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domingo, dezembro 04, 2005

País velho e miserável

O governo acabou de anunciar os aumentos das pensões para o ano de 2006. De acordo com o comunicado que se encontra disponível no site do Ministério do Trabalho, os aumentos são os seguintes:

A pensão média de 796.725 reformados que recebem as pensões mínimas do Regime Geral aumentará apenas 10,21 euros, ou seja, 34 cêntimos por dia, pois passará de 236,05 euros para 246,26 euros.

A maioria dos reformados deste grupo receberão apenas 223,2 euros, já que os que recebem este valor representam 59,4% do total. O número de reformados que receberão pensões inferiores a 300 euros por mês soma 729.299, ou seja, 91,5% do total.

A pensão média englobando a Pensão Social e a dos Agrícolas aumenta apenas 7,05 euros, ou seja, 24 cêntimos por dia. Se considerarmos individualmente cada uma destas pensões, o aumento por mês varia entre 6,7 euros e 8,26 euros por mês, o que é um valor muito baixo.

Em 2006, menos de 60.000 reformados, com mais de 80 anos, receberão a chamada pensão extraordinária prometida pelo eng. Sócrates durante a campanha eleitoral para todos os pensionistas que estivessem abaixo do limiar da pobreza, ou seja, que tivessem um rendimento mensal inferior a 300 euros. No entanto, em 2006, mais de 1.100.000 reformados receberão pensões inferiores a 300 euros por mês.

De acordo com a mesma informação constante também do referido site, os restantes reformados que recebem pensões superiores às mínimas, que são mais de 1.700.000, verão as suas pensões aumentar apenas em 2,3%. Em 2006, a taxa de inflação aumentará, segundo o Banco de Portugal, em 3% e, segundo o FMI, em 2,5%. Como consequência, estes reformados verão o poder de compra das suas pensões diminuir.

A juntar a tudo isto, há que acrescentar os trabalhadores aposentados da Administração Pública, que ultrapassam os 500.000, e cujo aumento das pensões depende do aumento das remunerações dos trabalhadores do activo. Como nos últimos anos estas têm aumentado menos que a taxa de inflação, as pensões destes trabalhadores têm perdido poder de compra. E poderá suceder o mesmo em 2006.

2 comentários:

Anónimo disse...

Execelente trabalho com números, percentagens e totais. Mas o que eu gostaria mesmo era de um trabalho igual enumerando aqueles que tem reformas superiores a 5.000E (mil contos), para se perceber verdadeiramente o porquê da miséria destes pensionistas! Eles comem tudo...

Caiê disse...

Isso faz-me lembrar uma reportagem que vi há cerca de 7 anos atrás, sobre um velhote, creio que de Trás-os-Montes, que, por um qualquer erro, recebia a modesta pensão mensal de 30$00. Sim, e recebia-a pontualmente. Como ele próprio disse "Um homem tem vergonha de ir buscar uma reforma destas!"