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domingo, maio 28, 2006

O negócio da (China) doença

As Farmácias (monopólio da venda de medicamentos) ganham uma taxa de comercialização (23%) em cada medicamento que vendem. Ou seja, na dispensa de um medicamento que custe 10 contos as farmácias ganham 2,3 contos. Aonde as farmácias vendiam há 10 anos o Antibiótico X por 1 conto hoje, para o mesmo efeito, vendem o Antibiótico Y por 10. Aonde ganhavam 0.23 hoje, exactamente com o mesmo esforço (mesmo número de empregados, mesma renda, etc.), ganham 2,3. DEZ VEZES mais. Se pensarmos que desde há muito o crescimento da factura com os medicamentos vendidos nas farmácias (sempre nas mesmas farmácias) sobe acima dos 10% ao ano, percebemos que a Farmácia é um dos melhores negócios em Portugal e como o seu trespasse vale algumas centenas de milhares de contos.
Com efeito uma farmácia ganha, no simples acto de aviar os medicamentos de uma receita de um médico do SNS, mais do que ganha o médico que consultou o doente, o ouviu, observou, diagnosticou, se responsabilizou e passou aquela receita.

Algo vai muito mal no reino da Saúde!

Com a introdução dos genéricos aconteceu algo de novo que explica o aparente contra-senso do entusiástico apoio das farmácias aos genéricos. De facto, ao ganharem à percentagem percebe-se mal como as farmácias defendem a venda de medicamentos mais baratos que lhes iriam baixar os rendimentos. É que, com a introdução dos genéricos as farmácias ganharam um novo negócio, ainda mais rentável. Ganharam o poder de escolher entre o Antibiótico Y Genérico, de 30 ou mais Laboratórios de Genéricos. Dantes o Médico receitava o Antibiótico Y e a Farmácia tinha que fornecer o medicamento da marca que o médico que prescrevia. Não tinha qualquer interferência do processo. Agora, sempre que o médico não põe a cruzinha a expressamente o proibir, dispõe do poder de escolher. E qual é o critério de escolha perante trinta ou mais fornecedores ansiosos? Aquele que lhe der mais descontos, mais bónus. A imprensa citou casos aonde os Laboratórios por cada dez que as farmácias comprassem ofereciam várias embalagens de graça às farmácias. Embalagens cujo preço de venda revertiam inteiramente para a farmácia. Aonde as farmácias em vez de ficarem com 23% passaram a ficar com 100%!

Este reflexão é despoletada pela venda livre dos medicamentos nos Hipermercados. Um assunto irrelevante em relação aos graves problemas do Sector da Saúde e que por enquanto se pode resumir a uma aparente luta entre o Lobie das Farmácias e o Lobie dos Hipermercados. Desta vez terá ganho o Lobie dos Hipermercados.
Ou, como no fim se verá, será muito mais do que isso?

António Alvim

quinta-feira, maio 18, 2006

Paga, mas bufa!

No "dia da libertação dos impostos", os números da AIP "dão que pensar" na carga fiscal.

É preciso trabalhar "meses a fio" para saldar as dívidas ao Estado.

* Só os descontos para a Segurança Social exigem 45 dias de trabalho.
* Para se conseguir pagar o IVA são necessários 34 dias.
* IRS 21 dias.
* E, para liquidar o imposto sobre os combustíveis, é necessário trabalhar oito dias.

Estes são apenas alguns exemplos do esforço que é pedido ao país para equilibrar as contas públicas.

De acordo com o estudo da AIP, até ao próximo dia 22 de Junho os portugueses vão estar a contribuir para o sector público, que é como quem diz, vão estar a ajudar a pagar o défice.

É claro que se queremos reformas, infraestruturas, educação, saúde, etc. temos que descontar. O problema é quem e quanto é que desconta. São sempre os mesmos, aqueles que não podem fugir.
Os indigentes estão isentos, por natureza, os liberais declaram rendimentos minimos, as empresas não são colectadas em função dos lucros, o capital financeiro não é taxado e movimenta-se em paraísos fiscais. Restam os trabalhadores por conta de outrem, que pagam por todos.
Se a média dá 137 dias de trabalho, então o "zé pagante" trabalha pelo menos o dobro para pagar os impostos da "cambada toda".


quarta-feira, maio 10, 2006

De mal a pior!

Governo PS aumenta restrições a reformados e contribuintes
Na última semana, o governo PS anunciou um conjunto de reformas na segurança social, com vista a adaptá-la à nova realidade portuguesa, sem, contudo, desvirtuar os seus princípios de universalidade e solidariedade.

Contudo, constatamos que o mesmo governo, desde que tomou posse, tem sido responsável por uma série de medidas nesta área que mais não são do que pequenos passos no sentido de acabar com o sistema público de segurança social.

Para além do aumento da idade de reforma dos funcionários públicos para os 65 anos, a diminuição do período de prestação do subsídio de desemprego para os trabalhadores com menos descontos, e o recente aumento da carga tributária dos pensionistas o governo avança com novos critérios no regime de contribuições e reformas.

Em primeiro lugar, pretende associar a idade da reforma à esperança média de vida, ou seja, tendo em conta o constante crescimento do último factor, ao pensionista é proposto as seguintes opções: ou trabalha mais tempo (por cada aumento de um ano na esperança média de vida, mais cinco meses para além do limite anterior), ou paga mais contribuições, ou, finalmente, recebe uma menor reforma. Em segundo lugar, a fórmula de cálculo das pensões deixa de ser determinado pelo valor contributivo dos 10 melhores anos dos últimos 15, para se basear em toda a carreira contributiva. Tal poderá implicar uma diminuição das reformas entre os 8% e os 17%. Em terceiro lugar, os aumentos anuais das reformas serão directamente influenciados pelo crescimento económico, o que certamente deverá conduzir à diminuição desses aumentos.

Finalmente, as contribuições dos trabalhadores serão determinadas pelo número de filhos, prevendo-se reduções para os casais com mais de dois filhos e agravamentos para quem tiver apenas um ou nenhum (não deixa de ser curioso constatar que, paralelamente, o governo decreta o encerramento de maternidades por todo o país). Como tal, a constituição de família, cada vez mais dificultada pelo aumento do desemprego estrutural e pela expansão do trabalho precário, passará a ser orientada por critérios económicos. A decisão de ter filhos não será assim fruto da liberdade de escolha do casal, mas sim da necessidade de poupança.

De referir que, entre as reformas anunciadas, não se encontram quaisquer medidas que incidam sobre os rendimentos das empresas.

segunda-feira, maio 08, 2006

Como é possível?





    Alguém sabe a resposta?


"Como é possível ser o mais desigual da Europa um país que teve o 25 de Abril e [desde então] só foi governado por sociais-democratas e socialistas?"

José Carlos Vasconcelos, "Visão", 04-05-2006



segunda-feira, maio 01, 2006

Já cá canta mais um, o pior é o caruncho!

Bem unidos façamos: A Internacional


De pé, condenados da terra!
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verrá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


Pois somos do povo os activos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional