Vivemos hoje uma realidade completamente distinta e
desligada dos conceitos e dos paradigmas em que se baseava a Revolução
Industrial. Apesar disso, continuam sendo dadas as mesmas respostas para os
novos problemas com que a sociedade se defronta, insistindo nos mesmos sistemas
políticos e modelos económicos, que nunca vão resolver problemas como o
desemprego, a justiça social e as desigualdades. Já entrámos noutro modelo de
sociedade mas as pessoas continuam a guiar-se por valores e padrões do modelo
de sociedade anterior. Eu dou vários exemplos, os Bancos ainda há 30 anos
tinham 30 ou 40 funcionários em cada agência. Para efectuarem o mesmo trabalho
hoje necessitam de 3 ou 4 pessoas. Outro exemplo, qualquer grande obra, uma
doca ou uma estrada, empregavam centenas de pessoas. Hoje para fazerem o mesmo
trabalho, basta meia dúzia de máquinas, cada qual com um único operador. Mas as
pessoas continuam a reclamar por trabalho, ou melhor por emprego, não sabendo
que essa sociedade não vai mais existir (a não ser que voltássemos para trás,
destruído toda a tecnologia). O emprego vai ser cada vez mais escasso e
portanto, tem de se olhar para as problemáticas que colocam a nova sociedade e
o grande problema não vai ser, o que produzir e como produzir, mas sim como organizar
o trabalho, como garantir produções sustentáveis e como dividir a riqueza
criada. Ora tudo isto obriga a uma revolução de mentalidades que as pessoas não
estão preparadas, nem os políticos do mundo inteiro estão interessados em falar
destes assuntos às pessoas (é mais fácil inventar crises, abrir falências,
manter elevados níveis de desemprego e enterrar a cabeça na areia). Eu estou
preparado para aceitar essa nova sociedade que nem sei como se irá chamar, mas
será uma sociedade de certeza mais fraterna, solidária e respeitadora da
natureza humana.
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