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sexta-feira, abril 28, 2006

Morrer de miséria: a trabalhar ou na reforma!

Sob o lema "Uma reforma que não pode esperar mais", José Sócrates anunciou ontem no Parlamento as propostas para uma "reforma estrutural" da Segurança Social, que agravará as condições de aposentação e as contribuições dos trabalhadores sem filhos, incentivando, em contrapartida, a natalidade.

A principal mudança, com efeitos mais imediatos na sustentabilidade financeira do sistema, será a de ligar a idade de reforma e o valor da pensão à esperança média de vida. Embora a idade legal de reforma se mantenha nos 65 anos, os trabalhadores de hoje que se quiserem aposentar com aquela idade serão confrontados com uma escolha, já a partir de 2007:

"Se na próxima década a esperança média de vida aumentar um ano, então quem se reformar daqui a dez anos terá três alternativas: ou a sua pensão é ajustada pelo 'factor de sustentabilidade', que se estima neste caso em cerca de 5%; ou para atenuar, parcial ou totalmente o efeito desse factor, o beneficiário opta por aumentar nos próximos dez anos o seu nível de descontos; ou ainda, finalmente, opta por prolongar, se assim quiser, a sua vida activa por mais cerca de cinco meses, por forma a compensar o efeito daquele factor de sustentabilidade", explicou o primeiro-ministro."

Morre-se a trabalhar, morre-se do trabalho, morre-se cada vez mais pela escravidão imposta. A violência deste regime é apenas mensurável se tivermos em conta alguns factores como sejam: sermos o país da UE com o custo de vida mais elevado, sobretudo no que toca aos bens de primeira necessidade; termos salários cerca de QUATRO vezes mais baixos (para igual posto de trabalho) que os nossos colegas da UE; termos um salário mínimo de cerca de 370 euros, INFERIOR ao RENDIMENTO MÍNIMO DE SUBSISTÊNCIA de Espanha, França, Alemanha, etc.; termos uma qualidade média dos serviços de saúde, educação e assistência social, muitíssimo longe dos padrões dos outros países europeus, especialmente em vários aspectos vitais de apoio às populações mais carenciadas; termos cerca de metade dos pensionistas ACTUAIS a receberem MENOS DE 300 EUROS POR MÊS.
São sempre os mesmos, os trabalhadores e a classe média, que que carregam este país às costas, todos são penalizados e cada vez mais se alarga o leque entre os mais pobres e os mais ricos. Dentro em breve seremos o mais pobre da UE a 25.

A inanidade destas medidas agora anunciadas é causada pela ânsia do governo em mostrar que a maximização dos lucros das empresas é a sua exclusiva preocupação. Mantém um nível irrisório de taxação do sector bancário, ainda por cima mantendo o paraíso fiscal da Madeira.
Um cardume de tubarões...
Um bando de abutres...
Um pântano cheio de sanguessugas...

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