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quinta-feira, setembro 15, 2011

Comer e calar é que não!


Li, por acaso, esta nota num "moral" do facebook, que não consigo “comer e calar” como se propõe.
Um jovem católico e social-democrata assumido, em início de vida profissional, acha que os seus “grandes” descontos não deviam servir para dar de mamar a quem viveu uma vida de trabalho, mas não teve carreira contributiva; a um desempregado no fim de vida activa; a quem , por qualquer razão, não tem uma família à “moda antiga”; à gravidez precoce (certamente condena o aborto); à “escumalha” que vive abaixo do limiar da pobreza; aos toxicodependentes; ciganos e ladrões (de galinhas).
Atira as culpas de minoração de todas essas necessidades e fragilidades sociais, para a má governação PS em especial Sócrates e conclui que o efeito gera a causa. Põe a culpa no eleitorado que ditosos governos elegeram.
É verdade que Sócrates duplicou a dívida externa, mas também é verdade que foi o PSD de Cavaco que desbaratou os fundos europeus e destruiu a agricultura, as pescas e a industria colocando-nos na total dependência externa, enquanto correligionários e banqueiros se abotoavam com os milhões que iam chegando. Se o desemprego hoje está a subir para valores descontroláveis é porque o nosso tecido produtivo foi destruído e, como lá fora, se privilegiou a especulação financeira.
Acha que merecemos toda a má sorte de impostos e cortes sociais, porque vivemos acima das nossas possibilidades e só temos de pagar e calar. Que o Passos de Coelho é o Salvador feito homem e tem a receita milagrosa: Mais e mais impostos, nenhum governo aumentou tantos (contra as promessas eleitorais) e cortes sociais sobre trabalhadores e reformados e nada sobre mais-valias e dividendos bolsistas nem o património milionário.
Há todas as razões e mais uma para protestar e para exigir uma governação que não acabe com o estado social nem a saúde e educação tendencialmente gratuitas e vá buscar o dinheiro onde ele está e não às migalhas dos desfavorecidos sociais, que já começam a passar fome.
Recuso-me a aceitar o retrocesso à caridade no adro da igreja. Quero beneficiar dos meus descontos, mas quero ser solidário e que haja direitos e deveres, na solidariedade social.
Também a mim há coisas que irritam!

2 comentários:

Periquito disse...

Há anos que prego no deserto:
- É preciso uma nova Revolução!

Mas não com cravinhos!

Bala Real na cebeça destes gatunos!

(e mesmo já tendo ultrapassado o meio-século de vida, estou pronto para pegar num arma e ir para a frente!)

Mário Moniz disse...

Subscrevo integralmente o "post". Até porque já, por diversas vezes, escrevi sobre o assunto.
É claro que, à laia de desabafo, vem-nos à memória a frase latina, não como diz o Sérgio Godinho (este é o primeiro dia do resto da tua vida), mas outra: "Este é o teu último dia da "merda" que tens andado a fazer".
Mas já não estamos na Idade Média. Eu acredito na revolução pela mudança de mentalidades, porém, não rejeito que uma data de "meninos" batam com os costados na cadeia pelos crimes económicos, sociais e civilizacionais que têm andado CONSCIENTEMENTE a fazer.