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domingo, março 27, 2005

E viva o teatro


Vinte e sete de Março é internacionalmente comemorado como o Dia Mundial do Teatro. Retrocedendo no tempo, anterior ao período cristão e que marca o nosso actual calendário, vamos encontrar a Grécia Antiga, palco florescente de todas as artes, em especial a arte cénica. Talvez por falta de um material mais consistente que remonte aos tempos de Téspis, encenador e dramaturgo que se ocupava de uma carroça para concretizar seus espectáculos em praças públicas, de uma cidade para outra, os grandes historiadores do teatro concentram-se na tragédia grega como o ponto inicial dessa arte que até hoje sobrevive a todas as guerras e dificuldades.
Para alguns desses historiadores, a tragédia teria nascido de um culto, junto ao altar de algum deus, e que seria uma das maravilhas espirituais do mundo marcando a união de drama e povo, afirmando e fortalecendo a Grécia de então. Para eles, drama tem o significado de acção e, entre todas as acções dramáticas, a tragédia seria a jóia de maior preço.
Sentiram, que não chega aquilo que na terra nos é oferecido como compensação de aflições íntimas. Sentiram muito mais: a divindade que não responde ao suplicante, por que não se pode colocar em palavras aquilo que ela nos poderia responder, já que as palavras não passam de uma invenção humana, e nada mais são do que metáforas.
Tudo isto alimentou a tragédia antiga, a cujo campo pertencem os conflitos entre a moral e a paixão, a lei e o direito natural, a medida e o orgulho, entre o conhecimento e um impulso inconsiderado que nos tenta levar às estrelas. Da hipertrofia do eu, que resultam as exigências que visam o mundo e raras vezes serão satisfeitas. E, de contrários duros e inexoráveis, nasce a tragédia, a flor escura e turva onde as gotas do orvalho são lágrimas de um deus compassivo.
Na decorrência desta criação artística do homem, seguiram-se as várias nuances da arte cénica, desenvolvidas através da comédia grega, do teatro greco-romano, dos mistérios medievais, o drama do renascimento e a comédia dell´arte, o drama pastoril e os dramas populares, o drama shakespeariano, o mimo, a ópera barroca, o teatro popular do barroco, a dramaturgia francesa de Racine, Corneille, Moliére, o drama alemão do iluminismo, a dramaturgia revolucionária do romantismo e do realismo, a dramaturgia burguesa, o drama social, o expressionismo e tantas outras vertentes desta arte que retrata o quotidiano das nações e da raça humana.
Pelo tanto de história, e pelo valor que representa na formação e educação cultural da sociedade, brindemos neste 27 de março a mais um Dia Internacional do Teatro, aproveitando para exigir aos nossos governantes no sentido de que, dediquem parte do seu tempo a promover a produção cultural deste país. Como dizia Garcia Lorca, "um povo que não ajuda ou não fomenta o seu teatro, se não está morto, está moribundo."

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