Pesquisar neste blogue

sexta-feira, agosto 21, 2009

Simplicidade Voluntária

Viver simples é ter clareza de propósito. Definir esse propósito é algo individual, e irá determinar o que é relevante para cada pessoa. Dessa forma, a expressão exterior que uma vida simples irá assumir também é algo muito pessoal. Pode-se dizer que a simplicidade integra aspectos interiores e exteriores da vida, transformando-a num todo integrado e pleno de sentido.
A adopção de uma vida simples é um acto voluntário porque diz respeito a usar de mais autonomia, determinação e liberdade. Trata-se de assumir a responsabilidade pela sua própria vida. A pobreza é involuntária e debilitante; a simplicidade é uma opção consciente e fortalecedora.
A simplicidade consciente, portanto, não é a negação de nós mesmos, mas uma afirmação da vida. Uma vida frugal, adoptada voluntariamente, não se constitui em uma experiência "ascética" (no sentido de estrita austeridade); ela é, antes, uma "simplicidade estética", onde o padrão de consumo se adapta com harmonia à arte prática da vida quotidiana neste planeta.
Os sistemas de sustentação da Vida na Terra dão sinais alarmantes de esgotamento na sua capacidade de restauração. É absolutamente insustentável que todas as pessoas consumam nos níveis e formas que têm caracterizado a sociedade industrial. É essencial a adopção de estilos de vida mais inteligentes, baseados na frugalidade e na sustentabilidade ecológica.
A simplicidade no viver tem uma enorme importância no que diz respeito a esses desafios. Como indivíduos, passamos a dispor de inúmeras possibilidades de acção significativa, pois a matéria-prima da transformação social é idêntica àquela com a qual a nossa vida diária é construída. Cada um de nós contribui de forma singular para a Teia da Vida.
Como espécie humana, já dispomos de todas as condições necessárias para viver na prática uma Cultura de Paz. Dispomos de tecnologias brandas e acessíveis; podemos nos conectar mundialmente com pessoas de interesses afins; não necessitamos de lideranças heróicas, maiores do que nossa própria humanidade. A nossa única necessidade é optar, como indivíduos, por um futuro revitalizante, e agir em comunhão com os outros, para fazer esse futuro frutificar.

Texto baseado em Duane Elgin

5 comentários:

Mário Moniz disse...

Estrelinha. Ultimamente andas a mudar o teu estilo. Passaste agora às grandes tiradas teórico-filosóficas?
Não se trata duma crítica. É apenas o pedido para que confirmes o que julgo ser a minha constatação.

vermelhofaial disse...

É assim, o tempo ensina-nos muita coisa e uma delas é que a vida é um espaço temporal, que passa de pais para filhos, que nos cumpre preservar e do qual não saímos vivos. Também aprendemos que o supérfluo é um fruto capitalista que nos condiciona e escraviza. Optar livre e conscientemente pela simplicidade é subir mais um degrau no patamar da luta contra a exploração e pela dignidade e liberdade do Homem.

Mário Moniz disse...

Só espero que não ponhas completamente de lado a crítica mordaz e a denúncia militante.
Um abraço.

vermelhofaial disse...

Serei apenas militante da Utopia, dando a minha modesta contribuição para que a sociedade possa inventar-se e produzir-se a si mesma, convertendo utopias em ideias e forças activas na persecução duma sociedade mais justa, igualitária e Livre.
As ideias são como os pregos, quanto mais se lhes bate mais se "enterram". E o Sol quando nasce é para todos!
É a função deste sítio.
Abraço

largo do Infante disse...

Como os pregos? Olha que os pregos afundam, tu por acaso, ETRELINHA, até sabes nadar!