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sexta-feira, outubro 23, 2009

A "estória" que deu certo


Saramago é genial! Sabe como poucos mexer com os brios do cristianismo, expondo as suas incongruências com uma ironia rara. Saramago, mesmo quando os seus romances não tratam directamente sobre deus, sabe como mexer com o conto de fadas mais absurdo de todos os tempos, e força as pessoas a reflectirem sobre a história que todo mundo aceita como verdade sem a menor reflexão, tudo pelo medo do pecado, do céu e do inferno. Deus é uma estória que deu certo.
"Há apenas um lugar onde existe deus, ou o diabo, ou o bem e o mal, que é na minha cabeça. Fora da minha cabeça, fora da cabeça do homem não há nada". O homem e apenas o homem é, definitivamente, o deus de Saramago — o homem vítima dos poderes tirânicos , o homem humilhado pela religião, o homem escravo dos seus mitos.
“Deus é o silêncio do universo, e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio”

quinta-feira, outubro 01, 2009

Compromisso à Esquerda

Apelo à estabilidade governativa

O resultado das eleições legislativas permite afirmar com clareza que os portugueses recusaram a hegemonia neo-liberal, dando o seu voto maioritariamente à esquerda. É por isso legítimo esperar que o futuro governo do país acolha novas políticas solidárias, relançando a prosperidade e a esperança no futuro.

A 27 de Setembro os eleitores revelaram uma inquestionável vontade de entendimento entre os partidos de esquerda. As votações alcançadas pelo Partido Socialista, pelo Bloco de Esquerda e pela Coligação Democrática Unitária são o resultado das fortes movimentações sociais ocorridas na legislatura passada, tendo contribuído decisivamente para gerar uma nova solução pluripartidária susceptível de encontrar respostas aos factores de crise e desigualdade social.

Os entendimentos entre as diversas forças de esquerda para uma solução de governo (coligação ou acordo de incidência parlamentar) são muito comuns na Europa Ocidental (por exemplo, no Chipre, em Espanha, em França, na Itália, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega, na Finlândia, etc...).

Em Portugal, pelo contrário, há mais de 30 anos que as esquerdas continuam incapazes de se entender para gerarem soluções de governo. Contudo, vários estudos têm revelado que este elemento resulta de um crescente desfasamento entre os eleitores destes partidos (que desejam um entendimento) e os seus eleitos (que persistem na incomunicabilidade).

Os resultados de 27 de Setembro exigem que as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo. Pelo menos essa tentativa de entendimento é devida ao povo português pela forma como demonstrou a sua vontade eleitoral.

Os subscritores do presente Apelo agem no sentido de que seja traduzido num programa de governo as lutas e anseios de amplas camadas da população que justificam celeridade na construção de respostas urgentes e adequadas para os problemas do seu quotidiano. Para servir este objectivo, deverão ser estudadas as bases para um Compromisso à Esquerda que as conquistas democráticas, vinculando a acção governativa a um elenco programático.

Contamos consigo para assinar e divulgar este Apelo!