
O BE é um movimento de novo tipo, que vive da contestação e da luta anticapitalistas e pela construção de uma alternativa socialista.
O BE não tem ideologia, isto significa não perfilhar nem o marxismo-leninismo, nem o leninismo, nem o trotskismo, nem o marxismo, apenas recolher contributos destes pensadores.
O BE é um movimento anti capitalista e socialista. O socialismo não existe sem uma transformação das condições do regime económico e social.E isso consegue-se por grandes combates transformadores que são reformas e que são revoluções. Batendo-se por reformas essenciais e fazendo-o com toda a convicção de que é importantíssimo para ajudar a mudar a vida das pessoas. O capitalismo moderno, que é um capitalismo predador e selvático, só pode ser substituído por uma sociedade socialista.
Há grandes reformas que podem ser revolucionárias. Não se consegue combater a injustiça fiscal, o privilégio do poder económico de ter regras distintas para si próprio, diferentes da grande maioria da população, sem uma alteração da relação de forças que permitem impor a democracia como regra. Não se conseguem alterar regras do comércio internacional e impor o predomínio do direito internacional na relação de conflitos sem uma alteração da relação de forças que derrote o império. Não muda a União Europeia sem uma grande refundação democrática e social que reconstrua as suas bases na estruturação. Isso são revoluções.
E o que é que é ser socialista no século XXI?
Significa ter vivido e aprendido a lição do socialismo soviético e chinês e rejeitá-la. Nunca existe socialismo que proíbe o direito de greve, que impõe na Constituição o governo perpétuo de um partido político, como é o caso do Partido Comunista chinês e da Constituição chinesa. É rejeitar as monarquias delirantes como a Coreia do Norte. No fundo, é rejeitar a ideia de que o socialismo pode ser compatível com a redução do pluralismo político ou da liberdade social. O socialismo só pode existir, só se pode limpar, se resultar da reflexão e de rejeição do que foram os modelos de Leste. E é também uma outra coisa, é um anti capitalismo, uma contestação da civilização capitalista e do desastre humano e ambiental que ela representa.
O BE não tem que se identificar com o leninismo, não há ideologia única.
O BE nasceu e só podia ter nascido assim não por uma fusão ideológica que reinterpretasse o passado, mas por uma definição da agenda política e do programa. O programa constrói-se na luta social, nas alternativas políticas para o país, para a Europa. E foi isso que permitiu aprender um nível de política completamente distinto do que a esquerda radical tinha feito em Portugal durante 30 anos. O BE transformou completamente a capacidade de actuação política e social, tornando-se uma força política influente.
Quando o BE surgiu ainda não existia o Fórum Social, mas o movimento que lhe ia dar origem já estava a nascer, o movimento antiglobalização.
Há algumas políticas que são de reformas, há outras que são de combates frontais. Por exemplo, na política do ambiente quando se defende uma política de redução das emissões de dióxido de carbono por causa do efeito de estufa é uma grande reforma.
O BE não concebe a oposição política exclusivamente teorizada, sem ser através da acção dos movimentos sociais, da contestação social. A exclusiva representação parlamentar reduziria a democracia, como se fosse a única forma de debate político no país. O BE dá toda a importância à intervenção parlamentar, mas entende que a democracia vai para além da vida parlamentar.