SE ABRIL FICAR DISTANTE,
DESTA TERRA E DESTE POVO,
A NOSSA FORÇA É BASTANTE
PRA FAZER UM ABRIL NOVO!
Ary dos Santos in " As portas que Abril abriu"
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quinta-feira, abril 25, 2013
terça-feira, abril 02, 2013
Milagres?... só se for mesmo...
Acabo de ouver, neologismo
televisivo-cinematográfico que consiste na aglutinação de ouvir e ver,dizia
eu que acabo de ouver, na televisão, que o Governo de Portugal está empenhado,
como se nós não soubéssemos, em promover o turismo, e esta parte é que eu não
sabia. Alavancar, como se diz hodiernamente. Para isso, vai tomar medidas para
desenvolver o turismo de saúde e, pasme-se! o turismo religioso.
Ora, eu acho que o turismo
religioso é, na verdade, uma fonte praticamente inesgotável de receitas, e a iCAR
que o diga, mas a ICAR deve ficar com a parte de leão. O que está correcto, se
considerarmos que é a ICAR a única produtora, isto é, detém o monopólio das
duas vertentes religiosas que mais atraem os turistas daquele ramo: os milagres
e as aparições. Mas parece-me que será chegada a altura de os governantes
começarem a pensar seriamente na hipótese de promover uma alteração nos acordos
bi-laterais, de modo a que a ICAR passe a contribuir num pouco mais para o
esforço anti-crise. Um pouco mais, é como quem diz: contribuir, tout-court. O
que não se me afigura difícil, mas se o for certamente que o ministro Álvaro
não deixará de deprecar os bons ofícios do católico presidente da República.
Sim, que isto de país laico é muito lindo, mas é como a saúde tendencialmente
gratuita: fica muito bem na Constituição, e dá um ar de democracia. Só.
Vamos ao que interessa. Em
primeiro lugar, para que o turismo religioso, porque é este que interessa
abordar neste local, seja, efectivamente, alavancado, há que modernizar toda a
estrutura, de modo a que os turistas religiosos sejam efectivamente atraídos
por algo mais que as patéticas passeatas do mamarracho pelo terreiro de
Fátima. Alvitro, assim, que sejam
criadas novas aparições, de preferência no Algarve, de modo a que os turistas
possam juntar o útil ao agradável. Nada mais prático do que assistir a uma
procissão enquanto se passa o bronzeador pelo toutiço, ou debitar uma ave-maria
entre dois mergulhos nas águas cálidas. As velinhas acesas podiam ser,
facilmente, substituídas por telemóveis com retro-iluminação nos “displays”, ou
por modernas lanternas de raios-laser. Pelo menos, não se corria o risco de
apanhar com pingos de cera na roupa, que aquela porcaria dá uma trabalheira do
caraças a tirar.
Depois, os milagres. Os milagres
atraem sempre gente. Mas nada de milagres fatelas, tipo olho-esquerdo-de-D.
Guilhermina, nada disso! Milagres a sério, do género serrar uma mulher, pode
ser um homem, ao meio e o tipo, ou a tipa, aparecer vivo da costa e com as
partes coladas, aquela multidão toda a berrar “milagre! milagre!”. Até podiam
convidar o Luís de Matos ou, até, um outro ilusionista no desemprego… Sim,
porque aquele truque da ressurreição já está mais que visto, anda a humanidade
católica a gramar isso há quase dois mil anos, já cansa, é sempre a mesma
trata, aleluia, ele morreu para nos salvar, etc.
Por falar nisso: qual a razão
para ainda se manter o anacrónico hábito de andar o “compasso” de porta em
porta? Em pleno século XXI, com a tecnologia a tornar a palavra “impossível”
cada vez mais sem sentido, não se poderia resolver o problema por e-mail? Ou
com o acesso a um “site” apropriado?
À atenção de quem de direito.
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