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segunda-feira, dezembro 12, 2005

Mãe solteira, provável presidente do Chile

O poder quase absoluto da Igreja Católica no Chile, um país onde o divórcio só é possível desde o ano passado, está prestes a conhecer o seu primeiro contratempo desde o assassinato em 1973 do presidente Salvador Allende durante o golpe de direita, chefiado pelo general Pinochet, um católico exemplar.

De facto, o resultado das eleições de domingo é quase o equivalente a uma revolução pacífica, inesperada neste país sob tão marcada influência da Igreja de Roma. Assim, os resultados preliminares indicam que Michelle Bachelet , mãe solteira, de 54 anos, que nas suas próprias palavras encarna «todos os pecados capitais - socialista, a filha do seu pai, divorciada e ateísta» será muito provavelmente a primeira presidente chilena.
A socialista Michelle Bachelet venceu a 1ª volta das eleições presidenciais realizadas no ontem no Chile, com 45,95% dos votos e deverá disputar a 2ª volta em 15 de Janeiro contra o direitista Sebastián Piñera, que obteve 25,41%. O também direitista Joaquín Lavín, da União Democrata Independente (UDI), conseguiu 23,22% e o esquerdista Tomás Hirsch 5,4%.

O pai que ela menciona como um dos seus pecados capitais foi um general progressista da Força Aérea chilena que fez parte do governo de Salvador Allende em 1972 e que morreu de ataque cardíaco quando torturado pelos algozes de Pinochet, um ano depois do golpe de estado.
Michelle e a mãe foram enviadas para o infame centro de tortura Villa Grimaldi mas as suas ligações com os militares evitaram que tivessem o destino de tantos milhares de chilenos desta época negra do país e partiram para o exílio.

Em 2000 o presidente Ricardo Lagos, nomeou Michelle ministra da Saúde, cargo que abandonou dois anos depois quando passou a ocupar a pasta da Defesa.

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