Li, por acaso, esta nota num
"moral" do facebook, que não consigo “comer e calar” como se propõe.
Um jovem católico e
social-democrata assumido, em início de vida profissional, acha que os seus
“grandes” descontos não deviam servir para dar de mamar a quem viveu uma vida
de trabalho, mas não teve carreira contributiva; a um desempregado no fim de
vida activa; a quem , por qualquer razão, não tem uma família à “moda antiga”;
à gravidez precoce (certamente condena o aborto); à “escumalha” que vive abaixo
do limiar da pobreza; aos toxicodependentes; ciganos e ladrões (de galinhas).
Atira as culpas de minoração
de todas essas necessidades e fragilidades sociais, para a má governação PS em
especial Sócrates e conclui que o efeito gera a causa. Põe a culpa no
eleitorado que ditosos governos elegeram.
É verdade que Sócrates
duplicou a dívida externa, mas também é verdade que foi o PSD de Cavaco que
desbaratou os fundos europeus e destruiu a agricultura, as pescas e a industria
colocando-nos na total dependência externa, enquanto correligionários e
banqueiros se abotoavam com os milhões que iam chegando. Se o desemprego hoje
está a subir para valores descontroláveis é porque o nosso tecido produtivo foi
destruído e, como lá fora, se privilegiou a especulação financeira.
Acha que merecemos toda a má
sorte de impostos e cortes sociais, porque vivemos acima das nossas
possibilidades e só temos de pagar e calar. Que o Passos de Coelho é o Salvador
feito homem e tem a receita milagrosa: Mais e mais impostos, nenhum governo
aumentou tantos (contra as promessas eleitorais) e cortes sociais sobre
trabalhadores e reformados e nada sobre mais-valias e dividendos bolsistas nem
o património milionário.
Há todas as razões e mais uma
para protestar e para exigir uma governação que não acabe com o estado social
nem a saúde e educação tendencialmente gratuitas e vá buscar o dinheiro onde
ele está e não às migalhas dos desfavorecidos sociais, que já começam a passar
fome.
Recuso-me a aceitar o
retrocesso à caridade no adro da igreja. Quero beneficiar dos meus descontos,
mas quero ser solidário e que haja direitos e deveres, na solidariedade social.
Também a mim há coisas que
irritam!
2 comentários:
Há anos que prego no deserto:
- É preciso uma nova Revolução!
Mas não com cravinhos!
Bala Real na cebeça destes gatunos!
(e mesmo já tendo ultrapassado o meio-século de vida, estou pronto para pegar num arma e ir para a frente!)
Subscrevo integralmente o "post". Até porque já, por diversas vezes, escrevi sobre o assunto.
É claro que, à laia de desabafo, vem-nos à memória a frase latina, não como diz o Sérgio Godinho (este é o primeiro dia do resto da tua vida), mas outra: "Este é o teu último dia da "merda" que tens andado a fazer".
Mas já não estamos na Idade Média. Eu acredito na revolução pela mudança de mentalidades, porém, não rejeito que uma data de "meninos" batam com os costados na cadeia pelos crimes económicos, sociais e civilizacionais que têm andado CONSCIENTEMENTE a fazer.
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