Barack Obama venceu. Ainda bem. Não somos indiferentes ao resultado destas eleições americanas. Nem entendemos que não existe diferença entre uma administração democrata ou republicana. Ainda claramente influenciada pelo credo dos neocons, a linha política dos últimos apresenta-se mais ofensiva que a dos primeiros. Obama fica assim mais leftish, mas não necessariamente de esquerda.
Quer isto dizer que o próximo Presidente se prepara para continuar a fazer aquilo que os seus antecessores têm feito: cumprir o trilho de um projecto neoliberal global. Mais: num momento em que os EUA vêem a sua hegemonia declinante, Obama representa um novo fôlego nesse ímpeto de não abandonar ainda a liderança do Império. Na verdade, é também por isso que ao neoliberalismo interessa a Presidência de Obama: o seu discurso proactivo, rejuvenescido e galvanizador vende os grandes interesses da burguesia americana com bastante mais eficácia do que a prédica demodé e amorfa dos republicanos.
Entendemos que, no que concerne a questões estratégias como a política externa e a economia, nem uns nem outros propuseram qualquer verdadeira inovação. Obama procurará sair o menos indignamente possível do Iraque, recentrará esforços no Afeganistão e assegura que será mais diplomata do que os seus opositores. Talvez recue um pouco na estratégia da guerra infinita, porém, não tem nenhuma solução concreta, nenhuma estratégia efectiva para as encruzilhadas em que o Médio Oriente, e a geopolítica mundial, estão mergulhados. Afirma que, no plano interno, reabilitará a classe média e fará por universalizar o sistema nacional de saúde, dará prioridade à criação de emprego e à sustentabilidade energética. Mas, quando nos EUA o índice de Gini se posiciona acima dos 0,4, que solução tem Obama para a questão da redução das desigualdades sociais? Que propostas em torno de uma estruturante redistribuição da riqueza? Que ideias para uma sociedade em que o conceito de justiça social seja uma realidade palpável e não um vislumbre?
Boaventura de Sousa Santos defende a tese de que uma sociedade contemporânea que incumpre os preceitos da liberdade e da solidariedade, até pode ser politicamente democrática, mas não deixa de ser socialmente fascista. Sabemos que, enquanto existem flagelos, como o da crise social que assola nestes tempos tantos americanos, não advém a liberdade. E que, sem medidas assertivas no âmbito do combate à exploração dos mais ricos sobre os mais pobres, um tempo solidário também não advirá.
O desafio de Obama não será tanto aquele de protagonizar uma ordem revolucionária. Na verdade, as primárias dos democratas, disputadas entre uma mulher e um negro, explicitam elas mesmas uma notável revolução simbólica e um passo importante na democratização da esfera pública dos EUA, e de todo o do mundo. A pergunta é: até que ponto é que Obama prosseguirá um programa de democratização económica e social? Seria profícuo se fosse disso que ele estivesse a falar quando fala de mudança.
Quer isto dizer que o próximo Presidente se prepara para continuar a fazer aquilo que os seus antecessores têm feito: cumprir o trilho de um projecto neoliberal global. Mais: num momento em que os EUA vêem a sua hegemonia declinante, Obama representa um novo fôlego nesse ímpeto de não abandonar ainda a liderança do Império. Na verdade, é também por isso que ao neoliberalismo interessa a Presidência de Obama: o seu discurso proactivo, rejuvenescido e galvanizador vende os grandes interesses da burguesia americana com bastante mais eficácia do que a prédica demodé e amorfa dos republicanos.
Entendemos que, no que concerne a questões estratégias como a política externa e a economia, nem uns nem outros propuseram qualquer verdadeira inovação. Obama procurará sair o menos indignamente possível do Iraque, recentrará esforços no Afeganistão e assegura que será mais diplomata do que os seus opositores. Talvez recue um pouco na estratégia da guerra infinita, porém, não tem nenhuma solução concreta, nenhuma estratégia efectiva para as encruzilhadas em que o Médio Oriente, e a geopolítica mundial, estão mergulhados. Afirma que, no plano interno, reabilitará a classe média e fará por universalizar o sistema nacional de saúde, dará prioridade à criação de emprego e à sustentabilidade energética. Mas, quando nos EUA o índice de Gini se posiciona acima dos 0,4, que solução tem Obama para a questão da redução das desigualdades sociais? Que propostas em torno de uma estruturante redistribuição da riqueza? Que ideias para uma sociedade em que o conceito de justiça social seja uma realidade palpável e não um vislumbre?
Boaventura de Sousa Santos defende a tese de que uma sociedade contemporânea que incumpre os preceitos da liberdade e da solidariedade, até pode ser politicamente democrática, mas não deixa de ser socialmente fascista. Sabemos que, enquanto existem flagelos, como o da crise social que assola nestes tempos tantos americanos, não advém a liberdade. E que, sem medidas assertivas no âmbito do combate à exploração dos mais ricos sobre os mais pobres, um tempo solidário também não advirá.
O desafio de Obama não será tanto aquele de protagonizar uma ordem revolucionária. Na verdade, as primárias dos democratas, disputadas entre uma mulher e um negro, explicitam elas mesmas uma notável revolução simbólica e um passo importante na democratização da esfera pública dos EUA, e de todo o do mundo. A pergunta é: até que ponto é que Obama prosseguirá um programa de democratização económica e social? Seria profícuo se fosse disso que ele estivesse a falar quando fala de mudança.
Por Natasha Nunes.
E eu assino por baixo
E eu assino por baixo
3 comentários:
Vamos ter de esperar para ver. Nada como o tempo para clarificar todas as dúvidas e afastar as suspeitas...
OLHA QUE EU ACHO QUE ELE ESTÁ (NA FOTOGRAFIA) A DIZER QUE VAI PASSAR FÉRIAS A TUA CASA...
FICAVAS TODO CONTENTE, CONFESSA LÁ...
O slogan é sempre o mesmo, mudar... depois nada, na maioria das vezes nem o cheiro.
Mas enquanto isso, muitos andam contentes e esquecem... o que é verdadeiramente fundamental, a fome e a miséria, continuam... enquanto outros amealham cada vez mais com a ajudas destes que prometem as mudanças.
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