Apelo à estabilidade governativa
O resultado das eleições legislativas permite afirmar com clareza que os portugueses recusaram a hegemonia neo-liberal, dando o seu voto maioritariamente à esquerda. É por isso legítimo esperar que o futuro governo do país acolha novas políticas solidárias, relançando a prosperidade e a esperança no futuro.
A 27 de Setembro os eleitores revelaram uma inquestionável vontade de entendimento entre os partidos de esquerda. As votações alcançadas pelo Partido Socialista, pelo Bloco de Esquerda e pela Coligação Democrática Unitária são o resultado das fortes movimentações sociais ocorridas na legislatura passada, tendo contribuído decisivamente para gerar uma nova solução pluripartidária susceptível de encontrar respostas aos factores de crise e desigualdade social.
Os entendimentos entre as diversas forças de esquerda para uma solução de governo (coligação ou acordo de incidência parlamentar) são muito comuns na Europa Ocidental (por exemplo, no Chipre, em Espanha, em França, na Itália, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega, na Finlândia, etc...).
Em Portugal, pelo contrário, há mais de 30 anos que as esquerdas continuam incapazes de se entender para gerarem soluções de governo. Contudo, vários estudos têm revelado que este elemento resulta de um crescente desfasamento entre os eleitores destes partidos (que desejam um entendimento) e os seus eleitos (que persistem na incomunicabilidade).
Os resultados de 27 de Setembro exigem que as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo. Pelo menos essa tentativa de entendimento é devida ao povo português pela forma como demonstrou a sua vontade eleitoral.
Os subscritores do presente Apelo agem no sentido de que seja traduzido num programa de governo as lutas e anseios de amplas camadas da população que justificam celeridade na construção de respostas urgentes e adequadas para os problemas do seu quotidiano. Para servir este objectivo, deverão ser estudadas as bases para um Compromisso à Esquerda que as conquistas democráticas, vinculando a acção governativa a um elenco programático.
Contamos consigo para assinar e divulgar este Apelo!
3 comentários:
Vou ter que repetir parte do que já disse no post anterior, mas paciência.
"Esta é a última oportunidade para o PS se definir.
Ou é de esquerda, cumpre as promessas eleitorais e vai governar como tal, com o apoio parlamentar do BE e da CDU.
Ou é de direita e vai governar com o apoio do PSD e CDS.
Se tentar uma de, ora no cravo ora na ferradura, certamente vai entrar em contradição e o governo vai ter vida curta.
Não é o BE ou a CDU que têm que se definir. Essa responsabilidade cabe ao PS."
Aproveito para acrescentar que não são necessárias coligações governamentais, mas sim, políticas de convergência à Esquerda.
O PS não pode pedir um cheque em branco à sua esquerda, para depois lavar as mãos como Pilatos.
Basta o PS cumprir o seu programa SOCIALISTA e romper de vez com as suas práticas neoliberais de direita.
Situar o PS à direita, e o próprio PSD, é desconhecer os programas desses partidos, pode até discordar, mas talvez não fosse má ideia ler um bocadinho sobre esse tema. Recomendo-lhe Jorge Miranda ou Gomes Canotilho.
Não se trata do programa. Trata-se da prática. Essa é dói. Palavras, mesmo escritas leva-as o vento.....
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