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terça-feira, fevereiro 27, 2007

E que o Senhor te acompanhe, Amen


É realmente fantástica a campanha existente para que, o funcionário BCP/Opus Dei, se mantenha como Director Geral de Impostos e o parco salário de mais de 23.000 euros mensais. A sua competência é endeusada e os resultados alvo de sonoros aplausos.
Mas, estranhamente parece que esta ideia é mais uma ilusão criada que uma realidade.

Num excelente post colocado no blog “O Jumento”, encontrei os seguintes números sobre a evolução da receita desde 1996, segundo os dados da Direcção-Geral do Orçamento:
1996-1995: + 7,6%
1997-1996: + 10,4%
1998-1997: + 10,1%
1999-1998: + 8,1%
2000-1999: + 7,7%
2001-2000: + 4,4%
2002-2001: + 9,4%
2003-2002: + 1,6%
2004-2003: - 0,2% (Paulo Macedo)
2005-2004: + 5,1% (Paulo Macedo)
2006-2005: + 7,2% (Paulo Macedo)

Por estes números pode-se ver o embuste que existe sobre o assunto. Mas para um melhor esclarecimento pode ler todo o texto sobre o assunto [AQUI].

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Rei das Bananas e dos Tomates


Este carnaval, Alberto João não precisou de fantasia para ser eleto o Rei das Bananas e dos Tomates.
Depois de "Proclamar" que os portugueses que aceitaram o resultado do Referendo não tinham testículos.
Aproveitou, agora, a quadra e veio mais uma vez desfilar de "Salvador da Pátria" madeirense. Empunhando o espantalho das Finanças Regionais, dá um "golpe de estado", pretendendo convocar e transformar uma eleição antecipada num plesbicito salazarista, concentrando, por via dos votos, o poder totalitário nas mãos do Rei do Arquipélago das Bananas e dos Tomates.

domingo, fevereiro 18, 2007

Muita Saudade, Meu Velho!

A vida passa e a saudade
passa a ser a vida ausente,
- é uma vaga claridade
de um clarão de antigamente...

Saudade boa é a que existe
na espera... que há de chegar...
Mas há uma saudade triste
que fica sempre a esperar...

O tempo tudo desbasta
mas nem a tudo desfaz:
a saudade não se gasta
com o tempo aumenta mais!

Sentir saudade, não é
ser infeliz, - pensa bem,
- mais infeliz é quem nunca
sentiu saudades de alguém.

De JG de Araujo Jorge

Não façam pouco do Zé


E não é que agora vem este "genecologista dos números" também querer fazer uma leitura à Marcelo, do resultado do referendo, participando dum boicote organizado por parte de quem não aceita o resultado expresso nas urnas.
Defendo que a mulher seja aconselhada e informada das alternativas a que tem direito, mas não concordo, e isso estava bem claro na pergunta do referendo, que o aconselhamento seja obrigatório, nem que os médicos sejam transformados em novos policias ou juizes organizados em comissões. O médico, obrigatoriamente, deve estar disponivel para o aconselhamento, mas a mulher, nas primeiras 10 semanas é livre de pedir ou não essa ajuda.
Saber respeitar o voto do Zé Povinho, é o que se exige a Cavaco. Agora quem tem a responsabilidade de fazer uma lei equilibrada é a Assembleia da República. Quanto a Cavaco, não desequilibre, por favor. É essa a sua responsabilidade.

domingo, fevereiro 11, 2007

Venceu a DIGNIDADE

 
A vitória do SIM vem resolver um grave problema de saúde pública e mostrar que Portugal já não é um protectorado do Vaticano.

É a derrota da Igreja Católica às mãos do povo português, a primeira humilhação do clero pelos eleitores, o desprezo pela Conferência Episcopal Portuguesa, o vilipêndio do Papa e o desdém pelas lágrimas de sangue com que a Senhora de Fátima sujou as caixas de correio dos portugueses.

Em primeiro lugar foi uma vitória das mulheres que se libertaram da clandestinidade e dos riscos que lhe estavam associados: perigo de vida, perseguições judiciais, devassa da vida íntima e humilhações cruéis.

Ganharam depois todos os que defendem uma maternidade consciente e desejada, sem estigmas nem medos.

Há agora condições legais para ajudar as mulheres e evitar o recurso à praga do aborto, para relançar uma política de apoio à maternidade, sem a impor, para que a gravidez ou a sua interrupção sejam medicamente assistidas e não policialmente vigiadas.

Esta é uma vitória civilizacional que colocará a lei portuguesa a par da dos países mais laicizados da Europa, dos EUA e do Canadá, deixando a companhia pouco estimável da Polónia, Malta e Irlanda.

Finalmente, o pecado deixou de fazer parte do Código Penal e os clérigos da polícia dos costumes. A vocação totalitária da Igreja romana pereceu nas urnas com padres-nossos, missas, terços e novenas desperdiçados na campanha terrorista do Não. Nem as hóstias deglutidas pelos beatos ajudaram.

A fraude de Deus foi posta à prova. Os cidadãos derrotaram o Deus misógino que odeia o sexo e a liberdade.

um artigo de Carlos Esperança

Exerça, SIMplesmente, o seu direito cívico


 

sábado, janeiro 27, 2007

10 Razões para votar "SIM"


Antes de mais devo esclarecer que uso a palavra aborto sem preconceitos, é-me indiferente que lhe chamem aborto, IVG ou mesmo o termo mais usado pelo povo que é desmancho. Sou contra o aborto e quero que sejam feitos no menor número possível. A realidade é que o aborto clandestino não só é um mal condenável como deve ser combatido com firmeza e neste momento o debate já não está entre a vida e a morte, o haver ou não abortos, o que os partidários do "Não" têm vindo a dizer é que o aceitam e não querem prender as mulheres, desde que seja mantido na clandestinidade.

Deixo aqui as dez razões que me levam a votar "Sim" no referendo:

1 - Porque os partidários do “Não” estiveram tempo suficiente no poder para fazerem prova da sinceridade das suas propostas.

2 - Porque as leis são para aplicar e se for mantida uma pena de prisão é essa que os juízes devem aplicar. A solução do “Nim” apenas serve para liberalizar o aborto clandestino.

3 - Porque os custos psicológicos e físicos de um abordo clandestino, perseguido judicialmente e condenado socialmente são infinitamente maiores.

4 - Porque se os custos do aborto clandestino forem todos contabilizados (custos administrativos da polícias e tribunais, custos do tratamentos no SNS, perdas de horas de trabalho, etc.) são superiores ao do legal.

5 - Porque não me cabe a mim condenar uma decisão que à mulher diz respeito e muito menos impor as minhas convicções éticas ou religiosas não aceites pela generalidade da sociedade como padrão do direito penal.

6 - Porque o aborto clandestino estimula a criminalidade e favorece a evasão fiscal. Admitir o aborto clandestino ao sugerir que se mantenha a lei e fechem os olhos é alimentar o mercado paralelo da saúde.

7 - Porque desejo que o aborto clandestino seja combatido sem que as vítimas desse combate sejam as mesmas vítimas dessa má solução.

8 - Porque considero que manter a lei à custa da sua ineficácia serve para estimular o aborto mantendo-o à margem da sociedade.

9 - Porque é mais fácil tratar problema no SNS do que fazendo de conta que não existe. É mais fácil ajudar uma mulher atendendo-a no SNS do que mandando-a para a clandestinidade ou sugerindo-lhe que se dirija às instituições de caridade (onde muito dos partidários do “Não” usam para redimir os seus pecados).

10 - Porque não quero que o meu voto seja uma sentença condenatória para mulheres que não tenho o direito de mandar para a prisão, e muito menos que essa prisão sirva apenas para meu conforto condenando pessoas que não conheço em função dos meus conceitos e preconceitos religiosos. Quem sou eu para atirar a primeira pedra?

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Poema pelo "SIM"


De meu tenho este corpo de mulher.
Minhas as mãos
Minha a cabeça
E as pernas
E o ventre
E o sexo.
Tudo o que no meu corpo tenho
Fora e dentro.
É meu!
Minha é a escolha do corpo bem ou mal tratar,
Minha é a liberdade de o viver,
Ou do corpo não querer
Mais a vida e o respirar.
Meu é o sexo
E minha a liberdade de amar rejeitando a concepção.
Porque meu o corpo
E minha a decisão
Do que quero do meu corpo fazer.
Se eu cortar um braço.
Alguém me penaliza?
Se eu cortar uma perna.
Alguém o desautoriza?
Alguém legisla sobre pernas e braços e outras partes do corpo que é meu?
Recuso que o meu corpo seja discutido!
Recuso que o meu corpo seja debatido!
Recuso que o meu corpo seja ofendido
Violado e limitado
Por discursos demagógicos e humilhantes
E ofensivas ameaças de prisão.
Sobre o meu corpo ninguém legisla!
Só eu!
Minha é a escolha de conceber e criar
Ou de recusar
Que um óvulo me cresça dentro.
Porque meu o ventre!
Meu o corpo!
Minha a vida!
Minha a decisão!
E minha a liberdade
De parir ou não!
...
Se eu cortar um braço
Alguém me penaliza?
Se eu me maltratar
Vou para a prisão?


escrito por encandescente

sábado, janeiro 13, 2007

Demagogia barata



Este folheto vergonhoso é apenas uma pequena amostra da campanha de intimidação, completamente sem argumentos e, espero eu, contraproducente da Igreja Católica.
De facto, ao restringir-se estritamente a argumentos religiosos torna-se óbvio para todos que vamos referendar apenas um dogma religioso, que não há uma única razão objectiva - científica, biológica, ética ou de Direito - para criminalizar o aborto.
Só nos países em vias de desenvolvimento ou sub-desenvolvidos encontramos teocracias e sociedades que não reconhecem a mulher como um ser humano de plenos direitos. A construção de um Portugal melhor passa pelo resultado do referendo: a vitória do SIM será igualmente a vitória do Portugal moderno!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Ele há cada uma!

Paulo Macedo, director-geral dos Impostos e quadro do BCP, banco do Opus Dei, que aufere de um vencimento bruto superior a 23 mil euros, encomendou uma missa, supostamente de acção de graças pela DGCI e pelos seus funcionários, para que todos - independentemente da confissão ou falta dela - foram convocados. A cerimónia realizou-se anteontem, às 18 horas e 30 minutos, na Sé de Lisboa.
Fontes bem informadas dizem, que a verdadeira intenção é pedir a intercepção divina no sentido de fazer descer o Espírito Santo sobre as cabeças do Sócrates e o do Ministro das Finanças, por forma a encontrarem uma solução que mantenha o Paulinho das Missas com um vencimento superior ao G.W. Bush.
Até, os defensores da dignidade da carreira politica já vão dizendo que não é o Macedo que ganha muito, mas sim eles que ganham pouco. Assim, a solução poderá passar por actualizar o vencimento do 1º ministro para 23 mil euros e já não será necessário dispensar o Carola das Finanças.

domingo, janeiro 07, 2007

Terrorismo de sapatinhos roxos


Este mundo continua a oferecer coisas insólitas. Há sempre mais uns pozinhos que se adicionam ao impensável. A credibilidade das instituições mede-se também pela tendência de asneirar (numa medida de proporcionalidade inversa). Porventura desnorteada pelo andar dos tempos, e por se sentir cada vez mais desfasada do mundo que existe, a igreja tem-se destacado na arte da tolice. Uma infindável série de tiros no pé, para deleite dos adversários.

O papa falou às hostes por ocasião do novo ano. Da lição de moral constava uma referência ao aborto. Na prédica, Bento XVI comparou o aborto ao terrorismo.As mulheres que praticam o aborto são comparadas a terríveis terroristas que levam a vida de inocentes com a detonação das bombas que covardemente espalham. É uma discussão infindável, a que envolve os partidários e os adversários do aborto: saber se o feto é vida humana, e a partir de que momento o embrião é considerado ser humano portador de direitos que assistem às pessoas. O simplismo da comparação papal é um golpe oportunista: "tal como as vítimas do terrorismo são pessoas inocentes, também os embriões alojados no ventre materno são inocentes a quem as mulheres decepam a existência quando decidem abortar".

Para além de golpe oportunista, é um enviusamento mental. Não há como comparar o que não é comparável: ao nível da violência usada no terrorismo, que não está presente no aborto; o terrorismo leva vidas de pessoas a quem é reconhecida, de forma incontestável, personalidade jurídica, enquanto os embriões que nidificam no ventre materno não têm essa autonomia, são dependentes da mãe que os hospeda; e porque o aborto não é homicídio, como acontece com os resultados do terrorismo. A desorientação da igreja mostra a sua anacrónica veia. Colocar ao mesmo nível aborto e terrorismo pode apaziguar crentes e adversários da legalização do aborto. Com o custo, muito elevado, de não perceberem que escorregam para a desonestidade intelectual. Que seja urgente arregimentar as hostes perante os desafios que a igreja não consegue vencer – nomeadamente, viver a compasso do tempo que corre – é compreensível. Contudo, os devotos católicos são educados para a não contestação dos dogmas. Decerto não terá sido aos fiéis que a mensagem se dirigia. A prédica papal teria como destinatários os que começam a hesitar na fé e as ovelhas tresmalhadas.

A retórica é uma arte sublime. Bento XVI, que por encabeçar a igreja católica tem especiais responsabilidades, devia ter a sensatez de medir as palavras. Para não passar a imagem de um terrorista intelectual que amedronta mulheres mais frágeis que já praticaram o aborto e que, por devoção, hão-de carregar até ao fim da vida o peso do supremo pecado sancionado pelo papa. Isto é terrorismo mental. O seu promotor é um terrorista que armadilha as consciências de quem fica preso às amarras da angústia, depois de escutar as "sempre sábias" palavras papais.

O que falta ao papa (e à igreja em geral) é um consultor de marketing...

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Natal utópico


Imaginei um Natal humanitário, sui generis: sem poluição, sem violência, sem racismo, nem guerras, sem exploradores, sem explorados! Um Natal em que os homens e mulheres independentemente do sexo, da cor, do país de nascimento, da religião que professam, do tamanho, da força física, da inteligência, de credos políticos e ideológicos se dêem a mão como amigos, como irmãos, como iguais.

Um Natal em que os homens resolvam eliminar as armas químicas, bacteriológicas, atómicas, de hidrogénio; abandonar as pesquisas bélicas, desmilitarizar generais e soldados, derreter os tanques, as espingardas, as pistolas e metralhadoras, enfim, todas as armas e com essa matéria-prima fabricar ferramentas, máquinas agrícolas e industriais.

Um Natal com mágicos poderes para apagar todas as leis dos alfarrábios e dos cérebros, transformar os quartéis, seminários, igrejas e prisões em museus e escolas novas destinadas a educar, instruir e despertar a Humanidade só para praticar o bem. Abolir as cercas convencionais, conhecidas por fronteiras, acabar com as nacionalidades, os idiomas que separam, dividem e tornam os homens adversários, inimigos, gerando guerras. Um Natal que eleja o Esperanto como elo de ligação e entendimento entre os seres humanos. Um Universo sem policiais, juízes, advogados, funcionários burocráticos, comerciantes, banqueiros; livre de hierarquias, de homens e mulheres ligados só pelo Amor, associados em comunidades de afinidade, autogestionárias, de grandes famílias capazes de produzir (cada um fazendo o que sabe ou pode e recebendo o que precisa), até alcançar a igualdade de acesso a alimentos, vestuário, transporte, moradia e demais bens materiais, educação, ensino e lazer de forma a proporcionar a felicidade de todos.

Nesse Natal por mim imaginado um homem só valia um homem e como tal todos teriam iguais direitos e deveres. Não haveria lugar para o ódio, rancor, inveja, a ambição, a ganância, ninguém se escravizaria para acumular fortuna, porque o dinheiro e a propriedade privada não existiriam mais, haviam sido abolidos. Seria um Natal sem negociatas, sem ninguém para comprar e vender produtos, indulgências, armas para matar gente e comprar consciências, a boa vontade de funcionários, da assistência médica, dos servidores públicos, enfim, não haveria corruptores, corruptos, nem ladrões...

No meu Natal não existiria gente dormindo nas calçadas, debaixo dos viadutos, nos bancos dos jardins, pocilgas sem luz, sem ar, nem gente estragando alimentos que faltam a milhões de crianças e adultos, num mundo que teimam em proclamar de civilizado e cristão. Cheio de gente se enganando, envenenando e matando mutuamente, robotizadas e alienadas, vivendo em permanente conflito com o Ser e o Parecer, cada um disputando o seu espaço vital, sempre aperfeiçoando estratégias, cada vez mais sofisticadas, para suplantar os menos audaciosos e os mais dependentes.

Seria um Natal sem leis, expressão da vontade dos conquistadores, enunciando como querem eles governar seus súbditos e que os outros lhes obedeçam.

Um Natal onde a felicidade de um fosse a felicidade de todos!

Em suma, imaginei um Natal impossível enquanto os seres humanos teimarem em viver às custas dos seus semelhantes, implantando, para isso, sistemas políticos e religiosos capazes de convencer (por meios "divinos", jurídicos ou na pancada) os menos inteligentes e os acomodados que desde que o mundo é mundo sempre existiram pobres e ricos...

Eu discordo!

A natureza tudo deu de graça aos homens, por isso ninguém pode negar a esse mesmo homem o direito à sua parcela neste mundo que também é seu, que é de todos nós!

Será um Natal utópico, dirão! Mas é o que pode imaginar hoje um ateu: Um Natal de Todos. Humanista, por isso belo.

UM NATAL IMAGINÁRIO - 2ªparte
de Edgar Rodrigues
 

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Feliz Solstício de Inverno


Estamos diante de mais um dia de grandes contrastes, uma data que teve a sua origem na imperfeição do velho calendário, saído, como se sabe, dos solstícios, ou seja, das duas épocas do ano em que se registram alternadamente a mais longa noite e o maior dia.

A época da noite mais comprida é o solstício de Inverno. E como, nos dois hemisférios, as estações são inversas, o que é o solstício de Inverno para o hemisfério norte é o solstício de verão para o hemisfério sul, e vice-versa.

Os antigos ignoravam que existisse uma parte da Terra onde houvesse o verão enquanto os europeus e asiáticos viviam o Inverno. Julgavam que o solstício de Inverno marcava a época da mais longa noite para a Terra inteira.

Em seus mitos solares, faziam nascer o deus Sol no solstício de Inverno, no momento em que os dias começavam a crescer. A sua juventude era no equinócio da primavera. No solstício de verão raiava em todo o esplendor da sua força, e depois do equinócio de Outono, na regressão da sua idade, envolvia-se num escuro invasor.

Entre os povos do Oriente, o sol nascente era representado por um menino no colo de uma Virgem celeste, sua mãe. Os egípcios, em especial, celebravam todos os anos, no solstício de Inverno, o nascimento do pequeno Horus, filho da virgem Isis, e sua imagem era exposta, num presépio à adoração do povo.

A grande imperfeição do velho calendário romano, chamado de Numa, apesar das intercalações periódicas, feitas pelos padres, de um mês completo de tamanho variável, no tempo de Júlio César o ano estava atraso mais de 60 dias da época em que devia ter início. O ditador chamou o astrónomo alexandrino Sosígenes para refazer a diferença.

Para este a duração do giro da Terra em volta do Sol era de 365 dias e 6 horas, dando então origem ao ano de 365 dias com a reserva de 6 horas excedentes para formar um tricentésimo sexagésimo sexto dia a juntar cada 4 anos. Propunha ainda o começo do ano no solstício de Inverno. Mas César, para não chocar os demais habitantes romanos, preferiu que o 1 de Janeiro do ano da reforma Juliana fosse colocado não no solstício mesmo mas no dia da Lua nova imediata. Ora, nesse ano, a Lua recaía 8 dias depois do solstício de Inverno. Isso deu resultado a que, no calendário Juliano, o solstício correspondesse não ao 1 de Janeiro, mas a 25 de Dezembro.

O dia 25 de Dezembro tornou-se, então, no novo calendário imposto ao império romano, como data oficial da festa que celebrava por toda a parte o nascimento do Sol, de Horus egípcio, do Mirtha persa, do Phebo grego e romano, etc.

A Igreja ao sentar-se no trono imperial com Constantino, cerca de um século após a época de Júlio César, aproveitou a festa do solstício de Inverno, do menino Horus nos braços da Virgem Isis para transformá-lo em festa do Natal, que se comemora até aos nossos dias das formas mais extravagantes, possíveis e imagináveis.


Natal é também Província da República da África do Sul, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte e significa nascimento, reunião, festa da família, época de grandes negócios...

UM NATAL IMAGINÁRIO - 1ªparte
de Edgar Rodrigues

domingo, dezembro 10, 2006

Natais do capital

Rádios, televisões, jornais, anunciam, promovem, incitam: «faça já as suas compras de natal»! «80% das compras serão feitas na primeira quinzena de dezembro»! «aproveite as promoções»!
As conotações evangélicas da pobreza foram cultivadas durante séculos como caminho seguro para o céu (assumindo a Igreja a boa gestão da caridade e do socorro aos pobres). Mas «pobres», agora, «já não existem». Na sociedade de mercado (capitalista) proclamada como «fim da História» e «fim das classes», só há «excluídos» e consumidores.
Proclamando o advento da «sociedade de consumo», com as correspondentes alterações sociais, económicas, culturais e comportamentais, os interesses dominantes subverteram as imagens e alegorias tradicionais do Natal.
Assim o shopping substituiu com naturalidade o presépio nas imagens de referência, como alternativa virtual para quem não pode materializar os seus sonhos mais profundos.
O shopping reúne, na verdade, uma série de elementos que enchem os olhos de «pós-modernidade» e apetência de consumo. São frequentados até por aqueles que não tem salário. Vitrinas luminosas praticam a economia das diferenças, num ambiente confortável e tranquilo que deixa lá fora a chuva e os conflitos da sociedade. E neles o capital oferece em redoma asséptica o tom de vida apresentado por Huxley no seu livro «O admirável mundo novo».
No quadro da grande operação de retrocesso social em curso os «shopping centers» e as promoções de venda são usados como fonte espiritual obsessivamente apontada a todo o consumidor que almeja comemorar o Natal nos quadros da «normalidade social».
Bom é que as pessoas não desistam de manter os sentimentos que tradicionalmente marcam o natal e o ano novo. Mas necessário é que não esqueçam os presentes de natal que o governo PS está embrulhando para pôr no sapatinho como prenda de ano novo. Como é o caso, por exemplo, do novo orçamento.
Cada vez mais arrogantemente direitos sociais como a educação, a saúde, a segurança social, inerentes ao próprio desenvolvimento da sociedade, são agora sujeitos, pelos sócrates de serviço, às leis do mercado: quem os quiser, tem de os comprar. como se compra a roupa, o carro, o champô.
Na mira do capital surge cada vez mais como alvo a «privatização» do ser humano, como um ser autista, indiferente aos valores da solidariedade, da justiça, da amizade, do amor. Cada vez mais condicionado para se isolar, para não participar em causas colectivas, não acreditar na possibilidade de mudar a sociedade e a vida.
Mas privatizar o ser humano nunca será possível: o ser humano é por natureza um ser social, que só socialmente realiza a sua humanidade. Por isso mesmo haverá sempre quem não aceite que seja posto à venda o direito humano de transformar o mundo.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Sim! Aqui, não há hipocrisia.

A penalização do aborto priva as mulheres de exercerem na sua plenitude os seus direitos sexuais e reprodutivos e é, só por isso, uma questão política. A Carta dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, da Federação Internacional de Planeamento Familiar, afirma, no seu ponto 4, que “todas as mulheres têm o direito de efectuar escolhas autónomas em matéria de reprodução, incluindo as opções relacionadas com o aborto seguro”. A Plataforma de Acção de Pequim, aprovada pelo Estado português, declara, no seu ponto 96, que “os direitos humanos das mulheres incluem o direito de controlar os aspectos relacionados com a sua sexualidade, incluindo a sua saúde sexual e reprodutiva e de decidir livre e responsavelmente sobre essas questões, sem coacção, discriminação ou violência”.
A actual lei de criminalização do aborto é injusta socialmente. É uma lei que aos ricos não afecta porque podem ir fora do país e fazer o aborto. As causas para o aborto são várias: porque as mulheres já tinham filhos; porque eram novas; porque foram abandonadas pelo respectivo companheiro; porque não tinham condições para o criar; ou porque, pura e simplesmente, não queriam. A lei deve, de facto, estabelecer o domínio das garantias da liberdade e da responsabilidade, e não deve procurar impor ou punir comportamentos que relevam da escolha pessoal, familiar ou social. A lei actualmente existente não previne o aborto clandestino, antes acarreta para as mulheres que optam pela interrupção voluntária da gravidez não só danos físicos de abortos feitos em condições clandestinas e deficientes em termos de saúde, mas também danos psicológicos agravados pela criminalização do acto praticado.
Já se arrasta há muito tempo o impasse que é um produto da religião católica. Quem como eu é a favor da despenalização não quer impor nada, quer apenas o direito de opção que poupa o sofrimento e a dor que essa discussão envolve.
Despenalizar a Interrupção Voluntária da Gravidez é a única forma de pôr fim às sucessivas investigações, devassas, humilhações, julgamentos e condenações de mulheres que nos últimos anos se repetiram em vários processos judiciais em Portugal.

domingo, novembro 26, 2006

The Kid

Jerónimo de Sousa dirigiu-se também ao PSD, afirmando que, para o líder social-democrata Marques Mendes, «deve ser muito difícil ser prior nesta freguesia»: «Se faz propostas mandam-no estar calado, se não faz dizem que não faz oposição».

«O problema não está em Marques Mendes, está em quem manda no PSD e quem manda no PSD é o poder económico que acha que Sócrates não só serve como não deve ser estorvado», disse.

Portugal Diário, 18 Novembro 2006

quarta-feira, novembro 08, 2006

Zona de Conforto


Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta: "Eu posso sentar-me como você e não fazer nada o dia inteiro?" O corvo responde: "Claro, porque não?" O coelho senta-se no chão em baixo da árvore e relaxa. De repente uma raposa aparece e come o coelho.

Nota:
Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar sentado bem no alto.

domingo, novembro 05, 2006

É gente desta que o País precisa!


Para entrevistar um grande dirigente, só poderia ser um grande jornalista.
Um grande bem haja, aos dois.
Levantam a moral a qualquer equipa.

domingo, outubro 29, 2006

Salazar - versão Séc. XXI


Está a cumprir-se o desejo daqueles que clamavam por um "novo Salazar".
Apesar de nos deixar chamar-lhe: Mentiroso, Aldrabão, Arrogante e outros epítetos, o "nosso Primeiro", tal como Salazar, vai encher os cofres do Estado, mas vai pôr-nos a pão e água. Só os ricos terão direito à saúde e à protecção social, os outros arrastar-se-ão nas filas dos poucos hospitais e maternidades centrais e nas filas da Assistência Social, à boa maneira salazarista.

Tudo:

"A Bem da Redução do Défice"

quarta-feira, outubro 25, 2006

Blins, porque sim !


Os Blins são os perfeitos criadores do Universo, omnipotentes, omniscientes e omniverdes. São a Origem e o Fim, a Vida e a Morte, o A e o Ya. O blinólogo escolástico São Francisco de Alcabideche declarou em 1208 que os Blins seriam também aqueles alfinetes com cabeça em forma de joaninha que se espetam nas plantas de plástico. Historiadores modernos afirmam tratar-se de um erro na tradução do original hebraico, mas hoje em dia a adoração destes adereços é uma parte importante do culto Bliniano.

Porquê estudar os Blins?

O estudo dos Blins é o mais elevado empreendimento do intelecto humano, pois é a única via para revelar o propósito do Universo, o sentido da vida, e a verdadeira utilidade dos alfinetes com cabeça em forma de joaninha.

Mas não há evidências que os Blins existam, pois não?

A existência dos Blins é uma questão metafísica e transcendente que não pode ser abordada pela ciência, pois o método científico assume à partida uma posição exclusivamente ablínica. Mais, aceitar a existência dos Blins é um acto de fé, e a única forma de receber a Sua graça. Por isso nunca poderá haver argumentos ou evidências que demonstrem a existência dos Blins.

E se a fé não me chega para aceitar que os Blins existem?

Nesse caso, há argumentos e evidências que demonstram a existência dos Blins. Por exemplo, o argumento ontológico. Sendo os Blins os seres mais perfeitos que se pode conceber, e sendo um ser que existe mais perfeito que um que não existe, forçosamente os Blins terão que existir. Podemos também demonstrar a sua existência pelo argumento da afirmação, que diz que os Blins existem porque sim.
As evidências são também claras. O Universo é de tal forma complexo que a sua origem não pode ser explicada pelo acaso, o que prova que é uma criação dos Blins. Também a natureza humana testemunha a existência dos Blins, pois todos os povos e culturas crêem em seres sobrenaturais.

Quantos Blins existem?

O Credo Blim é bastante claro e explícito, dispensando qualquer explicação: «Creio em três Blins, e apenas três. Creio que os Blins são exactamente vinte e seis, e o seu número, que é quantos são, é trezentos e doze. Excepto às quartas feiras.»

Mas isso não é uma contradição?

Não.

Como explicar a existência do vermelho?

Este um dos grandes problemas por resolver na blinologia. Sendo os Blins omnipotentes e omniverdes, a existência do vermelho é algo surpreendente. Será talvez um mistério que ficará para sempre além da compreensão humana. Mas a hipótese mais aceite é que a existência do vermelho foi consequência do livre arbítrio humano, e da escolha que levou à expulsão do Paraíso, onde tudo era verde. Este exercício de vontade que levou a espécie humana a afastar-se da perfeição do verde é relatado com grande beleza nos escritos sagrados Blim, nomeadamente na história de Lucinda, o tremoceiro, e os três porcos cantores.

E o que faz um blinólogo?

Como investigador, o blinólogo pesquisa textos antigos de blinólogos já falecidos, num esforço incessante para rescrever as mesmas ideias em frases ligeiramente diferentes. Este trabalho de leitura e contemplação metafísica tornam-no especialmente apto para se pronunciar sobre temas como a investigação em medicina, genética molecular, contracepção, e a orientação sexual de cada indivíduo.

sábado, outubro 21, 2006

O País está fodido, tem de fazer um aborto!

Numa conferência de imprensa, onde também estava um bêbado ao fundo da sala, um repórter da RTP fez uma última pergunta aos três políticos presentes: -"Meus Senhores, se fossem solteiros, com quem gostariam de casar?"
O primeiro a responder foi Santana Lopes: "Com a Catarina Furtado, a mulher mais bonita de Portugal!"
E o bêbado, lá no fundo, aplaude e grita:
"Isso mesmo, muito bem, casou pela beleza, muito bem!!!"
A seguir, o Presidente Cavaco Silva responde: "Eu casava-me com a minha mulher, porque ela me ama!!!"
E o bêbado, mais uma vez: "Muito bem, é assim mesmo, casamento por amor!
Muito bem!"
Por último, José Sócrates, para ficar bem no retrato, dá a sua resposta:
"Eu casava-me com Portugal pois o meu coração pertence a este país!"
E o bêbado, num grande estardalhaço:
"É assim mesmo, isto é que é um homem honrado: fodeu, tem que casar!!!
Bravo!"

quarta-feira, outubro 18, 2006

Mais um cromo, ou seja, uma besta!

A culpa é dos consumidores !

"Culpa do aumento da electricidade é do consumidor"
O secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação declarou que "a culpa" do aumento de 15,7% da electricidade para os consumidores domésticos em 2007 é do consumidor, porque esteve vários anos a pagar menos do que devia.

O governo justifica este brutal aumento com o congelamento decretado pelos governos, em que as subidas percentuais não poderiam ser superiores à inflação. A EDP diz ter agora um acumulado de centenas de milhões de euros e terá que fazer este aumento.

Falta explicar aos utentes, como a EDP, empresa portuguesa que mais lucros obteve nos últimos anos, vem agora dizer ter um acumulado de prejuízos.

Então a responsabilidade é dos consumidores! Foram eles que decidiram os aumentos nos anos anteriores. Ainda sobre a justificação dos apenas 9% de aumento para as empresas, refere esta anormalidade: As empresas é que fazem a economia logo afecta a sua produtividade. Ou seja, esquece um aspecto nuclear da economia que são os consumidores. "Sem consumo não há economia" Sr. Secretário. Aonde é que andou a estudar para revelar tanta ignorância em tão pouco tempo. São os políticos que temos e que não merecemos.

domingo, setembro 24, 2006

Ninguém é perfeito, mas há coisas que tem de ser ditas

Demora um pouco a ver. Mas vale a pena. Hugo Chavez na ONU em 20 Setembro 2006 - Um discurso para a história?

http://www.youtube.com/watch?v=mwQz6TRtXOgt

E para aqueles que preferirem, a tradução completa está aqui

sábado, setembro 23, 2006

E tudo ficou por resolver...


Foi o "envelope nº9";
Foi o caso "Casa Pia";
Foi o "apito dourado";
Foi o "saco azul de Felgueiras";
O processo da Pequena Joana;
Foi o "processo Freeport";
Foram as fugas dos "segredos" de informação;
E etc, etc......

sábado, setembro 16, 2006

Com pezinhos de lã

A revolta muçulmana contra Bento XVI apossou-se dos países islâmicos tendo como pretexto um discurso papal na Universidade de Ratisbona no sul da Alemanha.

O Papa, que conhece bem a intolerância da sua própria Igreja, citou um diálogo entre o Imperador bizantino Manuel II Paleólogo (1391) e um erudito persa em que o primeiro pedia ao segundo que lhe desse um exemplo de algo de novo que o mundo devesse a Maomé e que só encontraria coisas «más e desumanas» como a «ordem de expandir com a espada a fé que ele pregava».

O Papa acrescentou ainda que a jihad contraria Deus e considerou irracional defender a fé com violência, como se essa não fosse prática habitual das religiões, incluindo a sua.

Logo uma legião de clérigos ululou no Egipto, Irão, Paquistão e Iraque. Que as palavras do Papa «incitam ao terrorismo» - dizem os líderes sunitas, que desconhece a «tolerante religião islâmica» verberam os Ayatollahs do Irão.

E a verdade é que o Papa tem razão. Por mais que agora levante o vestidinho e mostre os sapatinhos vermelhos e as meias a condizer, disse o óbvio ululante. Aliás, os Papas seus antecessores, igualmente santos, pregaram a guerra, «numa das mãos a espada e na outra a cruz», como ora fazem os terroristas dos vários credos, com particular regozijo do Islão, e, de forma mais subtil, os bispos na luta contra a laicidade e o ateísmo.

É uma evidência que o proselitismo anima a clericanalha de um lado e outro. O sangue é o alimento predilecto do Deus de qualquer deles. O martírio é a demência com melhor cotação na bolsa de valores do Paraíso. «Crês ou morres» é a divisa criada pela ambição demencial dos beatos das religiões do livro.

Não se percebe a onda de indignação. É mais um número equivalente ao das caricaturas do boçal pastor de camelos. Da parte do Papa apenas os métodos são mais suaves após a desconfiança e desprezo a que o votaram as sociedades secularizadas.

Mas não se pense que a violência é exclusiva de uma religião particular, é o ópio que anima as multidões de crentes fanatizados na infância pela clericanalha ao serviço de um Deus qualquer para que os homens vivam de rastos e morram de joelhos.

O que está em causa é a liberdade de expressão, independentemente da luta que a clericanalha cristã e islâmica travam pela hegemonia no mercado da fé.

É essa liberdade que o laicismo assegura e que tem de ser defendida.

um artigo de Carlos Esperança,

sexta-feira, setembro 15, 2006

Os "bons", os "maus" e os "anjinhos"

A mentalidade ocidental foi acostumada desde muito cedo a dividir as coisas em dois eixos principais: as boas e as más. Essa mentalidade é muito mais forte nos países de tendências Judaico-Cristãs (tendência que abarca também o Islamismo) do que nos de cultura oriental, porém, mesmo nesses, essa tendência existe e deve ser observada atentamente.
Classificar fenómenos entre bons e maus é uma tendência antiga da mente humana, isso porque esses rótulos facilitam a compreensão do mundo. É fácil dizer que tal pessoa não é confiável porque é má, ou que alguém está com más intenções em relação a algo. O difícil é explicar o que é bem e o que é mal. Torna-se tão difícil definir esses dois conceitos antagónicos por um só motivo: ambos não existem de verdade; são apenas construções baseadas nas ideologias daqueles que as constroem.
Depois dos mil anos de Idade Média Europeia que deram bases à mentalidade dos Europeus que conquistaram e colonizaram a América, influenciando todo o mundo, a moral Judaico-Cristã difundiu se pelo planeta, e hoje nada que destoe muito dela é visto com bons olhos. Por isso, temos uma noção tão definida do que é bem e do que é mal. Mesmo estes conceitos não passando de construções,
Hoje o país mais poderoso do mundo é os EUA e, além de se considerarem o modelo de democracia perfeita, eles ainda são regidos por uma moral mista entre o mais forte Puritanismo Cristão e o Judaísmo Ortodoxo.
Quem governa faz a História, pois a História pertence aos vencedores, sendo assim, para quase todo o mundo, os fatos são vistos como os EUA querem que eles sejam mostrados.
Tomem por bem e por mal aquilo que bem entenderem, mas se compreenderam este texto verão que esses conceitos dependem única e exclusivamente do lado com o qual você simpatiza mais. Se for realmente imparcial, talvez você consiga fazer a seguinte análise:
Palavras de Deus (se é que ele existe):
Quando eu disse Amai ao Próximo como a Ti Mesmo, eu não pensava em fazer com que uns explorassem os outros, matassem em meu nome ou financiassem Estados que servissem de pontos estratégicos para guerras futuras. Porém, por outro, quando meu filho esteve na Terra, disse certa vez “Se te baterem numa face, ofereça a outra”, e não “Se te baterem numa face destrua até mesmo crianças, famintos e doentes inocentes para castigar aquele que te golpeou”.

quarta-feira, setembro 06, 2006

As duas faces da mesma $moeda$

Ninguém saberá ao certo como ocorreu o 11 de Set. 2001.
Todas as pessoas que iam com os terroristas nos aviões estão mortas. O registo das conversas das caixas negras pode estar ou não manipulado. Ninguém saberá jamais todos os detalhes. Dirão uns que foi um grupo de Al Quaida, dirão outros que foi uma conspiração pela própria administração Bush.
Mas o que importa é sobretudo o que daí adveio.
A mudança de orientação, sobretudo ao nível da política externa. A assunção de que os EUA estavam em guerra «contra o terrorismo». O ataque e derrube do regime dos taliban no Afeganistão. A autorização para escutas praticamente ilimitadas e a possibilidade de prender alguém secretamente, sem acesso a advogado durante longo tempo, com a mera suspeita de «terrorismo», o «Patriot Act»...
Depois, a encenação que levou à invasão do Iraque (em 2003) e todos os desenvolvimentos que se conhecem. O alinhamento incondicional do governo britânico, e o apoio da direita europeia mais conservadora (incluindo Asnar e Durão Barroso).
A própria viragem da UE, temerosa de desagradar ao Big Brother USA.
Se foi uma espécie de Pearl Harbour, ou não, nunca saberemos (o supremo comando naval dos EUA tinha interceptado as mensagens dirigidas à marinha e aviação nipónicas: não fizeram nada, tinham assim um «casus belli» para entrarem na IIª Guerra Mundial).

O que sabemos todos é a consequência disto tudo. Guerra e mais guerra.
A guerra que é levada a cabo é declaradamente contra os «terroristas»; porém, duplica-se esta por uma guerra económica dos ricos contra os pobres, os cada vez mais pobres.
A globalização capitalista mata muito mais num dia, do que todas as bombas de terroristas juntas.

Os terrorismos de grupos diversos e o terrorismo de Estado, complementam-se. Os objectivos de uns não seriam possíveis sem a actuação dos outros.
São quase a sua própria imagem em espelho: apenas uns têm meios muito mais potentes do que os outros.
O terrorismo é o maior amigo dos estados capitalistas e imperialistas. Estes sabem bem que têm de o «cultivar» á socapa, têm de o alimentar, com medidas que apenas servem para o inflacionar, pois é graças ao pretexto terrorista que os Estados se tornam cada vez mais fascistas.
Isto com a passividade, indiferença ou mesmo aplauso entusiasta dos cidadãos... salvo uma pequena parte que não perdeu a lucidez mental...

Se achas que pertences a este último grupo, não cedas às manipulações...
e não caias nas argumentações idiotas de uns e de outros.

Manuel Baptista

domingo, setembro 03, 2006

Não há miséria que não dê em fartura!



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«O SISTEMA de ensino em Portugal tem nada menos do que 2071 manuais escolares. Do 1º ao 12º ano é este o número de livros que os alunos podem escolher com preços que variam entre os dois e os 32 euros. Só até ao 4.º ano (antiga 4.ª Classe) temos 333 livros. Mas nenhum passa por qualquer crivo ou acreditação oficial, apesar de desde 1990 a lei exigir a avaliação dos livros escolares.»

sexta-feira, agosto 25, 2006

Se vires as barbas do vizinho a arder....

Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei com isso.
Eu não sou comunista.
Em seguida levaram alguns operários,
mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas não me importei com isso.
Eu não sou sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes,
mas como não sou religioso,
também não me importei.
Agora estão me levando,
mas já é tarde.

Bertolt Brecht

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Primeiro despediram os funcionários públicos,
mas eu não me importei,
não sou funcionário público.
Depois proibiram a greve dos professores,
mas eu não me importei,
não sou professor.
Depois proibiram a manifestação dos militares,
mas eu não me importei,
não sou militar.
Depois foram os juízes, os polícias, os enfermeiros,
mas eu não me importei,
não sou juiz, nem polícia, nem enfermeiro.
Agora estão a bater-me à porta,
mas já é tarde.

António Cebola