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quarta-feira, março 02, 2005

"Deus e o estado"


De gabardina
É claro que a morte é contagiosa. Pega-se como as constipações, ou suja a boca toda como o chocolate derretido. É claro que se transmite. Por isso é que é escondida nos armários mais junto do tecto, onde só se chega subindo as escadas da religião, o escadote da ciência e mocho da superstição...
Ao homem vulgar está vedado o convívio com a morte. Apenas as religiões e as instituições podem chegar à fala com ela. O Homem não pode. Está-lhe vedado decidir sobre a morte, é errado, é pecado. Imagine-se alguém que entendia que era da sua conta dispor da sua morte. Logo os moralistas se levantam dos seus genufletórios de penitência e dizem que só Deus e o Estado é que podem decidir sobre a vida dos Homens. Imagine-se a ousadia de alguém que por momentos retira esse poder a Deus e às instituições: o poder de decidir sobre a própria morte.
Aprender a viver com a morte é retirar a Deus e às instituições o pão da boca, a energia de que se alimentam. Jantar com a própria morte é açoitar Deus com uma chibatinha e minar as torres da burocracia.
É ser absolutamente revolucionário.