Contrariamente ao que se pretende fazer crer o défice orçamental não é, nem sob o ponto de vista empírico nem sob o ponto de vista técnico, insustentável, nem é o problema mais grave que o País enfrenta. Ele é fundamentalmente consequência e sintoma de outros problemas muito mais graves cuja resolução é muito mais urgente.
Em Portugal, mesmo com governos de Cavaco Silva, verificaram-se défices orçamentais mais elevados que o actual (por ex, em 1993, -8,9% do PIB) e não se ouviu nessa altura os defensores actuais do pensamento económico único dizer que eles eram insustentáveis.
Muito mais grave do que o défice orçamental é o défice comercial (-10,8% em 2004), que já atinge o dobro do défice orçamental, e que revela uma perda crescente de competitividade das empresas portuguesas quer nos mercados externos quer mesmo no mercado nacional, hipotecando assim Portugal como nação independente, mas que não tem merecido qualquer atenção.
A economia portuguesa está a crescer, em média, a um ritmo que corresponde a metade do da economia da União Europeia, e esta está a crescer a metade do ritmo de crescimento da Economia Mundial. Tudo isto, a manter-se, só poderá determinar para Portugal mais estagnação económica e mais desemprego.
É evidente que o Plano de Investimentos, que o governo apresentou com pompa e circunstância no Centro Cultural de Belém, em 5 de Julho de 2005, tem um efeito reduzido e é de prever que não consiga tirar o País, de uma forma sustentada, do estado de estagnação económica em que se encontra. Serve de exemplo concreto a situação do sector têxtil que não é considerado no Plano apresentado pelo governo. No entanto, se não houver uma forte intervenção do Estado visando a modernização das empresas, inevitavelmente assistir-se-á no máximo daqui a 3 anos a milhares de despedimentos e à destruição de uma parte significativa deste importante sector produtivo.
A juntar a tudo isto, verifica-se uma crescente injustiça social, de que é prova o facto de que se em Portugal revertesse para os trabalhadores a mesma percentagem do PIB que em média reverte na União Europeia, os trabalhadores em Portugal teriam recebido, em 2004, mais 13.500 milhões de euros, ou seja, em média mais 250 euros por mês.
Num país como o nosso, em que o tecido económico e social é extremamente frágil, em que os empresários têm, em média, apenas 7,7 anos de escolaridade, o papel de uma Administração Pública moderna e eficiente é fundamental para assegurar a modernização das empresas e garantir um desenvolvimento sustentado do País. O ataque violento que se verifica neste momento contra os trabalhadores da Administração Pública põe em causa o importante papel que deverá ter a Administração Pública em Portugal.
por Eugénio Rosa
Em Portugal, mesmo com governos de Cavaco Silva, verificaram-se défices orçamentais mais elevados que o actual (por ex, em 1993, -8,9% do PIB) e não se ouviu nessa altura os defensores actuais do pensamento económico único dizer que eles eram insustentáveis.
Muito mais grave do que o défice orçamental é o défice comercial (-10,8% em 2004), que já atinge o dobro do défice orçamental, e que revela uma perda crescente de competitividade das empresas portuguesas quer nos mercados externos quer mesmo no mercado nacional, hipotecando assim Portugal como nação independente, mas que não tem merecido qualquer atenção.
A economia portuguesa está a crescer, em média, a um ritmo que corresponde a metade do da economia da União Europeia, e esta está a crescer a metade do ritmo de crescimento da Economia Mundial. Tudo isto, a manter-se, só poderá determinar para Portugal mais estagnação económica e mais desemprego.
É evidente que o Plano de Investimentos, que o governo apresentou com pompa e circunstância no Centro Cultural de Belém, em 5 de Julho de 2005, tem um efeito reduzido e é de prever que não consiga tirar o País, de uma forma sustentada, do estado de estagnação económica em que se encontra. Serve de exemplo concreto a situação do sector têxtil que não é considerado no Plano apresentado pelo governo. No entanto, se não houver uma forte intervenção do Estado visando a modernização das empresas, inevitavelmente assistir-se-á no máximo daqui a 3 anos a milhares de despedimentos e à destruição de uma parte significativa deste importante sector produtivo.
A juntar a tudo isto, verifica-se uma crescente injustiça social, de que é prova o facto de que se em Portugal revertesse para os trabalhadores a mesma percentagem do PIB que em média reverte na União Europeia, os trabalhadores em Portugal teriam recebido, em 2004, mais 13.500 milhões de euros, ou seja, em média mais 250 euros por mês.
Num país como o nosso, em que o tecido económico e social é extremamente frágil, em que os empresários têm, em média, apenas 7,7 anos de escolaridade, o papel de uma Administração Pública moderna e eficiente é fundamental para assegurar a modernização das empresas e garantir um desenvolvimento sustentado do País. O ataque violento que se verifica neste momento contra os trabalhadores da Administração Pública põe em causa o importante papel que deverá ter a Administração Pública em Portugal.
por Eugénio Rosa
1 comentário:
O Défice não é o nosso problema mais grave... É preciso dizer isso muitas vezes para ver se alguém ouve. Ou então para ver se os mistificadores ganham vergonha na cara e deixam de dizer disparates, expondo, pavoneando, a sua cretinice...
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