Acima das suas possibilidades vive quem ganha o ordenado mínimo, por isso retira-se-lhe o aumento de 10€; acima das suas possibilidades vive quem ganha mais de 600€, por isso retira-se-lhe o abono de família; acima das suas possibilidades vivem os desempregados, por isso retira-se-lhes ou reduz-se o subsídio para o qual descontaram; acima das suas possibilidades vivem os desafortunados que vivem no limiar da pobreza, por isso retira-se-lhes o rendimento social de inserção; acima das suas possibilidades vivem os reformados com pensões de miséria, por isso congela-se-lhes a atualização das pensões; acima das suas possibilidades vivem o comum dos trabalhadores e funcionários, por isso reduzem-se-lhes o vencimento; acima das suas possibilidades vivem as pequenas empresas, por isso aplica-se o Código Contributivo, para elas verem com quantos pauzinhos se faz uma canoa e acima das suas possibilidades vivemos todos (classe média e baixa), por isso aumentam-se os impostos: IVA, IRS, IMI, IA e mais uns quantos Issssss.
Segundo os comentadores, fazedores de opinião, economistas, políticos e todos os iluminados, por terem vivido acima das suas possibilidades, estão encontrados os CULPADOS pelo estado a que chegamos e donde nenhum português nos sabe tirar.
Os políticos instalados no poder, banqueiros, administradores de Empresas Públicas como TAP, RTP CGD, EDA, Águas de Portugal, Estradas de Portugal, Empresas de transportes, Banco de Portugal, etc., que criam as próprias regras de retribuição e de passagem à reforma com meia dúzia (ou menos) de anos de serviço, com indemnizações e reformas milionárias que vão acumulando, enquanto pulam de conselho de administração em conselho de administração e destes para o Governo ou fazendo o percurso inverso, apesar das empresas darem prejuízos de milhões todos os anos. Não são muitos (quase sempre os mesmos), mas são bons, tem de ser bem pagos senão vão para o estrangeiro e aí ficamos sem massa critica, sem os melhores quadros (que rica massa crítica). O Governador do Banco de Portugal (já foi tarde), apesar de ganhar o dobro do seu homólogo americano e tanto como o alemão deixou o BPN e o BPP enganarem toda a gente e transformarem-se em sorvedoures dos dinheiros públicos.
Estes não tem culpa de nada, são intocáveis, é vê-los no dia de Portugal a se condecorarem uns aos outros, a passarem nos ecrãs das TVs a receitar parcimónia e aperto de cinto. Estes não viveram acima das suas possibilidades, viveram foi acima das NOSSAS.
Mas vivemos em Democracia (representativa), em última análise a CULPA é sempre do Povo, é que os põe lá, eleições após eleições, e pelos vistos vai repetir a dose.
É preciso ser muito Masoquista.
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