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terça-feira, dezembro 12, 2006

Uma imagem vale mais que mil palavras!



E a defesa da "vida"?

5 comentários:

Anónimo disse...

Conheci bem a conivência da Igreja católica com as ditaduras ibéricas. Ainda me recordo dos apelos feitos nas missas para que Deus protegesse os «nossos» governantes, lhes desse longa vida e iluminasse a inteligência, sendo certo que Deus foi sensível aos primeiros pedidos e completamente surdo ao último. De Salazar ouvi a vários padres que a Providência o tinha designado para governar Portugal. Creio que nasceu aí o meu desprezo por Deus e a desconfiança nos seus padres. Mas até o cardeal Cerejeira avisou Salazar desse desígnio providencial, de que teria conhecimento pelas confidências da senhora de Fátima à Irmã Lúcia. E escreveu-o com o mesmo despudor com que João Paulo II confirmou ao mundo que a beata Alexandrina de Balazar passou mais de uma década sem comer, nem beber, em anúria, a alimentar-se apenas de hóstias consagradas.

Em Espanha o caudilho era idolatrado pelo clero e muitas missas de acção de graças foram celebradas em sua honra, agradecendo ao Senhor a encomenda. Mons. Escrivá de Balaguer, já na altura bastante íntimo do divino, incensava o generalíssimo e combatia os seus adversários. Foi um apóstolo denodado do franquismo na região de Burgos, primeiro, e um pouco por toda a parte, depois. Como compensação levou para o túmulo o truque para fazer milagres e rapidamente chegar a santo.

Pio IX excomungava os que defendiam a separação entre a Igreja e o Estado. Pio XI declarou numa missa grandiosa em honra do «Duce», que ascendeu ao poder com o apoio activo da ICAR: «Moussolini é um homem que a Providência Divina nos enviou». Na sequência do atentado falhado de que foi alvo pelo jovem Anteo Zamboni, militante da Liga ateísta, com 15 anos de idade, este foi preso no local e linchado por fascistas. O Vaticano fez difundir nas igrejas e escolas uma imagem piedosa mostrando a morte do jovem Zamboni, «joguete do Diabo, inimigo da fé, punido pela mão de Deus».

A simpatia de Deus pelos ditadores comprometeu-lhe o prestígio e afastou-lhe a clientela quando as democracias se popularizaram. Exceptuando o comunismo em que Staline (um ex-seminarista que quase chegou a padre) se entregou a uma demência sanguinária, as ditaduras tiveram quase sempre o apoio militante e entusiástico do clero, da Europa à América latina, com grande destaque para a ICAR. Pinochet era um devoto da missa e desenvolveu pela eucaristia uma síndroma de habituação e dependência. Nos países árabes, onde o livro sagrado é de cumprimento obrigatório, sabe-se como a tolerância e a liberdade ofendem Alá, irritam o seu profeta e obrigam o clero a proceder em conformidade.

Penso, no entanto, que é menos a fé do que a volúpia do poder que atira o clero para relações promíscuas com o Estado. A sedução por regimes autoritários é o corolário lógico da verdade única, do ser supremo, do respeito pela hierarquia, da obediência cega. A submissão e a obediência são apresentadas como virtudes e estimuladas pelos guardiões da fé. Quando o poder vem de Deus instala-se o poder discricionário e a violência institucionaliza-se. Quando o sufrágio universal e secreto se conquista, Deus reduz-se à sua insignificância e os homens tornam-se livres.

Anónimo disse...

Uma fotografia de João Paulo II com Fidel Castro também ficaria aqui bem.
O Vaticano, como possivelmente não sabe, é um Estado, e nessa medida todas as deslocações que um Papa faça a um qualquer país, implicam habitualmente encontrar-se com o chefe de Estado do país em causa.
O aproveitamento político que se faça dessa situação é algo distinto.
Porque não coloca também aqui Fidel com João Paulo II?

vermelhofaial disse...

Como reza a História e como muito bem diz o comentário anterior, a hierarquia da igreja católica sempre esteve do lado dos poderosos. É confortável.
Curioso que embora Fidel tenha recebido o Papa,não se conhece uma relação muito forte entre ambos.
Fidel é um ditador, muito por força do inimigo americano, mas não consta que seja um criminoso sanguinário e ladrão como tantos outros que a Santa Madre Igreja tem abençoado ao longo da História.
A prória Igreja também não tem as maõs limpas.

Anónimo disse...

Fidel Castro é um criminoso, quer queira quer não, senão veja:

- Prisões políticas arbitrárias, sem ser dada possibilidade de defesa aos réus.

- Está há 44 anos no poder, só ultrapapassado por Kim Sung, sem convocação de eleições livres.

- Proibição, quase total dos habitantes deixarem Cuba, caso o desejem.

Se tudo isto não são crimes...

Considero que os espaços como este, devem ser uma salutar troca de opiniões. Caso contrário seriam um pobre jornal de parede.
Casos há que em que quem constroi o blog não deixa lugar a comentários, o que é egocentrico.
Os meus parabéns por não ter feito essa opção.

Anónimo disse...

Tanto Fidel como a Igreja não tem as mãos limpas. Há que admiti-lo sem ses ou mas.
Os crimes de um não justificam os crimes do outro