Se não confia na justiça pode jogar tripla
Pesquisar neste blogue
domingo, julho 31, 2005
sexta-feira, julho 29, 2005
Areia para os olhos
Já que gostam de teorias conspirativas, tomo a liberdade de acrescentar mais uma. Cá vai.
Agora que são muito amigos, Sócrates e Freitas combinam a entrevista que o MNE ia dar ao DN. A coisa está a correr mal e é preciso criar aqui qualquer coisa para desviar atenções. «Vamos lá resolver a história das Presidenciais». Freitas fica encarregue de pegar fogo ao circo e diz-se disposto a avançar para Belém.
Homem de barba rija, poeta de esquerda, Alegre resolve que é hora de voltar a dizer não à reacção e avança confiante.
O Bochechas, que anda farto de não fazer nada e tem uns amigos a dizer-lhe que devia era candidatar-se também, chega-se à frente. Lança a isca no Expresso, para apalpar terreno.
Estava resolvido o problema do primeiro-ministro. Sem dar tempo para ninguém respirar, Sócrates vem a público apoiar Soares e mata dois coelhos de uma só vez: vinga-se de Alegre, que lhe fez a vida negra na luta à liderança do PS, e arranja o candidato ideal. É que, depois da previsivel derrota nas autárquicas, se Soares perder para Cavaco, a derrota será mais do candidato do que do PS... Por outro lado, dá também a Soares a hipótese de se vingar de Alegre, a quem o bochechas não perdoa não se ter juntado ao seu filhote na corrida à liderança do PS.
Ora aqui está a minha teoria da conspiração. Logo eu, que nem sequer tenho um sótão...
Manuel Barros Moura
Agora que são muito amigos, Sócrates e Freitas combinam a entrevista que o MNE ia dar ao DN. A coisa está a correr mal e é preciso criar aqui qualquer coisa para desviar atenções. «Vamos lá resolver a história das Presidenciais». Freitas fica encarregue de pegar fogo ao circo e diz-se disposto a avançar para Belém.
Homem de barba rija, poeta de esquerda, Alegre resolve que é hora de voltar a dizer não à reacção e avança confiante.
O Bochechas, que anda farto de não fazer nada e tem uns amigos a dizer-lhe que devia era candidatar-se também, chega-se à frente. Lança a isca no Expresso, para apalpar terreno.
Estava resolvido o problema do primeiro-ministro. Sem dar tempo para ninguém respirar, Sócrates vem a público apoiar Soares e mata dois coelhos de uma só vez: vinga-se de Alegre, que lhe fez a vida negra na luta à liderança do PS, e arranja o candidato ideal. É que, depois da previsivel derrota nas autárquicas, se Soares perder para Cavaco, a derrota será mais do candidato do que do PS... Por outro lado, dá também a Soares a hipótese de se vingar de Alegre, a quem o bochechas não perdoa não se ter juntado ao seu filhote na corrida à liderança do PS.
Ora aqui está a minha teoria da conspiração. Logo eu, que nem sequer tenho um sótão...
Manuel Barros Moura
quinta-feira, julho 28, 2005
Reis de Espanha visitam quatro ilhas Açoreanas
Os reis de Espanha, Juan Carlos e Sofia, estão em visita privada de três dias a quatro das nove ilhas dos Açores, a convite do Presidente da República.
Durante a deslocação às ilhas Terceira, Faial, Pico e São Miguel, os monarcas espanhóis serão acompanhados por Jorge Sampaio e por Maria José Ritta.
Hoje, quinta-feira, os monarcas espanhóis vão visitar o Clube Naval da Horta, já que o rei é também um velejador, e o café Peter, mundialmente famoso por ser um ponto de encontro entre navegadores de todo o mundo que cruzam o oceano Atlântico.
Depois fazem a travessia de barco entre as ilhas do Faial e do Pico, com acompanhamento de botes baleeiros de velas ao vento e de várias embarcações associadas do Clube Naval e mais tarde estarão num jantar oferecido pelo presidente do Governo Regional dos Açores.
Os reis de Espanha tem nos Açores uma "segurança idêntica a uma deslocação" no território espanhol, o que provocou o fecho de várias ruas na Cidade da Horta e um aparato despropositado e exagerado de segurança.
Durante a deslocação às ilhas Terceira, Faial, Pico e São Miguel, os monarcas espanhóis serão acompanhados por Jorge Sampaio e por Maria José Ritta.
Hoje, quinta-feira, os monarcas espanhóis vão visitar o Clube Naval da Horta, já que o rei é também um velejador, e o café Peter, mundialmente famoso por ser um ponto de encontro entre navegadores de todo o mundo que cruzam o oceano Atlântico.
Depois fazem a travessia de barco entre as ilhas do Faial e do Pico, com acompanhamento de botes baleeiros de velas ao vento e de várias embarcações associadas do Clube Naval e mais tarde estarão num jantar oferecido pelo presidente do Governo Regional dos Açores.
Os reis de Espanha tem nos Açores uma "segurança idêntica a uma deslocação" no território espanhol, o que provocou o fecho de várias ruas na Cidade da Horta e um aparato despropositado e exagerado de segurança.
segunda-feira, julho 25, 2005
E a idade da reforma sempre a subir
Só mesmo em Portugal é possível ir recauchutar Presidentes da República.
Empurrar Mário Soares, venerável "Senador da República" com 80 anos para a "corrida(de tartaruga)" presidencial, é de doidos. Terá a ver com o Plano Tecnlógico ou com as preocupações ecológicas do Sócrates? Reciclar é bom?
Já tou a ver daqui a 10 anos o Sampaio de volta, fresco e revigorado a candidatar-se de novo.
Alguns tentam disfarçar o absurdo desta candidatura, com o exemplo do Papa. Devo lembrar que até para ser elegível para Papa tem que ter menos de 80 anos. Não nos esqueçamos do que foi a agonia, em directo em nossas casas. Apesar da actual boa forma de Soares.
Outros no desespero de apoiar o Senador, tentam compará-lo ao Reagan. Devo lembrar que o Reagan foi eleito aos 69 anos (menos 11 que o Soares). E que lá apenas se cumpre 2 mandatos de 4 anos cada. Saiu com 77 anos, menos 3 do que aqueles com que o Soares quer reentrar.
Devo relembrar os entusiastas apoiantes de esquerda do Soares, que após isto, já não há argumentos para as reformas não subirem para pelo menos os 75 anos.
Depois não se queixem.
Apesar de simpatizar com a figura de Senador que Mário Soares corporiza só votarei nele na 2ª volta, não de olhos tapados, mas lamentando não haver um Português com mais de 35 anos e menos de 65 capaz de unir e ter o apoio de toda a esquerda, para derrotar Cavaco logo à primeira.
quinta-feira, julho 21, 2005
Défice 0 - Despesismo 1
Quem vem atrás que feche a porta.
Luís Cunha sai em conflito com os seus pares do Governo e com um Partido Socialista que cada vez está mais nervoso com as próximas eleições autárquicas, e muito provavelmente sai porque os sinais vindos da economia sugerem algumas dúvidas sobre o sucesso da sua opção pelo aumento dos impostos, decisão que foi da sua inteira responsabilidade já que foi a condição que colocou a José Sócrates para aceitar o cargo e o próprio primeiro-ministro confirmou o convite quatro dias depois de o ter feito.
Mas se no que se refere ao aumento dos impostos Luís Cunha poderá ter averbado um erro de política económica, já no que se refere à avaliação dos investimentos públicos ele poderá ter protagonizado o único momento de lucidez nos últimos vinte anos. Mas Sócrates não podia deixar cair a sua promessa de criar 120.000 empregos depois de ter dado o dito por não dito em muitas das suas promessas eleitorais e, por outro lado, o aparelho do PS quer ganhar autarquias nem que para isso tenham que encher as urnas de cimento.
Sócrates e a sua direcção no PS demonstram que não têm a política alternativa aos governos Barroso e Santana Lopes que tinham prometido durante a campanha eleitoral e que motivou a conquista de uma maioria absoluta histórica por parte do PS em 21 de Fevereiro último. Sócrates e o seu governo têm-se limitado, com outro estilo (mas só isto!), a aplicar as mesmíssimas políticas dos governos de direita. À inexistência de políticas alternativas juntam, também agora, instabilidade e descoordenação governativas
A direcção do PS, liderada por Jorge Coelho, limita-se politicamente a tentar baralhar os eleitores e militantes socialistas com afirmações que querem fazer passar a ideia de que políticas liberais desenvolvidas por um governo PS são "boas" e que essas mesmas medidas desenvolvidas por um governo de direita são "más". Pelo meio surge sempre a evocação dessa abstracção chamada "interesse nacional", no qual cabem trabalhadores, empresários, jovens, desempregados e reformados. Não há, obviamente, um "interesse nacional" abstracto para um socialista. Um socialista, em nome do interesse nacional, deve ter coragem política para desenvolver rupturas com lógicas, políticas e interesses liberais e de direita. Isso, a actual direcção do PS nunca teve nem terá. Porque de socialistas não têm nada. Até o "s" de PS já nem conseguem pronunciar por extenso...
O actual governo PS se fosse um qualquer produto de supermercado, deveria merecer uma queixa dos consumidores à DECO por... terem sido enganados: o rótulo (i.e. programa eleitoral) do produto não tem nada a ver com o conteúdo!!!
O governo Sócrates precisa urgentemente da definição de uma ALTERNATIVA DE ESQUERDA E SOCIALISTA. Uma alternativa para a qual os militantes do Partido Socialista são parte decisiva e integrante! Uma alternativa que possa mobilizar os trabalhadores, os cidadãos, por um programa e políticas que marquem uma clara ruptura com o liberalismo e as políticas liberais de Durão Barroso, de Santana Lopes e também de José Sócrates.
d'aqui e d'ali
Mas se no que se refere ao aumento dos impostos Luís Cunha poderá ter averbado um erro de política económica, já no que se refere à avaliação dos investimentos públicos ele poderá ter protagonizado o único momento de lucidez nos últimos vinte anos. Mas Sócrates não podia deixar cair a sua promessa de criar 120.000 empregos depois de ter dado o dito por não dito em muitas das suas promessas eleitorais e, por outro lado, o aparelho do PS quer ganhar autarquias nem que para isso tenham que encher as urnas de cimento.
Sócrates e a sua direcção no PS demonstram que não têm a política alternativa aos governos Barroso e Santana Lopes que tinham prometido durante a campanha eleitoral e que motivou a conquista de uma maioria absoluta histórica por parte do PS em 21 de Fevereiro último. Sócrates e o seu governo têm-se limitado, com outro estilo (mas só isto!), a aplicar as mesmíssimas políticas dos governos de direita. À inexistência de políticas alternativas juntam, também agora, instabilidade e descoordenação governativas
A direcção do PS, liderada por Jorge Coelho, limita-se politicamente a tentar baralhar os eleitores e militantes socialistas com afirmações que querem fazer passar a ideia de que políticas liberais desenvolvidas por um governo PS são "boas" e que essas mesmas medidas desenvolvidas por um governo de direita são "más". Pelo meio surge sempre a evocação dessa abstracção chamada "interesse nacional", no qual cabem trabalhadores, empresários, jovens, desempregados e reformados. Não há, obviamente, um "interesse nacional" abstracto para um socialista. Um socialista, em nome do interesse nacional, deve ter coragem política para desenvolver rupturas com lógicas, políticas e interesses liberais e de direita. Isso, a actual direcção do PS nunca teve nem terá. Porque de socialistas não têm nada. Até o "s" de PS já nem conseguem pronunciar por extenso...
O actual governo PS se fosse um qualquer produto de supermercado, deveria merecer uma queixa dos consumidores à DECO por... terem sido enganados: o rótulo (i.e. programa eleitoral) do produto não tem nada a ver com o conteúdo!!!
O governo Sócrates precisa urgentemente da definição de uma ALTERNATIVA DE ESQUERDA E SOCIALISTA. Uma alternativa para a qual os militantes do Partido Socialista são parte decisiva e integrante! Uma alternativa que possa mobilizar os trabalhadores, os cidadãos, por um programa e políticas que marquem uma clara ruptura com o liberalismo e as políticas liberais de Durão Barroso, de Santana Lopes e também de José Sócrates.
d'aqui e d'ali
quarta-feira, julho 20, 2005
Presidenciais
Subscrevo e revejo-me neste apelo de Abnoxio:
Estamos a seis meses das eleições presidenciais e os portugueses que não se querem resignar à hossanada entronização de Cavaco não têm ainda candidato. A abulia da esquerda não augura um desfecho feliz.
Há 20 anos atrás, empenhei-me activamente na campanha presidencial de Maria de Lurdes Pintasilgo. Foi a última "batalha" política que travei do lado do palco. A partir de 1986, passei à plateia e remeti-me à condição de cidadão eleitor, limitando-me a escolher o mal menor ou, simplesmente, a votar em branco.
Nas últimas eleições legislativas, apelei aqui ao voto no Bloco de Esquerda, para tentar impedir a maioria absoluta do PS. Três meses passados, creio que muitos dos que votaram PS já estarão a interrogar-se sobre se fizeram a opção mais acertada.
Digo tudo isto para que se perceba que não sou militante, nem eleitor do PS - o que não me impede, nesta altura, de considerar que Manuel Alegre é o único candidato da esquerda com hipóteses de derrotar Cavaco.
Eu não quero na Presidência da República um ex-primeiro ministro frustrado e, muito menos, um economista iluminado que deixou o país às escuras. Quero alguém com quem me possa sentir minimamente identificado pela palavra e pelo exemplo. Manuel Alegre, para além de ser um escritor e um homem de cultura, nunca virou, cobardemente, as costas aos inimigos da liberdade e sempre se bateu, coerentemente, por aquilo em que acreditava, mesmo quando estava em minoria no interior do seu próprio partido. É um tipo decente.
Provavelmente, perceberá muito pouco de economia e falharia como chefe de governo. Mas o que o país espera do Chefe de Estado não é que governe, mas sim que garanta o regular funcionamento das instituições democráticas, que represente condignamente a República e, em todas as circunstâncias, com lucidez e coragem políticas, diga o que deve ser dito e faça o que deve ser feito. Penso que Manuel Alegre tem suficiente experiência da vida, do país e da política para poder ser um Presidente à altura da sucessão de Jorge Sampaio.
Custa-me, por isso, verificar que, por falta de entusiasmo e de empenhamento do PS, corramos à esquerda o risco de chegar ao fim do ano sem um candidato credível que, em condições favoráveis, possa bater nas urnas Cavaco. Talvez tenha chegado o momento de os cidadãos deste país que não querem entregar a presidência, de mão beijada, à direita se mobilizarem para significar a Manuel Alegre que exigem e apoiarão a sua candidatura.
Se partilha da minha incomodidade cívica e concorda com o objectivo (não necessariamente com o teor) deste apelo, divulgue-o.
Há 20 anos atrás, empenhei-me activamente na campanha presidencial de Maria de Lurdes Pintasilgo. Foi a última "batalha" política que travei do lado do palco. A partir de 1986, passei à plateia e remeti-me à condição de cidadão eleitor, limitando-me a escolher o mal menor ou, simplesmente, a votar em branco.
Nas últimas eleições legislativas, apelei aqui ao voto no Bloco de Esquerda, para tentar impedir a maioria absoluta do PS. Três meses passados, creio que muitos dos que votaram PS já estarão a interrogar-se sobre se fizeram a opção mais acertada.
Digo tudo isto para que se perceba que não sou militante, nem eleitor do PS - o que não me impede, nesta altura, de considerar que Manuel Alegre é o único candidato da esquerda com hipóteses de derrotar Cavaco.
Eu não quero na Presidência da República um ex-primeiro ministro frustrado e, muito menos, um economista iluminado que deixou o país às escuras. Quero alguém com quem me possa sentir minimamente identificado pela palavra e pelo exemplo. Manuel Alegre, para além de ser um escritor e um homem de cultura, nunca virou, cobardemente, as costas aos inimigos da liberdade e sempre se bateu, coerentemente, por aquilo em que acreditava, mesmo quando estava em minoria no interior do seu próprio partido. É um tipo decente.
Provavelmente, perceberá muito pouco de economia e falharia como chefe de governo. Mas o que o país espera do Chefe de Estado não é que governe, mas sim que garanta o regular funcionamento das instituições democráticas, que represente condignamente a República e, em todas as circunstâncias, com lucidez e coragem políticas, diga o que deve ser dito e faça o que deve ser feito. Penso que Manuel Alegre tem suficiente experiência da vida, do país e da política para poder ser um Presidente à altura da sucessão de Jorge Sampaio.
Custa-me, por isso, verificar que, por falta de entusiasmo e de empenhamento do PS, corramos à esquerda o risco de chegar ao fim do ano sem um candidato credível que, em condições favoráveis, possa bater nas urnas Cavaco. Talvez tenha chegado o momento de os cidadãos deste país que não querem entregar a presidência, de mão beijada, à direita se mobilizarem para significar a Manuel Alegre que exigem e apoiarão a sua candidatura.
Se partilha da minha incomodidade cívica e concorda com o objectivo (não necessariamente com o teor) deste apelo, divulgue-o.
segunda-feira, julho 18, 2005
Estagnação económica e injustiça social
Contrariamente ao que se pretende fazer crer o défice orçamental não é, nem sob o ponto de vista empírico nem sob o ponto de vista técnico, insustentável, nem é o problema mais grave que o País enfrenta. Ele é fundamentalmente consequência e sintoma de outros problemas muito mais graves cuja resolução é muito mais urgente.
Em Portugal, mesmo com governos de Cavaco Silva, verificaram-se défices orçamentais mais elevados que o actual (por ex, em 1993, -8,9% do PIB) e não se ouviu nessa altura os defensores actuais do pensamento económico único dizer que eles eram insustentáveis.
Muito mais grave do que o défice orçamental é o défice comercial (-10,8% em 2004), que já atinge o dobro do défice orçamental, e que revela uma perda crescente de competitividade das empresas portuguesas quer nos mercados externos quer mesmo no mercado nacional, hipotecando assim Portugal como nação independente, mas que não tem merecido qualquer atenção.
A economia portuguesa está a crescer, em média, a um ritmo que corresponde a metade do da economia da União Europeia, e esta está a crescer a metade do ritmo de crescimento da Economia Mundial. Tudo isto, a manter-se, só poderá determinar para Portugal mais estagnação económica e mais desemprego.
É evidente que o Plano de Investimentos, que o governo apresentou com pompa e circunstância no Centro Cultural de Belém, em 5 de Julho de 2005, tem um efeito reduzido e é de prever que não consiga tirar o País, de uma forma sustentada, do estado de estagnação económica em que se encontra. Serve de exemplo concreto a situação do sector têxtil que não é considerado no Plano apresentado pelo governo. No entanto, se não houver uma forte intervenção do Estado visando a modernização das empresas, inevitavelmente assistir-se-á no máximo daqui a 3 anos a milhares de despedimentos e à destruição de uma parte significativa deste importante sector produtivo.
A juntar a tudo isto, verifica-se uma crescente injustiça social, de que é prova o facto de que se em Portugal revertesse para os trabalhadores a mesma percentagem do PIB que em média reverte na União Europeia, os trabalhadores em Portugal teriam recebido, em 2004, mais 13.500 milhões de euros, ou seja, em média mais 250 euros por mês.
Num país como o nosso, em que o tecido económico e social é extremamente frágil, em que os empresários têm, em média, apenas 7,7 anos de escolaridade, o papel de uma Administração Pública moderna e eficiente é fundamental para assegurar a modernização das empresas e garantir um desenvolvimento sustentado do País. O ataque violento que se verifica neste momento contra os trabalhadores da Administração Pública põe em causa o importante papel que deverá ter a Administração Pública em Portugal.
por Eugénio Rosa
Em Portugal, mesmo com governos de Cavaco Silva, verificaram-se défices orçamentais mais elevados que o actual (por ex, em 1993, -8,9% do PIB) e não se ouviu nessa altura os defensores actuais do pensamento económico único dizer que eles eram insustentáveis.
Muito mais grave do que o défice orçamental é o défice comercial (-10,8% em 2004), que já atinge o dobro do défice orçamental, e que revela uma perda crescente de competitividade das empresas portuguesas quer nos mercados externos quer mesmo no mercado nacional, hipotecando assim Portugal como nação independente, mas que não tem merecido qualquer atenção.
A economia portuguesa está a crescer, em média, a um ritmo que corresponde a metade do da economia da União Europeia, e esta está a crescer a metade do ritmo de crescimento da Economia Mundial. Tudo isto, a manter-se, só poderá determinar para Portugal mais estagnação económica e mais desemprego.
É evidente que o Plano de Investimentos, que o governo apresentou com pompa e circunstância no Centro Cultural de Belém, em 5 de Julho de 2005, tem um efeito reduzido e é de prever que não consiga tirar o País, de uma forma sustentada, do estado de estagnação económica em que se encontra. Serve de exemplo concreto a situação do sector têxtil que não é considerado no Plano apresentado pelo governo. No entanto, se não houver uma forte intervenção do Estado visando a modernização das empresas, inevitavelmente assistir-se-á no máximo daqui a 3 anos a milhares de despedimentos e à destruição de uma parte significativa deste importante sector produtivo.
A juntar a tudo isto, verifica-se uma crescente injustiça social, de que é prova o facto de que se em Portugal revertesse para os trabalhadores a mesma percentagem do PIB que em média reverte na União Europeia, os trabalhadores em Portugal teriam recebido, em 2004, mais 13.500 milhões de euros, ou seja, em média mais 250 euros por mês.
Num país como o nosso, em que o tecido económico e social é extremamente frágil, em que os empresários têm, em média, apenas 7,7 anos de escolaridade, o papel de uma Administração Pública moderna e eficiente é fundamental para assegurar a modernização das empresas e garantir um desenvolvimento sustentado do País. O ataque violento que se verifica neste momento contra os trabalhadores da Administração Pública põe em causa o importante papel que deverá ter a Administração Pública em Portugal.
por Eugénio Rosa
domingo, julho 17, 2005
Terror religioso
Subscrevo:
Sou particularmente sensível às desigualdades sociais e à potencial violência que geram; à injustiça de uma sociedade egoísta e insensível ao sofrimento alheio; à discriminação que a riqueza, o consumo e o ostentação geram entre os que têm acesso imoderado e os que não podem sonhar com a mais ténue partilha.
Conheço do liberalismo económico as consequência deletérias na ruptura do tecido social e na marginalizarão de largas camadas populacionais, cuja miséria se torna mais obscena na comparação com o luxo que cresce e se ostenta a seu lado.
Não ignoro os ressentimentos que o colonialismo criou, as injustiças e os crimes cometidos nos países colonizados, o saque feito pelas nações poderosas do Norte aos países atrasados do hemisfério Sul.
Tudo isto é verdade e mal vai o mundo se a justiça distributiva se não ampliar, se o progresso não puder ser partilhado por maior número de pessoas, se a liberdade não se estender aos países onde os cleptocratas se apropriaram do aparelho do Estado e imensas populações vivem na mais cruel das misérias.
Mas nada disto justifica a barbárie que o fanatismo religioso espalha pelo mundo, nem serve de alibi a universitários, pilotos de avião e outros privilegiados que escolheram a profissão de suicidas. Não se pode conceder a liberdade a clérigos que açulam os crentes contra a civilização. Urge impedir o sangue e o ódio cultivados durante anos nos antros de mesquitas, contra a liberdade, o progresso e a cultura.
Há quem pense que todo o conhecimento que não cabe nos livros execráveis, que passam a vida a decorar, são inúteis; que qualquer manifestação de liberdade que colida com a vontade divina é um pecado grave; que a liberdade é uma provocação a um ditador cruel e sanguinário a cuja vontade interpretada pelo clero se submetem até à loucura e à morte.
O direito de culto não pode ser posto em causa mas o direito à vida e a civilização têm de merecer uma vigilância que não pare à porta das mesquitas ou na sacristia das igrejas. Os criminosos islâmicos que se imolaram no Metro de Londres eram ingleses imbecilizados por mullahs, veículos de bombas feitas provavelmente por um professor universitário que acredita na grandeza de Alá e na bondade de Maomé.
A esta corja de fanáticos, que medra no esterco da fé, é preciso dizer basta. Em nome da civilização. Por amor à liberdade. Pela igualdade dos sexos. Em defesa da vida. Pela diversidade de culturas. No estrito respeito pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Abaixo a fé. Viva a vida.
Por Carlos Encarnação
Sou particularmente sensível às desigualdades sociais e à potencial violência que geram; à injustiça de uma sociedade egoísta e insensível ao sofrimento alheio; à discriminação que a riqueza, o consumo e o ostentação geram entre os que têm acesso imoderado e os que não podem sonhar com a mais ténue partilha.
Conheço do liberalismo económico as consequência deletérias na ruptura do tecido social e na marginalizarão de largas camadas populacionais, cuja miséria se torna mais obscena na comparação com o luxo que cresce e se ostenta a seu lado.
Não ignoro os ressentimentos que o colonialismo criou, as injustiças e os crimes cometidos nos países colonizados, o saque feito pelas nações poderosas do Norte aos países atrasados do hemisfério Sul.
Tudo isto é verdade e mal vai o mundo se a justiça distributiva se não ampliar, se o progresso não puder ser partilhado por maior número de pessoas, se a liberdade não se estender aos países onde os cleptocratas se apropriaram do aparelho do Estado e imensas populações vivem na mais cruel das misérias.
Mas nada disto justifica a barbárie que o fanatismo religioso espalha pelo mundo, nem serve de alibi a universitários, pilotos de avião e outros privilegiados que escolheram a profissão de suicidas. Não se pode conceder a liberdade a clérigos que açulam os crentes contra a civilização. Urge impedir o sangue e o ódio cultivados durante anos nos antros de mesquitas, contra a liberdade, o progresso e a cultura.
Há quem pense que todo o conhecimento que não cabe nos livros execráveis, que passam a vida a decorar, são inúteis; que qualquer manifestação de liberdade que colida com a vontade divina é um pecado grave; que a liberdade é uma provocação a um ditador cruel e sanguinário a cuja vontade interpretada pelo clero se submetem até à loucura e à morte.
O direito de culto não pode ser posto em causa mas o direito à vida e a civilização têm de merecer uma vigilância que não pare à porta das mesquitas ou na sacristia das igrejas. Os criminosos islâmicos que se imolaram no Metro de Londres eram ingleses imbecilizados por mullahs, veículos de bombas feitas provavelmente por um professor universitário que acredita na grandeza de Alá e na bondade de Maomé.
A esta corja de fanáticos, que medra no esterco da fé, é preciso dizer basta. Em nome da civilização. Por amor à liberdade. Pela igualdade dos sexos. Em defesa da vida. Pela diversidade de culturas. No estrito respeito pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Abaixo a fé. Viva a vida.
Por Carlos Encarnação
sexta-feira, julho 15, 2005
Amiga Bárbara!
Num jantar organizado pelo PS de apoio ao seu candidato à Câmara Municipal de Lisboa, e onde estiveram presentes 1500 comensais socialistas, o momento alto da noite aconteceu quando Jorge Coelho subiu ao palanque para declarar públicamente, e sem pudor, uma tripla afeição: uma sua, outra do seu partido e outra em nome do povo. "O PS gosta de si e o povo gosta de si", exclamou Jorge Coelho. O burlesco da situação é que estas palavras não foram dirigidas ao seu candidato, mas à sua amiga Bárbara, a tal com a qual o seu candidato é casado.
Para que conste, e segundo rezam as crónicas, o candidato pareceu sentir-se ofuscado pela presença da bela Bárbara e limitou-se a lançar umas «ideias simples», pois a mais não é obrigado.
Assim se faz política em Portugal... e o povo gosta!
Por que será que nos outdoors do PS aparece um gajo com cara de parvo e não a boa da Bárbara.
Para que conste, e segundo rezam as crónicas, o candidato pareceu sentir-se ofuscado pela presença da bela Bárbara e limitou-se a lançar umas «ideias simples», pois a mais não é obrigado.
Assim se faz política em Portugal... e o povo gosta!
Por que será que nos outdoors do PS aparece um gajo com cara de parvo e não a boa da Bárbara.
quarta-feira, julho 13, 2005
Negativa só em matemática?
Não entendo o espanto que por aí vai com o facto de 70% dos alunos do 9.º ano da escolaridade obrigatória terem tido negativa a matemática, admirado ficaria eu se tivesse sucedido o contrário, seria sinal de que sem se ter feito qualquer esforço Portugal teria uma nova geração de portugueses resultantes de um conflito genético.
Não estamos num país que nem sequer é capaz de conhecer um défice orçamental e que há quase uma década que não acerta numa previsão económica? E de que servirá a matemática num país que premeia o expediente?
A verdade é que os 70% que tiveram negativa vão engrossar os licenciados em direito ou em arquitectura que ganharão menos do que uma empregada doméstica, ou engrossarão os quadros de técnicos superiores da Administração pública que serão condenados a viver o resto das suas vidas a serem acusados dos males da sociedade. Dos 30% sairão os engenheiros que construirão as grandes obras promovidas pelos patos bravos que os 70% darão ao país, e com alguma sorte ainda aí encontraremos algum primeiro-ministro ou mesmo um presidente do governo regional da Madeira para nos livrarmos de um Alberto João que teve média de 11 (a mesma de Santana Lopes) e que no primeiro ano mudou-se para a Universidade de Coimbra porque chumbou na de Lisboa.
Que admiração, então o país não tem também negativa rotundas na competência dos governos, na capacidade dos empresários, na eficácia da Administração Fiscal, na qualidade dos serviços médicos, na celeridade da justiça, na competitividade dos exportadores, na honestidade de muitos políticos? Alguém vai decidir dar aulas suplementares a toda esta gente como parece que vai ser feito com a matemática?
E que dizer de uma Manuela Moura Guedes armada em púdica a discutir o tema com um dos alunos dos 70%? Então o país da TVI não é exactamente um reality show permanente da estupidez nacional?
Quando fui professor e perguntei a um aluno porque não estudava ele respondeu-me no seu melhor alentejano:
“Então vô estuda paquê? Omê pai tem dinhêro!”
Pois é, vejam quais são os nossos modelos de sucesso e depois digam-me se estudar é a via do sucesso em Portugal…
Por Roncinante
Não estamos num país que nem sequer é capaz de conhecer um défice orçamental e que há quase uma década que não acerta numa previsão económica? E de que servirá a matemática num país que premeia o expediente?
A verdade é que os 70% que tiveram negativa vão engrossar os licenciados em direito ou em arquitectura que ganharão menos do que uma empregada doméstica, ou engrossarão os quadros de técnicos superiores da Administração pública que serão condenados a viver o resto das suas vidas a serem acusados dos males da sociedade. Dos 30% sairão os engenheiros que construirão as grandes obras promovidas pelos patos bravos que os 70% darão ao país, e com alguma sorte ainda aí encontraremos algum primeiro-ministro ou mesmo um presidente do governo regional da Madeira para nos livrarmos de um Alberto João que teve média de 11 (a mesma de Santana Lopes) e que no primeiro ano mudou-se para a Universidade de Coimbra porque chumbou na de Lisboa.
Que admiração, então o país não tem também negativa rotundas na competência dos governos, na capacidade dos empresários, na eficácia da Administração Fiscal, na qualidade dos serviços médicos, na celeridade da justiça, na competitividade dos exportadores, na honestidade de muitos políticos? Alguém vai decidir dar aulas suplementares a toda esta gente como parece que vai ser feito com a matemática?
E que dizer de uma Manuela Moura Guedes armada em púdica a discutir o tema com um dos alunos dos 70%? Então o país da TVI não é exactamente um reality show permanente da estupidez nacional?
Quando fui professor e perguntei a um aluno porque não estudava ele respondeu-me no seu melhor alentejano:
“Então vô estuda paquê? Omê pai tem dinhêro!”
Pois é, vejam quais são os nossos modelos de sucesso e depois digam-me se estudar é a via do sucesso em Portugal…
Por Roncinante
terça-feira, julho 12, 2005
segunda-feira, julho 11, 2005
Padres, ciência e sexo
A ciência formula hipóteses, a religião impõe certezas. A primeira observa e perscruta, a segunda esconde e deturpa.
Na ciência oficiam os que investigam, nas religiões os que recitam. Uns interrogam-se, outros conformam-se. Entre os que buscam a verdade e procuram a mudança e os que carregam a mentira e defendem a tradição, vai a distância entre um ateu e um crente.
De um lado está o progresso, do outro o hábito. Uns buscam a felicidade humana, os outros a glória de Deus.
«Quem sabe faz, quem não sabe ensina». É por isso que os clérigos reclamam o ensino da educação sexual, mas um bispo a falar de sexo é como uma prostituta a exaltar a castidade. Um fala daquilo que lhe é vedado e a outra daquilo que não pratica.
A divina hipocrisia tem destas coisas.
As vestes talares dos clérigos remetem para um desejo hermafrodita em que os castos por ofício sonham com a auto-suficiência para satisfação do cio.
Carlos Esperança
Na ciência oficiam os que investigam, nas religiões os que recitam. Uns interrogam-se, outros conformam-se. Entre os que buscam a verdade e procuram a mudança e os que carregam a mentira e defendem a tradição, vai a distância entre um ateu e um crente.
De um lado está o progresso, do outro o hábito. Uns buscam a felicidade humana, os outros a glória de Deus.
«Quem sabe faz, quem não sabe ensina». É por isso que os clérigos reclamam o ensino da educação sexual, mas um bispo a falar de sexo é como uma prostituta a exaltar a castidade. Um fala daquilo que lhe é vedado e a outra daquilo que não pratica.
A divina hipocrisia tem destas coisas.
As vestes talares dos clérigos remetem para um desejo hermafrodita em que os castos por ofício sonham com a auto-suficiência para satisfação do cio.
Carlos Esperança
sábado, julho 09, 2005
Sabedoria Popular
1) - Que posição sexual produz os filhos mais feios?
- Pergunta á tua mãe.
2) -Como embaraçar um arqueólogo?
- Dá-lhe um tampão e pergunta-lhe de que período é que é.
3) - Qual é a diferença entre amor, verdadeiro amor e exibicionismo?
- Cuspir, engolir ou gargarejar.
4) - O que leva os homens a perseguir mulheres com quem não tencionam casar?
- O mesmo impulso que leva os cães a perseguir carros que não tencionam conduzir.
5) - Qual o maior problema de um ateu?
- Ninguém a quem chamar durante o orgasmo.
6) - O que é que se chama a um Amish com a mão espetada no rabo de um cavalo?
- Um mecanico.
7) - Qual é o gajo mais popular numa colonia de nudistas?
- O que consegue carregar uma chavena de café em cada mão e uma duzia de donuts.
8) - Qual é a gaja mais popular numa colonia de nudistas?
- A que consegue comer o ultimo donut.
- Pergunta á tua mãe.
2) -Como embaraçar um arqueólogo?
- Dá-lhe um tampão e pergunta-lhe de que período é que é.
3) - Qual é a diferença entre amor, verdadeiro amor e exibicionismo?
- Cuspir, engolir ou gargarejar.
4) - O que leva os homens a perseguir mulheres com quem não tencionam casar?
- O mesmo impulso que leva os cães a perseguir carros que não tencionam conduzir.
5) - Qual o maior problema de um ateu?
- Ninguém a quem chamar durante o orgasmo.
6) - O que é que se chama a um Amish com a mão espetada no rabo de um cavalo?
- Um mecanico.
7) - Qual é o gajo mais popular numa colonia de nudistas?
- O que consegue carregar uma chavena de café em cada mão e uma duzia de donuts.
8) - Qual é a gaja mais popular numa colonia de nudistas?
- A que consegue comer o ultimo donut.
quinta-feira, julho 07, 2005
Continuam morrendo inocentes
Os atentados terroristas em Londres, que vitimaram um número ainda indeterminado de pessoas, merecem a mais viva condenação. Sejam quem forem os seus autores, trata-se de um crime repugnante e aviltante, devendo os seus responsáveis ser rapidamente descobertos e punidos.
Em contraste com a seriedade do jornalismo britânico, bastava sintonizar a RTP e ver o belicista Loureiro dos Santos a prenunciar que vem aí a guerra mundial, com os islâmicos a invadir e matar tudo. Tom igualmente catastrofista nos comentários do SIC Notícias (vem aí o fim do mundo). Espreitando os canais britânicos, era ver a Polícia, os comentadores, os transeuntes a exaltar o carácter multi-étnico da cidade, e a afirmar que este ataque era um ataque a todos eles, sem ver a cor ou a origem, ou religião.
Expresso a minha solidariedade ao povo inglês.
Mas expresso também a maior repulsa pelo "clown" Blair, esse canalha arrogante sorridente que meteu o seu povo numa guerra injusta, num país (Iraque) onde também já morreram milhares de pessoas.
E isto não vai ter fim. Porque com a arrogância imperial de sempre não vão perceber que a saída não é pelas armas. Enquanto isso morreram alguns inocentes hoje em Londres, morrem centenas deles todos os dias no Iraque. Para eles o meu pensamento.
Agora não posso é com os hipócritas que só manifestam incómodo e repulsa quando os mortos são ocidentais, brancos e de boas "familias" (leia-se países). Espero a reacção do povo inglês ao palhaço do Blair.
Em contraste com a seriedade do jornalismo britânico, bastava sintonizar a RTP e ver o belicista Loureiro dos Santos a prenunciar que vem aí a guerra mundial, com os islâmicos a invadir e matar tudo. Tom igualmente catastrofista nos comentários do SIC Notícias (vem aí o fim do mundo). Espreitando os canais britânicos, era ver a Polícia, os comentadores, os transeuntes a exaltar o carácter multi-étnico da cidade, e a afirmar que este ataque era um ataque a todos eles, sem ver a cor ou a origem, ou religião.
Expresso a minha solidariedade ao povo inglês.
Mas expresso também a maior repulsa pelo "clown" Blair, esse canalha arrogante sorridente que meteu o seu povo numa guerra injusta, num país (Iraque) onde também já morreram milhares de pessoas.
E isto não vai ter fim. Porque com a arrogância imperial de sempre não vão perceber que a saída não é pelas armas. Enquanto isso morreram alguns inocentes hoje em Londres, morrem centenas deles todos os dias no Iraque. Para eles o meu pensamento.
Agora não posso é com os hipócritas que só manifestam incómodo e repulsa quando os mortos são ocidentais, brancos e de boas "familias" (leia-se países). Espero a reacção do povo inglês ao palhaço do Blair.
quarta-feira, julho 06, 2005
Cada um tem o que merece
Responde o atendedor de chamadas da Casa de Saúde:
"Obrigado por ter ligado para o Júlio de Matos (Instituto de Saúde Mental), a companhia mais adequada aos seus momentos de maior loucura."
* Se você é obsessivo-compulsivo, marque repetidamente o 1;
* Se você é co-dependente, peça a alguém que marque o 2 por si;
* Se você tem múltipla personalidade, marque o 3, 4, 5 e 6;
* Se você é paranóico, nós sabemos quem é você, o que você faz e o que quer. Aguarde em linha enquanto localizamos a sua chamada;
* Se você sofre de alucinações, marque o 7 nesse telefone colorido gigante que você, e só você, vê à sua direita;
* Se você é esquizofrênico, oiça com atenção, e uma voz interior lhe indicará o número a marcar;
* Se você é depressivo, não interessa que número marque. Nada o vai tirar dessa sua lamentável situação;
* Porém, se VOCÊ votou Sócrates, não há solução, desligue e espere até 2009.
Aqui atendemos LOUCOS, não atendemos PARVOS ou INGÉNUOS! Obrigado!
terça-feira, julho 05, 2005
A montanha, mais uma vez, pariu um rato
O Programa de Investimento Prioritário (PIIP), hoje apresentado pelo Governo, reunido em peso e com grande pompa, baseia-se numa expectativa excessivamente optimista sobre a disponibilidade do investimento privado, fica aquém das previsões de criação de emprego anunciadas pelo governo e mantém a aposta num modelo económico de desenvolvimento esgotado.
Baseado maioritariamente em capitais privados, o Governo não pode garantir com rigor quando, como e quanto esses mesmos agentes privados vão investir num prazo de quatro anos.
O Programa falha também as metas anunciadas para a criação de emprego. Depois de, na campanha eleitoral, o Partido Socialista ter anunciado 150 000 novos empregos, e de o ministro das Finanças ter prometido no Parlamento 260 mil novos postos de trabalho, o executivo fala agora em 120 mil durante 4 anos. Uma meta que não cobre sequer os postos de trabalho perdidos durante os 3 anos da maioria PSD/PP, e muito menos responde ao aumento do desemprego que o governo prevê no Pacto de Estabilidade ou às novas entradas no mercado de trabalho.
Por último, e mais importante, pensar que o modelo de desenvolvimento económico português é alterado ou positivamente arrastado pelo massivo investimento no TGV ou no novo aeroporto da OTA é reincidir no erro das últimas duas décadas: continuar sem apostar nos portugueses, na sua qualificação e no apoio aos projectos económicos que criem emprego qualificado e qualificante.
Baseado maioritariamente em capitais privados, o Governo não pode garantir com rigor quando, como e quanto esses mesmos agentes privados vão investir num prazo de quatro anos.
O Programa falha também as metas anunciadas para a criação de emprego. Depois de, na campanha eleitoral, o Partido Socialista ter anunciado 150 000 novos empregos, e de o ministro das Finanças ter prometido no Parlamento 260 mil novos postos de trabalho, o executivo fala agora em 120 mil durante 4 anos. Uma meta que não cobre sequer os postos de trabalho perdidos durante os 3 anos da maioria PSD/PP, e muito menos responde ao aumento do desemprego que o governo prevê no Pacto de Estabilidade ou às novas entradas no mercado de trabalho.
Por último, e mais importante, pensar que o modelo de desenvolvimento económico português é alterado ou positivamente arrastado pelo massivo investimento no TGV ou no novo aeroporto da OTA é reincidir no erro das últimas duas décadas: continuar sem apostar nos portugueses, na sua qualificação e no apoio aos projectos económicos que criem emprego qualificado e qualificante.
segunda-feira, julho 04, 2005
Na África do Sul, tratavam-lhe da saúde!
As declarações do presidente do Governo Regional da Madeira não se limitam a ser politicamente desprezíveis. Incorrem, à face da lei portuguesa, num ilícito criminal [apelo à violência racial]. É um crime público e as autoridades competentes devem tomar conta da situação.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, declarou, no domingo, que não quer chineses a fazer negócios na região autónoma, ao falar da concorrência de países de fora da Europa e do leste europeu.
"Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por aí dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal...", afirmou Jardim, no discurso de encerramento da iniciativa "48 Horas a Bailar", no domingo à noite em Santana. Confrontado com um sinal de uma pessoa entre a assistência, o líder madeirense respondeu: "Está-me a fazer um sinal porquê? Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui".
Aquelas declarações são um apelo não só implícito como quase explícito à violência racial, ao conflito inter-étnico e à discriminação.
Essas declarações deviam ter sanção. Só num país onde as afirmações destemperadas do presidente do governo regional da Madeira merecem uma espécie de impunidade habitual é que se permite que um responsável político deste nível possa fazer declarações deste quilate.
Não se lembrou certamente das centenas de milhar de madeirenses emigrados no Brasil, EUA, Bermuda, Venezuela, Argentina e na África do Sul, onde tem sido vítimas de violência, xenofobia e racismo.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, declarou, no domingo, que não quer chineses a fazer negócios na região autónoma, ao falar da concorrência de países de fora da Europa e do leste europeu.
"Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por aí dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal...", afirmou Jardim, no discurso de encerramento da iniciativa "48 Horas a Bailar", no domingo à noite em Santana. Confrontado com um sinal de uma pessoa entre a assistência, o líder madeirense respondeu: "Está-me a fazer um sinal porquê? Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui".
Aquelas declarações são um apelo não só implícito como quase explícito à violência racial, ao conflito inter-étnico e à discriminação.
Essas declarações deviam ter sanção. Só num país onde as afirmações destemperadas do presidente do governo regional da Madeira merecem uma espécie de impunidade habitual é que se permite que um responsável político deste nível possa fazer declarações deste quilate.
Não se lembrou certamente das centenas de milhar de madeirenses emigrados no Brasil, EUA, Bermuda, Venezuela, Argentina e na África do Sul, onde tem sido vítimas de violência, xenofobia e racismo.
domingo, julho 03, 2005
G8/Live 8: uma perigosa ilusão
A organização de um concerto rock global descentralizado em dez palcos de dez países diferentes é apresentado como factor de pressão sobre os dirigentes do G8 para realizarem um efectivo perdão da dívida de países pobres e de uma duplicação das ajudas a África.
Na realidade, o que se está encenando não é mais do que a "salvação" da vítima pelo verdugo. Inocenta-se assim os países ricos e as corporações transnacionais que, de facto, controlam as políticas dos principais dirigentes mundiais, criando a ilusão de que eles -os do G8- fazem o melhor que podem, contribuem no máximo das suas possibilidades, etc.
As "ajudas" que tão generosamente os países ocidentais vêm dispensando desde há tantos anos aos países pobres não têm tido como consequência qualquer alívio no seu estado de depauperamento, mas antes têm agravado as condições gerais, no plano da saúde pública e da autonomia alimentar. Mas também se têm agravado as situações das migrações tanto internas como para países terceiros e têm-se sucedido guerras "étnicas" ou de clãs rivais.
As referidas "ajudas" são condicionadas ao cumprimento de draconianos planos ditos de "ajustamento estrutural", sob o mando da dupla FMI / Banco Mundial, que têm como principal característica proceder à privatização de domínios inteiros, como - por exemplo - a distribuição de água, oferecidos a gulosas multinacionais, como a "Vivendi" .
É escusado insistir no depauperamento extremo em que se encontram vários países africanos devido à epidemia de SIDA. Neste caso, anos e anos a fio, os EUA e outros países onde estão sediadas as firmas farmacêuticas detentoras de patentes de medicamentos retrovirais, indispensáveis para o combate à infecção pelo HIV, têm feito toda a pressão possível para impedir que sejam produzidos e comercializados esses medicamentos a um preço compatível com as capacidades desses países paupérrimos.
Na agricultura, vemos que toda a produção está virada para espécies de exportação, como o café, o cacau, o amendoim, etc. havendo um superávit de produção alimentar muito grande em certos países, em paralelo com situações de fome crónica ou aguda. Isto não é surpreendente, quando se sabe que estas produções para exportação são as principais fontes de divisas de muitos desses países e que essas divisas são indispensáveis para o pesadíssimo serviço da dívida.
O que os países ricos iriam "perdoar", seria apenas as dívidas dos 30 países mais pobres e este "perdão" não envolve todos os capitais em dívida, pois não inclui empréstimos contraídos por esses 30 países directamente a bancos privados ou consórcios desses bancos. Esses países continuariam portanto devedores e pagadores de juros da sua dívida, embora numa percentagem menor.
O capitalismo internacional tem sangrado a generalidade dos países do terceiro mundo, extraindo as suas riquezas a preço muito favorável, com uma interferência constante nos seus assuntos internos, com um constante fornecimento de armas e de equipamento militar, hipotecando inclusive a suas hipóteses de desenvolvimento futuro pelas destruições ambientais maciças.
Os principais defensores políticos da ordem capitalista mundial apenas desejam fazer uma operação de propaganda e contam para isso com a generosa colaboração dos "ídolos" da música pop-rock, que fazem efectivamente parte da sociedade do espectáculo e são efectivamente beneficiários da ordem mundial injusta. Eles nem sequer questionam essa ordem injusta, apenas estão pedindo para os dirigentes do G8 fazerem um "gesto que alivie" os sofrimentos dos países mais pobres. Nem lhes passa pela cabeça que estão apenas a juntar à humilhação de uns - os expoliados e oprimidos - a alienação de outros; os bem-nutridos filhos e filhas desta civilização do desperdício, que assim "aliviam" a sua consciência, "participando" no tal Live 8.
Aqui
Na realidade, o que se está encenando não é mais do que a "salvação" da vítima pelo verdugo. Inocenta-se assim os países ricos e as corporações transnacionais que, de facto, controlam as políticas dos principais dirigentes mundiais, criando a ilusão de que eles -os do G8- fazem o melhor que podem, contribuem no máximo das suas possibilidades, etc.
As "ajudas" que tão generosamente os países ocidentais vêm dispensando desde há tantos anos aos países pobres não têm tido como consequência qualquer alívio no seu estado de depauperamento, mas antes têm agravado as condições gerais, no plano da saúde pública e da autonomia alimentar. Mas também se têm agravado as situações das migrações tanto internas como para países terceiros e têm-se sucedido guerras "étnicas" ou de clãs rivais.
As referidas "ajudas" são condicionadas ao cumprimento de draconianos planos ditos de "ajustamento estrutural", sob o mando da dupla FMI / Banco Mundial, que têm como principal característica proceder à privatização de domínios inteiros, como - por exemplo - a distribuição de água, oferecidos a gulosas multinacionais, como a "Vivendi" .
É escusado insistir no depauperamento extremo em que se encontram vários países africanos devido à epidemia de SIDA. Neste caso, anos e anos a fio, os EUA e outros países onde estão sediadas as firmas farmacêuticas detentoras de patentes de medicamentos retrovirais, indispensáveis para o combate à infecção pelo HIV, têm feito toda a pressão possível para impedir que sejam produzidos e comercializados esses medicamentos a um preço compatível com as capacidades desses países paupérrimos.
Na agricultura, vemos que toda a produção está virada para espécies de exportação, como o café, o cacau, o amendoim, etc. havendo um superávit de produção alimentar muito grande em certos países, em paralelo com situações de fome crónica ou aguda. Isto não é surpreendente, quando se sabe que estas produções para exportação são as principais fontes de divisas de muitos desses países e que essas divisas são indispensáveis para o pesadíssimo serviço da dívida.
O que os países ricos iriam "perdoar", seria apenas as dívidas dos 30 países mais pobres e este "perdão" não envolve todos os capitais em dívida, pois não inclui empréstimos contraídos por esses 30 países directamente a bancos privados ou consórcios desses bancos. Esses países continuariam portanto devedores e pagadores de juros da sua dívida, embora numa percentagem menor.
O capitalismo internacional tem sangrado a generalidade dos países do terceiro mundo, extraindo as suas riquezas a preço muito favorável, com uma interferência constante nos seus assuntos internos, com um constante fornecimento de armas e de equipamento militar, hipotecando inclusive a suas hipóteses de desenvolvimento futuro pelas destruições ambientais maciças.
Os principais defensores políticos da ordem capitalista mundial apenas desejam fazer uma operação de propaganda e contam para isso com a generosa colaboração dos "ídolos" da música pop-rock, que fazem efectivamente parte da sociedade do espectáculo e são efectivamente beneficiários da ordem mundial injusta. Eles nem sequer questionam essa ordem injusta, apenas estão pedindo para os dirigentes do G8 fazerem um "gesto que alivie" os sofrimentos dos países mais pobres. Nem lhes passa pela cabeça que estão apenas a juntar à humilhação de uns - os expoliados e oprimidos - a alienação de outros; os bem-nutridos filhos e filhas desta civilização do desperdício, que assim "aliviam" a sua consciência, "participando" no tal Live 8.
Aqui
sexta-feira, julho 01, 2005
Governantes incompetentes
As contas públicas portuguesas estão a tornar-se uma confusão interminável. Faltam 4 mil milhões de euros no Orçamento actual, feito por Bagão Félix, o Orçamento Rectificativo tem verbas duplicadas, um dos quadros do Relatório da Comissão Constâncio contém um erro – ou uma gralha, de acordo com técnicos do Banco de Portugal – que tomado literalmente faria diminuir o défice esperado para o Orçamento de 2005 de 6,83 para 6,72 %.
Com governantes, ministros e economistas destes não é de estranhar que Portugal esteja nas ruas da amargura. Não fazem outra coisa senão enganarem-nos e enganarem-se, além de aldrabões são incompetentes. Reivindicam salários que dignifiquem a classe política, acumulam chorudas reformas e vencimentos, mas conduziram o País a este buraco sem saída. Eles é que tem de dar provas das suas capacidades – Liderança e Rigor.
Com governantes, ministros e economistas destes não é de estranhar que Portugal esteja nas ruas da amargura. Não fazem outra coisa senão enganarem-nos e enganarem-se, além de aldrabões são incompetentes. Reivindicam salários que dignifiquem a classe política, acumulam chorudas reformas e vencimentos, mas conduziram o País a este buraco sem saída. Eles é que tem de dar provas das suas capacidades – Liderança e Rigor.
Subscrever:
Mensagens (Atom)