Fernando, é lamentável que os argumentos que se encontram para rebater opiniões sejam os da idade. Nesse ponto, nada posso fazer e, devo dizer-lhe, fico muito satisfeito. No entanto, aquilo que me chama atenção nos seus comentários é a utilização da palavra 'terror'. A mim, o que me aterroriza é ver pessoas da sua idade, que viveram antes do 25 de Abril e antes da queda do Muro de Berlim dizerem "não tenho que tolerar as outras opiniões".

Fernando disse...

O melhor é ser sério, Paulo Ribeiro, até porque não estou interessado ou a pensar convencê-lo nem a alimentar discussões estéreis. Não me venha dizer que estou a usar a idade para rebater a sua argumentação,porque não é verdade, nem isso pode ser argumento. Até porque há pessoas mais novas no BI e muito "velhas"... no resto. A idade só veio para o "justificar" dado que não viveu esse tempo, como eu e muitos de nós. Pelos vistos, teria sido melhor ir pelo lado que foi o Mário. Mas esta situação veio evidenciar que o Paulo Ribeiro, está a ser mal-intencionado, primeiro ao confundir implícito, com adivinhação, depois ao atacar a esquerda de forma reles, a seguir ao usar distorcidamente a idade como arremesso e agora propositadamente, porque não me parece que seja por má desconhecimento do Português, por fim, ao não querer perceber a distinção ente tolerância e respeito pelas posições contrárias.

Tolerância é :
qualidade de tolerante;
acto ou efeito de tolerar;
atitude de admitir a outrem uma maneira de pensar ou agir diferente da adoptada por si mesmo;
acto de não exigir ou interditar, mesmo podendo fazê-lo;
permissão; paciência; condescendência; indulgência;

Respeitar é:
tratar com reverência ou respeito;
ter em consideração; honrar; temer;
poupar; não lesar; atender a;

Percebe agora porque uso a palavra respeitar em vez de tolerar.

"Não tenho que tolerar", diz que eu disse. Acrescente se faz favor o resto " só tenho que aceitar" que assim é que está completo.

Não manipule porque isso é que eu não tolero.

Fico-me por aqui e peço compreensão ao VemelhoFaial por estar usar este espaço para prestar estes esclarecimentos.

Anónimo disse...

As coisas ditas na hora certa e no local certo têm sempre o seu mérito e certamente serão bem aceites pelo Vermelho.
Não sei é se vale a pena, neste caso.
Há os que têm dificuldade e há os que não querem.
Os ignorantes (porque não sabem, mas podem aprender) e os burros (porque podem, mas não querem).