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domingo, fevereiro 11, 2007

Venceu a DIGNIDADE

 
A vitória do SIM vem resolver um grave problema de saúde pública e mostrar que Portugal já não é um protectorado do Vaticano.

É a derrota da Igreja Católica às mãos do povo português, a primeira humilhação do clero pelos eleitores, o desprezo pela Conferência Episcopal Portuguesa, o vilipêndio do Papa e o desdém pelas lágrimas de sangue com que a Senhora de Fátima sujou as caixas de correio dos portugueses.

Em primeiro lugar foi uma vitória das mulheres que se libertaram da clandestinidade e dos riscos que lhe estavam associados: perigo de vida, perseguições judiciais, devassa da vida íntima e humilhações cruéis.

Ganharam depois todos os que defendem uma maternidade consciente e desejada, sem estigmas nem medos.

Há agora condições legais para ajudar as mulheres e evitar o recurso à praga do aborto, para relançar uma política de apoio à maternidade, sem a impor, para que a gravidez ou a sua interrupção sejam medicamente assistidas e não policialmente vigiadas.

Esta é uma vitória civilizacional que colocará a lei portuguesa a par da dos países mais laicizados da Europa, dos EUA e do Canadá, deixando a companhia pouco estimável da Polónia, Malta e Irlanda.

Finalmente, o pecado deixou de fazer parte do Código Penal e os clérigos da polícia dos costumes. A vocação totalitária da Igreja romana pereceu nas urnas com padres-nossos, missas, terços e novenas desperdiçados na campanha terrorista do Não. Nem as hóstias deglutidas pelos beatos ajudaram.

A fraude de Deus foi posta à prova. Os cidadãos derrotaram o Deus misógino que odeia o sexo e a liberdade.

um artigo de Carlos Esperança

16 comentários:

A ilha dentro de mim disse...

Que disparate pegado! A existência de Deus não se mede num referendo. Neste caso, aliás, o referendo mostrou sobretudo foi a falta de respeito que os portugueses têm para com a sua democracia. Não pelo resultado, mas pela ausência de gente nas urnas. Mais uma vez, quem ganhou foi a abstenção. E isso é uma vergonha!

Anónimo disse...

O Sr. deveria ter mais "tino" na cabeça e aprender a respeitar as opiniões dos outros. Não sabem perder nem ganhar.....é uma tristeza.....!Para o seu comentário nem um não serviria.

Anónimo disse...

oh sue filho da puta, Deus não tem a ver com isto.
Mas havia de ter sido este referndo há mais tempo.
Assim tua mãe tinha-te ABORTADO seu filho das puta

Anónimo disse...

Caro vermelho faial.

Que comentário tão parvo, sem sentido e muitissimo infeliz...onde está o teu respeito pela opinião e crenças dos outros?...qual o teu conceito de democracia?

E já agora se és ou vives no Faial tem presente os resultados desta ilha em que o NÂO venceu com uma enorme diferença, tal como nestas ilhas dos nossos Açores!!! O que dizes dos nossos resultados?

Anónimo disse...

Parece mesmo que Deus abandonou a Igreja.. E as pessoas abandonaram a Igreja.
Concordo com o/a "elbravinha". É uma vergonha os números de abstenção ainda por cima no nosso País em que todos têm uma opinião sobre tudo, mas são incapazes de quando postos à prova darem o seu contributo. Vergonhoso.
Depois.. Comentários que não vale a pena falar.. Visto que até quem é contra o aborto deseja que outras pessoas tivessem sido abortadas.
Sobre o último.. O comentário não é parvo, sem sentido e muitíssimo infeliz. Muito infeliz parvo e sem sentido foi a propaganda por parte da Igreja e a chantagem religiosa que fizeram.
O "Sr. Estrelinha" (não pejurativo) não sei.. Mas sobre os nossos resultados.. Fico contente que a maioria não pense assim.
Percebo que Deus seja um ponto sensível para muita gente.. Mas depois da grande propaganda da Igreja num País maioritariamente Cristão é mais que óbvio que as pessoas já não tomam tudo o que a Igreja diz como certo. Ainda bem.

vermelhofaial disse...

Embora na minha Paróquia tenha ganho o NÃO, na minha Rua ganhou o SIM, O que me deixa muito contente.

Anónimo disse...

A tolerância católica vê-se pela raiva dos comentários.

Os bispos que disseram que ficavam excomungados os que votassem sim, impediram muitos de votar.

Ainda há quem acredite no Inferno e nos padres.

Anónimo disse...

Em primeiro lugar eu acredito em Deus e os senhores bispos e padres são para mim os pastores que Deus nos dá para orientar os crentes como eu...é este o meu entender e a minha opção e como tal agredeço que a respeitem!

Anónimo disse...

Caro vermelho faial.

Mais uma vez insisto para que comente os resultados da nossa ilha e dos Açores. Desde já agradeço, pois gostaria de ouvir a sua opiniao.

Anónimo disse...

Acho que até os Bispos e os Padres se enganam.. Afinal também são humanos.
Eles não devem ter sempre razão..
Digo eu claro..

vermelhofaial disse...

Caro anónimo, não sei se reparou, mas até fui ao promenor da minha Rua.
Tal como à 8 anos todos nos sujeitamos ao resultado de então, agora, os "Não" vão ter paciencia e fazer a mesma coisa. Com a diferença que continuam livres de não abortar, mas sem impor "esse moralismo" a toda a sociedade.

Anónimo disse...

Caro vermelho faial.

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a sua resposta.

Em segundo, gostaria que ficasse bem claro que não quero impor nada a ninguem, mas simplesmente partilhar os meus pontos de vista sobre este assunto e tal como respeito as opiniões dos outros, também gostaria que respeitassem a minha, pois estamos num estado de direito e de liberdade de opinião, por isso não posso aceitar a sua grosseira observação: «impor "esse moralismo"».

Em terceiro lugar, gostaria de perguntar como sabe que na sua rua venceu o sim? Será que mora sozinho na sua rua, ou então espiou os votos dos seus vizinhos? Olhe que o voto é secreto!!!

Em último lugar, ainda nao me fez nenhum comentário esclarecedor sobre os resultados desta ilha azul e nos Açores...

vermelhofaial disse...

Caro anónimo, a análise ao resultado da minha Rua é uma metáfora, uma vez que pretende fazer uma análise particular a uma votação que foi nacional e tal como há 8 anos, não sendo vinculativa, representa a maioria dos votos expressos.
O Faial e os Açores, são aquilo que são, tal como os centros menos periféricos são aquilo que são. É a vida, como dizia o outro. Por enquanto aqui ainda é Portugal, apesar de todos os constrangimentos, no que diz respeito ao desenvolvimento e também à dependência intelectual da "moral" católica.

Anónimo disse...

Nota Pastoral

Conferência Episcopal Portuguesa

O NOVO CONTEXTO DA LUTA PELA VIDA

Reunida em Assembleia extraordinária, após o habitual retiro, a Conferência Episcopal Portuguesa, na sequência do referendo de 11 de Fevereiro, decidiu propor algumas reflexões pastorais aos cristãos e à sociedade em geral.

1. Apesar de a maioria dos eleitores não se ter pronunciado, o resultado favorável ao “Sim” é sinal de uma acentuada mutação cultural no povo português, que temos de enfrentar com realismo, pois indicia o contexto em que a Igreja é chamada a exercer a sua missão. Manifestou-se uma cultura que não está impregnada de valores éticos fundamentais, que deveriam inspirar o sentido das leis, como é o do carácter inviolável da vida humana, aliás consagrado na nossa Constituição. Esta mutação cultural tem várias causas, nomeadamente: a mediatização globalizada das maneiras de pensar e das correntes de opinião; as lacunas na formação da inteligência, que o sistema educativo não prepara para se interrogar sobre o sentido da vida e as questões primordiais do ser humano; o individualismo no uso da liberdade e na busca da verdade, que influencia o conceito e o exercício da consciência pessoal; a relativização dos valores e princípios que afectam a vida das pessoas e da sociedade.

Reconhecemos, também, que esta realidade social, em muitas das suas manifestações, tem posto a descoberto, em vários aspectos, alguma fragilidade do processo evangelizador, mormente em relação aos jovens. A nossa missão pastoral, por todos os meios ao nosso alcance, tem de visar este fenómeno da mutação cultural, pois só assim ajudaremos a que os grandes valores éticos continuem presentes na compreensão e no exercício da liberdade.

2. Congratulamo-nos com a vasta e qualificada mobilização, verificada nas últimas semanas, em volta da defesa do carácter inviolável da vida humana e da dignidade da maternidade. É um sinal positivo de esperança. É importante que permaneça activa, que encontre a estrutura organizativa necessária, para continuar a participar neste debate de civilização.

O debate do referendo esteve centrado na justeza de um projecto de lei que, ao procurar despenalizar, acaba por legalizar o aborto. A partir de agora o nosso combate pela vida humana tem de visar, com mais intensidade e novos meios, os objectivos de sempre: ajudar as pessoas, esclarecer as consciências, criar condições para evitar o recurso ao aborto, legal ou clandestino. Esta luta deveria empenhar, progressivamente, toda a sociedade portuguesa: Estado, Igrejas, movimentos e grupos e restante sociedade civil. E os caminhos para se chegar a resultados positivos são, a nosso ver: a alteração de mentalidades, a formação da consciência, a ajuda concreta às mães em dificuldade.

3. A mudança de mentalidade interpela a nossa missão evangelizadora, de modo particular a evangelização dos jovens, das famílias e dos novos dinamismos sociais. Toda a missão da Igreja tem de ser, cada vez mais, pensada para um novo contexto da sociedade. São necessárias criatividade e ousadia, na fidelidade à missão da Igreja e às verdades evangélicas que a norteiam.

Faz parte dessa missão evangelizadora o esclarecimento das consciências. A Igreja respeita a consciência, o mais digno santuário da liberdade. Não a ameaça, nem atemoriza, mas quer ajudar a esclarecê-la com a verdade, pois só assim poderá exprimir a sua dignidade.

Esta verdade iluminadora das consciências provém de um sadio exercício da razão, no quadro da cultura; é-nos revelada por Deus, que vem ao encontro do ser humano; é património de uma comunidade, cuja tradição viva é fonte de verdade, enquadrando a dimensão individual da liberdade e da busca da verdade. Para os católicos, a verdade revelada, transmitida pela Igreja no quadro de uma tradição viva, é elemento fundamental no esclarecimento das consciências.

Aos católicos que, no aceso deste debate, se afastaram da verdade revelada e da doutrina da Igreja, convidamo-los a examinarem, no silêncio e tranquilidade do seu íntimo, as exigências de fidelidade à Igreja a que pertencem e às verdades fundamentais da sua doutrina.

Aos fiéis católicos lembramos, neste momento, que o facto de o aborto passar a ser legal, não o torna moralmente legítimo. Todo o aborto continua a ser um pecado grave, por não cumprimento do mandamento do Senhor, “não matarás”.

Apelamos aos médicos e profissionais de saúde para não hesitarem em recorrer ao estatuto de “objectores de consciência” que a Lei lhes garante.

Às mulheres grávidas que se sintam tentadas a recorrer ao aborto, aos pais dos seus filhos, pedimos que não se precipitem. A decisão de abortar é, na maior parte dos casos, tomada em grande solidão e sofrimento. Um filho que, no início, aparece como um problema, revela-se, tantas vezes, como a solução das suas vidas. Tantas mulheres que abortaram sentem, mais tarde, que se pudessem voltar atrás teriam evitado o acto errado. Abram-se com alguém, reflictam, em diálogo, na gravidade da sua decisão.

4. Mas há uma resposta urgente a dar ao drama do aborto: criar ou reforçar estruturas de apoio eficaz e amigo às mulheres a braços com uma maternidade não desejada e que consideram impossível levar até ao seu termo. Estudos recentes mostram que a maior parte das mulheres nessas circunstâncias, se fossem ajudadas não recorreriam ao aborto. É um dever de todos nós, de toda a sociedade, criar essas estruturas de apoio.

Uma das novidades da campanha do referendo foi o facto de muitos defensores do “Sim” – a começar pelo Governo da Nação, que se quis comprometer numa questão que não é de natureza estritamente política – afirmarem ser contra o aborto, quererem acabar com o aborto clandestino e diminuir o número de abortos. Registamos esse objectivo, mas pensamos que o único caminho eficaz e verdadeiramente humano é avançarmos significativamente na formação da juventude e no apoio à maternidade e à família. Não poderemos esquecer que, no quadro social actual, a maternidade se tornou mais difícil. No actual contexto das nossas sociedades ocidentais só se chegará a uma política equilibrada de natalidade com um apoio eficaz à maternidade, com particular atenção à maternidade em circunstâncias difíceis e, por vezes, dramáticas.

No que à Igreja diz respeito, continuaremos a incluir esta acção de acolhimento e ajuda às mães entre as nossas prioridades. Mas para que esta acção seja eficaz, precisa-se da convergência de todos, Estado e sociedade civil. Demo-nos as mãos para acabar com o aborto e tornar a lei, que agora se vai fazer, numa lei inútil.

5. A busca de uma solução, a médio e a longo prazo, tem de passar, também, por uma política de educação que forme para a liberdade, na responsabilidade, concretizada numa correcta educação da sexualidade. Esta constitui um dos dinamismos mais ricos e complexos do ser humano, onde se exprimem a dimensão relacional e a vocação para o amor e para a comunhão. Uma vivência desregrada da sexualidade é uma das principais causas das disfunções sociais e da infelicidade das pessoas. A sã educação da sexualidade há-de abrir para a gestão responsável da própria fecundidade, através de um planeamento familiar sadio, que respeite e integre as opções morais de cada um. Quando a geração de um filho não for fruto de irreflexão, mas de um acto responsável, estará resolvido, em grande parte, o problema do aborto.

6. A luta pela vida, pela dignificação de toda a vida humana, é uma das mais nobres tarefas civilizacionais. Não será o novo contexto legal que nos enfraquecerá no prosseguimento desta luta. A Igreja continuará fiel à sua missão de anúncio do Evangelho da vida em plenitude e de denúncia dos atentados contra a vida.

Fátima, 16 de Fevereiro de 2007

vermelhofaial disse...

O comentário anterior vem provar várias coisas:
1 - Os portugueses marimbaram-se para toda a argumentação retrograda, assexuada, intolerante, repressora e escomungatória da hierarquia da Igreja.
2 - Depois das Cruzadas, da Inquisição, da Evangelização dos infiéis, do fundamentalismo islâmico, ainda insistem na "Evangelização". Tenham dó.
3 - A ética e a moral não são nenhum exclusivo das religiões, "falsos moralismos" cada vez mais convencem menos.

Anónimo disse...

Um discurso retrógado, continuamente com referência a "impõr valores" e impôr e impôr..
O que é verdade para uma pessoa.. Pode ser falso para outra. Ou não?
Acho que é o que acontece quando faltam maneiras de assustar devido à criação da tal "consciência" que parece tão má segundo a Igreja, aparece o desespero.
Eu ou muito me engano.. ou parece-me ter visto um leve pedido aos médicos de boicote? Bela Igreja que esta é..