Pesquisar neste blogue

domingo, outubro 14, 2012

O voto é uma arma, um direito ou um dever?

No nosso sistema é um direito, que é um dever cívico e uma arma sem direito a licença de uso. Direito porque foi conquistado, tornando-se um dever cívico de direito e uma arma que tens o direito de usar, até para virar contra ti.
Votar em branco é não querer se comprometer, abster-se ou votar nulo é não querer nenhuma das opções, já escolher uma delas é compartilhar as propostas, ideias e ideais que te fazem e tornar-se seu cúmplice, votar na simples alternância, sem que isso tenha uma alternativa associada, é usar a arma para dar tiros de pólvora seca.
Ninguém deve votar por pressão, medo ou cobardia (atenção que cobardia é a mãe do medo), pode-se tentar escolher o menos pior, mas lembrem-se sempre que o voto é a legitimação do eleito, que, na democracia representativa, se apropria dos teus direitos e te aponta a arma do cumprimento dos deveres que, do alto do seu pedestal, te resolve impor.
Votar bem, consciente e com coragem de romper com o “status quo”, vale a pena se isso implicar, não uma alternância, mas uma alternativa credível de ganhos de garantias e direitos. Eu vou votar, mas como diz o outro “se eleições resolvessem alguma coisa, eram proibidas”. Alternância para mim é muito pouco, tenho de fazer também um vigoroso protesto. Assim, sei que não me sai o tiro pela culatra.

1 comentário:

Luis Neves disse...

Amigo A,
Dissertar sobre o tema do voto é um exercício que não me seduz muito, até porque não acredito que o voto resolva alguma coisa neste regime dito 'democrático'.
Infelizmente até os partidos da chamada esquerda (alguma meramente geográfica) parece que esqueceram os mecanismos das transformações sociais e preferem sentar-se nos nossos parlamentos (os vencimentos e benesses não são maus de todo) e ao que parece agora já é possível alterar a sociedade com votos.
Bom, mas não entremos nisso!
Vem, este comentário, apenas a propósito da tua afirmação:
"...Votar em branco é não querer se comprometer, abster-se ou votar nulo é não querer nenhuma das opções..."
Penso que se trata de uma análise incorrecta da questão.
Já assisti a várias contagens de votos e em relação aos votos nulos a análise do seu significado não é fácil. Existem votos nulos por erro do eleitor (cruzes fora do quadrado, cruzes em vários quadrados e ocorrências do género) que ocorrem normalmente em idosos e que não tem nada a ver com 'não querer nenhuma das opções' e existem os votos nulos em que o eleitor tece alguns 'elogios' aos partidos que constam do boletim de voto (poucos).
Em relação aos votos em branco (embora não partilhe totalmente a teoria do Saramago) acho que não significam 'não querer se comprometer'! Quem não se quer comprometer nem lá vai. Agora, 337 (4,79%) eleitores se darem ao trabalho na Ilha do Faial de irem votar em branco (a quarta força política no Faial e nos Açores) acho que não quer dizer que não se querem comprometer. Talvez queira mais dizer que não acreditam que nenhum dos partidos que constam do boletim de voto resolva alguma coisa!
Não concluo a dizer que os partidos deviam pensar nisso, porque os partidos não pensam!
Mas seria interessante que um dia pudesse acontecer que os votos em branco fossem a 'força política' mais votada e aí gostava de ver os nossos 'edemocratas' a descalçar a bota!
Quanto ao 'vigoroso protesto' e ao 'tiro pela culatra', bom...como dizia o meu colega Einstein 'tudo isto é relativo'!